BEM VINDOS

Somos um grupo de RPG que está jogando uma campanha há 11 anos, o sistema de regras que uso é de criação minha e devido ao gênero de jogo a batizei de HORROR. Em todo esse tempo dentro do jogo aconteceram muitas coisas que gostaríamos de imortalizar e a melhor maneira que encontramos para fazer isso foi tranformar o jogo em uma história dinâmica. A história que começa nesse espaço é o inicio do quarto ano que começamos em 2007, a cada sessão de jogo transcrevemos todo o acontecido em forma de história para gravarmos em nossas memórias a angustia vivida pelas almas de cada um e compartilharmos com aqueles que apreciam o gênero. Ao lado direito da página na seção "cada dia uma angústia" a história começa no dia 23/09/2005.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

SAMUEL

SAMUEL


Quando Samuel saiu daquele hotel uma avalanche de sentimentos o dominaram, o sentimento de culpa pelo envolvimento com Laura ainda era forte, mas deixa-la sozinha poderia ser pior. Mas não era só a ausência de Laura que iria incomodar Samuel, Vitor também fora como um irmão, mas assim foi com Joseph, Liana, Peter...


Seus passos mancos andavam vagarosos pela beira daquela interestadual, caminhando sem pressa, esperado apenas alguém o levar para algum lugar, muitos dos seus ossos doíam, muitas das suas cicatrizes ainda ardiam.


Algumas horas caminhando, e uma caminhonete encosta, um caipira oferecendo carona para Samuel, para onde ele vai? Não importa, o que importa é que a vida continua, de um jeito ou de outro.


Gabriela não saia da cabeça de Samuel, Ela trabalhava na clinica qual ele fugiu... Com outro nome, mas era ela! Samuel tinha certeza que era. Pela primeira vez em muitos e muitos anos tudo parecia fazer sentido de alguma forma, não que fosse da forma como ele gostaria, mas será que de alguma forma o caso com Gabriela não fora nada além de uma fantasia? Se foi fantasia, foi a fantasia mais real que ele pudera experimentar e principalmente a fantasia que o manteve de pé todas as vezes que ele fora atingido.


As circunstancias Levaram Samuel a Las vegas, Nevada. Se sustentar não fora um grande problema, ah muitas pessoas que não sabem como um computador funciona e Samuel fazia isso muito bem. Embora sua vida não tivesse nenhum luxo, apenas um teto no gueto da cidade, comida industrializada e roupas limpas ele podia dormir a noite sem maiores problemas. Samuel não mudara muito nos últimos anos, apenas as cicatrizes que estavam mais visíveis devido a idade que avançava rápido, ele era contratado de um pequeno cassino para ajudar a monitorar as câmeras e todo o resto do sistema de segurança que era informatizado.


Tudo ia relativamente bem, mas um homem que circulava no cassino intrigava Samuel, era branco, 1,80m de aparência bem comum, mas ele frequentemente olhava para as câmeras quando Samuel estava sozinho na sala, como se soubesse que ele estava lá. Aquilo começou a deixa-lo paranoico, suas noites já não eram mais as mesmas...


Depois de alguma semanas daquele homem ir ao cassino, Samuel resolve tomar uma atitude. Se dirige ao chefe de segurança e diz:


-Senhor, aquele homem de camisa social... Pede para os guardas revistarem ele, acho que ele está trapaceando.
-Tem certeza Samuel? Não posso mandar revistar ninguém sem ter certeza.
-Ele é um suspeito pra mim, se eu fosse você mandava revistar só para ter certeza se der prejuízo depois a responsabilidade é sua!
-Tudo bem...
O chefe da segurança aciona os guardas pelo rádio, Samuel assiste o homem ser abordado pela segurança e quando ele esta sendo levado ele olha e sorri para câmera como se soubesse. A espinha de Samuel gela e ele diz para os demais na sala de segurança:
-Vocês viram?!


Um dos encarregados de vigiar o monitor responde:


-o que?
- Ele olhou pra mim!
- Ele quem? Você está bem?
-Merda está tudo acontecendo de novo!
-Do que está falando Samuel?


Sem pensar duas vezes Samuel entra na vestiário e pega seu revolver pessoal no armário. Caminhando rápido do jeito que consegue Samuel pensa que se esse desgraçado vai fazer alguma coisa é melhor acabar com tudo de uma vez no inicio!


Caminhando com o revolver na mão direita ele atravessa o cassino focado na sala de segurança, assim que algumas pessoas enxergam um revolver em sua mão começam a correr, ele vai entrar na sala de segurança mas é barrado por um dos guardas:


-Me deixe entrar, o chefe me mandou aqui!


O guarda mesmo que desconfiado acaba deixando Samuel entrar. A sala é mediana, tem as paredes e o chão claros e uma mesa simples no centro, é uma réplica de uma sala de interrogatório das delegacias de policia. Sentado a mesa o homem parece estar tranquilo, enquanto o guarda que o interroga o olha de pé Samuel grita para ele apontando o revolver:


- O que você quer comigo seu desgraçado?!


O homem sorri e fica calado, aquele sorriso era como de uma serpente vinda do inferno. O segurança grita com Samuel:


- O que você está fazendo, baixa a arma Samuel!

- Cala boca Fernandez! Deixa esse desgraçado comigo! Fala o que você quer comigo?


O homem cruza a perna esquerda sobre a direita com classe...
- Senhor Samuel, o senhor está fora de controle.
A voz do homem soa familiar, mas não lembra ao certo de quem é. Em poucos segundos a sala do interrogatório já esta inúmeros seguranças tentando convencer Samuel a soltar o revolver, mas ele só preta atenção naquele homem:
-O que você quer comigo? Por que está vindo aqui?
- Eu vim fazer o que todos fazem aqui, tentar a sorte! E vejam só, acho que hoje é meu dia de sorte.
-E porque é seu dia de sorte?! Estou com uma arma apontada para sua cabeça!
-Porque eu sei o que você vai fazer, e sei que você vai se arrepender depois!
-Do que você está falando seu desgraçado!
-Estou falando do seu filho, do seu filho que você matou a sangue frio seu negro imundo desgraçado!
Ao terminar de falar o homem se levanta exaltado. E Samuel com as mãos tremendo revida:
-Como você sabe disso? Aquilo não era real! Me deixa em paz seu filho de uma puta!
Mais calmo ele responde:
-O que é real Samuel? O que os outros falam é real? Quer saber o que é real? Lembra do cara cheio da grana que Gabriela te trocou antes de tu entrar para a faculdade? Era eu seu otário!
Sem pensar o dedo de Samuel puxa o gatilho! O projetil entra em cheio no meio da testa do homem que cai sem vida no chão! Todos saltam sobre Samuel que já consegue nem parar em pé sozinho.


Os 2 anos seguintes não foram fáceis, Samuel foi julgado e preso, 80 anos de pena, condicional em 40. As suas cicatrizes e condições física lhe ajudar a ter o mínimo de respeito mas isso garantia apenas sua sobrevivência, o sofrimento ainda estava incluso no pacote.
Samuel procurava se isolar, agora de cabeça raspada, mantinha-se na biblioteca quando possível e longe de confusão e por incrível que pareça aqueles poucos anos dentro do presidio fora os mais tranquilos do que os últimos 20... Apenas a morte do homem que ele matou ainda o atormentava, noite após noite era assombrado por aquela cena que se repetia em sua mente e o fazia acordar no meio da madrugada. Será que aquele homem era quem ele dizia ser? E porque ele foi lá? Ele queria morrer de fato? E Gabriela? Será que nesse mundo eu tinha ficado com ela? As perguntas era infinitas e as respostas escassas.


Em julho de 2011 Samuel é surpreendido enquanto lia em sua cela por um guarda:
-Chegou carta pra ti!


Samuel nunca havia recebido nenhuma carta! Ele a toma rapidamente em mãos e quando lê o nome do remetente, suas pernas estremecem e seus olhos se enchem de lagrimas.....













Nenhum comentário: