BEM VINDOS

Somos um grupo de RPG que está jogando uma campanha há 11 anos, o sistema de regras que uso é de criação minha e devido ao gênero de jogo a batizei de HORROR. Em todo esse tempo dentro do jogo aconteceram muitas coisas que gostaríamos de imortalizar e a melhor maneira que encontramos para fazer isso foi tranformar o jogo em uma história dinâmica. A história que começa nesse espaço é o inicio do quarto ano que começamos em 2007, a cada sessão de jogo transcrevemos todo o acontecido em forma de história para gravarmos em nossas memórias a angustia vivida pelas almas de cada um e compartilharmos com aqueles que apreciam o gênero. Ao lado direito da página na seção "cada dia uma angústia" a história começa no dia 23/09/2005.

domingo, 3 de junho de 2007

25/09/2005 - DOMINGO

A CIDADE 09:44 AM
Pela manhã o grupo acorda, após tomar um reforçado café da manhã arruma as malas e prepara-se para viajar para Boxford. Samuel busca pela Internet os horários de ônibus para Boxford e para sua surpresa só há um horário de saída: o das dezesseis horas. Logo todos optam por ficar no hotel até o horário de partida no ônibus.São três horas da tarde, Samuel, Joseph e Liana juntam suas coisas e partem para o terminal de ônibus. A Viagem é tranqüila, poucas pessoas em um ônibus em péssimas condições e em uma hora o ônibus pára. O velho motorista encurva seu corpo para trás, seus olhos parecem procurar curiosamente por quem desembarcará aqui, e diz:-Sétima parada! Boxford!Samuel desce as bagagens enquanto Joseph desce Liana em seu colo. O ônibus parte, o grupo ao olhar em frente vê uma longa rua que parece ser a rua principal de Boxford, os prédios são aparentemente do século XVIII, a maioria das construções não tem mais do que três ou quatro andares, os postes de iluminação pública também remetem a mesma época e essa parece ser a única rua com asfalto. Tudo isso sob um manto cinza de nuvens que parece soprar as folhas secas do chão sobre o grupo. Samuel carrega as bagagens e Joseph empurra a cadeira de rodas de Liana vagarosamente. Há pouquíssimas pessoas pelas ruas, as que são vistas parecem mau humoradas e descontentes.Ao andar pela rua principal passam por uma pequena praça com dois bancos de metal enferrujados, no centro do gramado ralo ergue-se uma estátua de um homem cuja cabeça fora depredada por vândalos ou algo similar. Um velho senhor está sentado sobre um dos bancos, Joseph pergunta:-Senhor, conhece algum hotel ou pensão onde nós possamos nos hospedar?O velho senhor não move um músculo de sua cansada face e aponta com seu braço direito para uma velha mansão ao longe. Joseph o agradece e todos se dirigem à velha casa. Ao chegar a frente da velha mansão Samuel nota uma pequena igreja com as portas fechadas a alguns metros dali. As portas da mansão estão abertas, ao entrar no hotel visualizam uma pequena estante com livros, um grande relógio antigo e uma poltrona com um cinzeiro do lado. As paredes estão com muito mofo e ao longo do corredor o tapete mostra-se corroído pelo tempo, o corredor vira à direita e depois à esquerda até um hall onde ao fundo há uma escadaria e a direita há um balcão de atendimento com uma porta fechada atrás. O grupo se aproxima do balcão, o homem que atende parece ser jovem, é alto e forte.Veste uma camisa suja e suspensórios, ele esta debruçado sobre o balcão lendo alguma coisa quando Samuel o aborda:-Senhor, precisamos de um quarto.O homem ergue a cabeça lentamente, sua face parece ser a de um homem que sofrera muito. Ele vira-se de costas e pega uma chave de um painel pendurado na parede, ao voltar-se para o balcão novamente ele coloca a chave de número 23 sobre o balcão, com a outra mão junta o livro de registros esperando que o assinem. Joseph, ao olhar para o livro coberto de poeira, pensa que deve fazer muito tempo que ninguém se hospeda naquele lugar, todos assinam o livro. Em seguida o homem fecha bruscamente o livro e diz:-Temos uma regra aqui: Ninguém entra ou sai do hotel depois das dez horas da noite!Liana: -Mas porquê?-Temos nossos motivos, aqui é o único hotel da cidade, caso não queiram dormir aqui fiquem a vontade! Fala o homem.Agora são pouco mais de seis horas da tarde, todos estão famintos e decidem voltar ao hotel mais tarde. Joseph pede para que as bagagens mais pesadas fiquem atrás do balcão enquanto vão comer alguma coisa.Ao saírem do hotel o grupo desnorteado não faz idéia de onde possa encontrar alguma coisa para comer, até agora ninguém avistou nenhum tipo de comércio. Liana sugere que andem pela cidade até encontrarem alguma coisa. Já está escuro, não há quase ninguém na rua e as poucas pessoas que por ela circulam parecem preocupadas demais para notar a presença de estranhos. Joseph aborda uma velha senhora:-Senhora estamos famintos, sabe onde podemos encontrar alguma coisa para comer a essa hora?-Se você pegar a quarta rua à direita verá um beco à esquerda, siga por ele e vai chegar a um bar que fica aberto durante a noite inteira. Responde a senhora.O grupo segue as instruções da velha senhora e encontra o tal beco, nele há rentes às paredes garrafas de bebidas, sujeira e urina, ao seguirem Joseph nota um velho cartaz pendurado na parede que balança ao vento, parece que há algo atrás dele. Ele o levanta e vê a mesma pichação que se assemelha a um olho, aquela que vira na mansão em Malden. Samuel e Liana olham, mas para não chamarem a atenção seguem o caminho até chegarem em um bar logo a frente. Não se vê nada do lado de fora a não ser um velho bêbado que mal se mantém em pé, ao entrar no estabelecimento alguns homens se calam perante a presença de forasteiros. O grupo vai em direção ao balcão de atendimento e enquanto isso é seguido por olhos curiosos. No balcão uma mulher branca, gorda e pouco simpática atende:-O que vocês vão querer?Joseph: -Estamos com fome. O que sugere?-Sopa, acabei de fazer. Responde a mulher.Todos concordam em comer o mesmo. Após o pagamento a mulher serve o grupo, que degusta sem falar uma palavra. A sopa tem um gosto ótimo, pensa Liana, contrariando todas as expectativas. Logo após o grupo satisfazer-seos olhares diminuem e ao sair do bar recebem um cumprimento do lado de fora:-Ooi? Hic.É um velho bêbado que estava na entrada. Samuel, Liana e Joseph trocam olhares e percebem que essa é uma ótima oportunidade para saber um pouco mais deste lugar. Joseph se aproxima do homem e pergunta:-Você mora aqui?-Simmm eu, mas depende, quando chove vou pra rua onde existe um teto! Responde o homem bêbado.Joseph: -Porque todos aqui estão de mau humor e tristes?Bêbado: -É interrogatório? Hic. Eu até respondo... Hic, mas vai ter que comprar um Wiskhi pra mim!Sem pensar duas vezes Samuel entra no bar e compra uma garrafa de Wiskhi. Ao voltar entrega a garrafa para o bêbado, enquanto o velho homem se esforça para abrir a garrafa Samuel tenta acender um cigarro, neste momento é interrompido pelo homem embriagado:-Hic. Dá um também?Samuel lhe entrega o cigarro e cruza os braços esperando que o homem comece a falar.Bêbado: -Tá todo mundo brabo por que as pessoas andam sumindo!Joseph: -Como assim?Bêbado: -Tá todo mundo sumindo, ué?! Tem uns que até morreram. São no mínimo dois por semana. Sabe o padre? Ele sumiu! E o Arnold? Sumiu também! Agora a gente tá sem mercado!Samuel: -Ele era dono de um mercado?Bêbado: -Sim, Hic. Do único mercado decente!Joseph: -E por acaso você não sabe o que aconteceu?Bêbado: -Eles foram fazer um pacto com o diabo, deu nisso! Hic.Liana: -Pacto?Bêbado: -É pacto! Eles me convidaram, mas eu disse que não!Samuel: -Quem te convidou?Bêbado:-O pessoal da cidade ué?!Convencidos do que ouviram, mas não satisfeitos o grupo começa a sair do beco , enquanto isso Samuel pergunta:-Vamos dar uma olhada na casa do cara que morreu em Boston?-Vamos, só não podemos chamar atenção. Diz Liana.O grupo vai procurando pela rua que Samuel conseguira no departamento de trânsito. Algum tempo depois chegam na rua, procuram pelo número da casa de Bob, as casas desta rua são uma construção única, separadas apenas por cores e estilo de fachada. Ao detectar a casa de Bob todos observam que sua fachada fora recém pintada, pelos vidros se consegue enxergar o interior, mas nele não há móvel nenhum. O grupo então decide ir até o mercado investigar o desaparecimento de Arnold.
O MERCADO 07:51 PM
Em frente ao mercado vêem uma fachada antiga toda revestida de madeira, ao lado direito da construção há um beco, Joseph decide dar uma olhada. Anda em passos leves até virar na entrada do beco e dar de cara com um policial! Atrás do policial há uma porta que com certeza é uma entrada alternativa para o mercado, coladas na porta existem faixas amarelas com a mensagem “não ultrapasse”, logo atrás do policial há um cavalete simbolizando o bloqueio da passagem. Vendo isso Joseph fica confuso e para disfarçar pergunta para o policial que horas o mercado fecha, o policial responde que o mercado está fechado por tempo indeterminado e diz: - Circule! Não fique aí parado fazendo perguntas idiotas! Joseph dá meia volta e ao ver Liana e Samuel tentando espiar o interior do mercado pela vitrine faz sinal para que andem. Assim que Joseph os alcança ele conta que há um policial de guarda no mercado, Liana olha para trás e vê o guarda saindo do beco, ela comenta o fato para Samuel e Joseph. Joseph pede o celular de Samuel e diz que vai seguir o policial, Samuel entrega seu telefone a Joseph.Enquanto Liana e Samuel aguardam o contato de Joseph ele segue o policial se misturando às sombras. Em poucos minutos Joseph vê o policial entrando em uma delegacia, de onde está enxerga que há pelo menos mais um policial, este sentado em uma cadeira assistindo televisão. Joseph liga para o telefone de Liana:-Liana, o policial entrou na delegacia. Vou ficar aqui vigiando, eu aviso se ele voltar.Liana repete o mesmo a Samuel e ambos vão para o beco, assim que chegam Samuel retira o cavalete para Liana passar com a cadeira de rodas. Assim que eles estão em frente à porta Samuel toca a fria maçaneta de metal e a vira, porém a porta está trancada, ele abre sua mochila no chão e procura pelas ferramentas que normalmente usa para desmontar computadores. Samuel seleciona algumas chaves de fenda para tentar abrir a fechadura enquanto Liana vira sua cadeira para a saída do beco procurando vigiar o lugar. Samuel incansavelmente tenta girar o miolo da fechadura com as chaves, mas não consegue. Cada vez que Liana o pergunta se conseguiu mais nervoso e impaciente Samuel fica. Ele desiste do método adotado para abrir a porta e começa a desmontar a fechadura. Alguns minutos depois Samuel consegue abrir a porta, ele avisa Liana e se abaixa para passar por debaixa das faixas postas pela polícia. Logo a frente uma curta escadaria sobe, Samuel puxa a cadeira de Liana enquanto a sobe de costas pela escada. Assim que Samuel termina, ele corre para a porta para montar a fechadura e tentar deixá-la o mais parecido possível com o que estava antes.Liana olha em frente, é um lugar de médio tamanho, vê em meio a pouca luz que entra pelas frestas da vitrine bloqueada com madeira três grandes prateleiras. Encontram-se posicionadas no centro do lugar com alguns itens, há também no teto objetos pendurados, olhando para direita vê o balcão de atendimento e uma porta. O chão de madeira sussurra gemidos enquanto a cadeira de rodas de Liana vai em direção às prateleiras. Nelas nada demais, só comida, produtos de limpeza e de higiene pessoal. Quando ela chega ao segundo corredor um ranger de metal logo acima de sua cabeça faz seu coração disparar! Ela tem medo, mas olha para cima: é uma gaiola presa por um arame ao teto, ela balança lentamente sem motivo aparente. Liana continua a se mover e após a última prateleira vê uma porta na parede. Ela se estica até alcançar a maçaneta e ao abrir a porta um cheiro pútrido exala do lugar, é uma pequena sala com uma mesa encostada na parede e carne pendurada no teto, parece um mini frigorífico ou algo parecido. O som de um longo bip assusta Liana! É seu celular, uma mensagem de que diz: “O guarda está voltando!” Liana move sua cadeira rapidamente até chegar perto da escada, ela olha para Samuel e diz que o guarda está voltando, ele diz que não está conseguindo montar a fechadura, mas falta pouco. Samuel esforça-se pra conseguir o mais rápido possível, alguns poucos minutos e consegue montar. Quando põe o rosto para fora do mercado vê as costas do policial a poucos metros dali. Ele vira-se para Liana e acena com a cabeça negativamente, ela imediatamente manda uma mensagem para o celular de Joseph dizendo: “ficamos presos, o policial está aqui fora e nós não conseguimos sair a tempo!”. Joseph está sentando no cordão da calçada a poucos metros do mercado quando lê a mensagem, ao olhar para o relógio do telefone vê que já passou das dez horas, se o homem do hotel estava falando sério não conseguirão dormir lá hoje! Ele pensa no que fazer para distrair o policial. Pega de seu bolso um pequeno canivete e encosta sobre a sua perna e com um movimento firme abre um pequeno corte que o faz urrar de dor! Logo ele levanta-se e começa a mancar furtivamente em direção a delegacia cuidando sua retaguarda. Quando vê o policial saindo do beco procurando pelo grito que escutara Joseph escreve uma mensagem rapidamente dizendo que podem sair agora, mas tem de ser rápidos. Quando chega a delegacia Joseph entra e diz aos policiais que se machucou e que o hotel está fechado. Um dos policiais oferece um banco para que passe a noite, nesse instante o policial que estava no beco surge na delegacia lança um olhar desconfiado em direção a Joseph que levanta mancando agradece o banco, mas diz que ficará no bar.Assim que Joseph sai da delegacia liga para o celular de Liana e ambos combinam de se encontrar perto da casa de Bob. Alguns minutos depois todos estão juntos novamente e decidem entrar na casa de Bob e investigar a fundo por qualquer evidência que possam responder ao menos a pergunta que todos tem em comum: “O que eles queriam com a gente?”. Depois que Liana descreve a Samuel e Joseph o que viu dentro do mercado todos concordam que uma nova visita ao lugar deve ser feita, porém o próximo passo agora é investigar a casa. Ao se dirigirem para a porta da casa Joseph procura alguma coisa para arrombar a porta e Samuel sugere que ele faça o mesmo que ele fez na porta do mercado, nesse momento a janela se abre na casa à esquerda! Uma velha senhora grita:-O que estão fazendo aqui, ein?! Sumam já daqui ou vou chamar a polícia!Joseph pede a ela desculpas e todos saem do lugar até chegarem em uma rua deserta. No caminho o grupo conversa:-O que vamos fazer agora? Pergunta Samuel.-Vamos esperar até mais tarde, todos estarão dormindo, daí entramos! Fala Liana.Joseph concorda e Samuel diz para irem a um telefone público, pois pretende fazer uma conexão clandestina com a Internet em seu notebook.


RUA PRINCIPAL DE BOXFORD

VELHO HOTEL DE BOXFORD


PONTO DE ENCONTRO NA MADRUGADA EM BOXFORD

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