BEM VINDOS

Somos um grupo de RPG que está jogando uma campanha há 11 anos, o sistema de regras que uso é de criação minha e devido ao gênero de jogo a batizei de HORROR. Em todo esse tempo dentro do jogo aconteceram muitas coisas que gostaríamos de imortalizar e a melhor maneira que encontramos para fazer isso foi tranformar o jogo em uma história dinâmica. A história que começa nesse espaço é o inicio do quarto ano que começamos em 2007, a cada sessão de jogo transcrevemos todo o acontecido em forma de história para gravarmos em nossas memórias a angustia vivida pelas almas de cada um e compartilharmos com aqueles que apreciam o gênero. Ao lado direito da página na seção "cada dia uma angústia" a história começa no dia 23/09/2005.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

DIA 02 DE FEVEREIRO DE 2006

DIA 02 DE FEVEREIRO DE 2006

Dormi ali mesmo no carro depois de resolvido o mistério, pois meu corpo finalmente prevalecia e o cansaço era grande. Acordei com barulhos de batida na janela do carro e um policial estava conversando com os outros. Senti o frio na espinha típico de quem pensa “Estamos perdidos” e fiquei em alerta quase de imediato. Sorte que o policial não me vira na hora, pois só faltava estar escrito “culpada” em minha testa. Os rapazes não pareciam estar tendo muita sorte, pois o homem da lei não parecia estar acreditando. Eu não fazia nada além de sorrir timidamente, na esperança de não transparecer meus reais pensamentos. No final das contas, O Dinheiro resolveu a questão. Safamo-nos dessa, mas perdemos o carro, o que considerei um preço justo a se pagar.

Chegava à hora dos preparativos para partir novamente. Eu e Samuel nos encarregávamos dos mantimentos e equipamentos, enquanto Peter e Victor arranjavam um novo carro. Conseguiram um Selica sei lá o que. Era um bom carro, embora um tanto chamativo, servia bem as necessidades. Estava tudo em ordem para a viagem, mas havia um assunto que eu precisava resolver...

Paramos em uma farmácia, onde finalmente fazia o exame de gravidez. Eu me sentia uma Idiota quando fui ao banheiro. Sentia-me pesada, com um peso enorme nos ombros. Esperei lá mesmo, me olhando no espelho e vendo minha expressão preocupada, como se quisesse dizer a mim mesma “Não fica nervosa, você não pode estar grávida, Não é lógico, é fisicamente impossível!”

Foi o segundo momento mais feliz da minha vida... Negativo era o que o exame dizia. Eu NÃO estava grávida!

Eu me sentia radiante! Saí do banheiro quase flutuando até o carro e mostrei aos homens que eu estava certa e eles não! Apesar da descrença muito irritante de Samuel, eu estava feliz demais para ligar para a sua rabugice! Nem tudo estava perdido afinal.

BIBLIOTECA EM NOVA JERSEY

Depois de algumas horas, chegamos à pequena biblioteca municipal. Um local modesto, mas sendo eu uma rata de biblioteca me sentia completamente em casa. Interpelei o bibliotecário no balcão e não demoramos muito em achar os títulos de Aionos. O nosso livro era apenas um e enquanto procurava avaliar o mesmo, Samuel em toda sua delicadeza de demônio da tasmânia, me tomou o livro e arrancou as duas paginas onde estaria a pista. Começava a me irritar com a grosseria dele e ainda pro cima destruir livros? Isto é um sacrilégio.

Saímos da biblioteca em questão, sob olhar de desconfiança do funcionário que quase me mata de vergonha pelo livro depredado. Talvez para não pensar em quanto o Samuel era estúpido e meu ódio crescente por ele (o típico ódio adolescente que passa em algumas horas), me concentrei nas pistas e na rede de computadores. As paginas arrancadas falavam basicamente do princípio da Magia e rituais básicos. O que me chamou mais a atenção foi uma citação sobre a projeção astral (o que talvez desse algumas explicações a realidade “A”) e uma citação a um ritual de evocação de demônios. Mais precisamente sobre demônios presos em virgens. Imaginam porque isso me atraiu e a idéia de que talvez não fosse a responsável pelo demônio estar em mim me parecia muito agradável.

Quanto às pistas deixadas por Gaspar, descobri algo interessante. O espelho na foto que estava no quarto de Gaspar fazia trio com outros dois feitos na mesma época (século XIX) por um homem chamado LOUIS MORRIS, uma famosa fabricante de espelhos da época. Eram consideradas suas obras primas e foram vendidas no inicio do século XX. E depois, no ano de 1935 foram leiloados a 3 homens: Um russo, um americano e um alemão. O mais instigante foram os nomes dos referidos espelhos, que eram bastante sugestivos: CÉU, INFERNO e PURGATÓRIO.

Teria estas pessoas alguma idéia do que estavam comprando? Não pretendo julgá-las, pois nós também estamos atrás de algo que não compreendemos. Nossa única motivação é o fim deste pesadelo, cada um ao seu modo distinto. Eu pessoalmente começo a me perguntar se realmente é uma boa idéia mexer com toda essa feitiçaria desconhecida, mas por enquanto a motivação é mais forte que a prudência.

Enquanto eu pesquisava, os três homens conversavam em uma praça. Suspirei em ver uma cena tão comum, embora soubesse que o assunto era desagradável como sempre. Logo eles foram para direções opostas. Samuel foi numa direção qualquer, Victor nem vi onde foi e Peter ficou no carro comigo. Falei sobre ele sobre as descobertas e ele continuou a pesquisa enquanto eu cochilava um pouco. Ao entardecer, Samuel ainda não tinha voltado. Tentamos seu telefone e ninguém atendeu. Perguntávamo-nos onde poderia ter ido, quando o gato de Peter, Ezequiel reapareceu. Nem me lembrava do pobre bichano, mas parece que ele tinha sumido fazia algum tempo (ou não, francamente não lembro). Peter tentou pega-lo, mas Ezequiel se afastou e depois de alguns metros parou e olhava para nós.


Com a impressão de que queria que o seguíssemos e cada vez mais preocupado com Samuel, acabamos num cemitério a algumas quadras de distância. O sentimento de desespero foi mútuo e corremos para dentro, com pensamentos sombrios sobre o que teria acontecido.

Samuel estava sobre uma cova, inconsciente e sangrando na cabeça, onde uma estatua de um anjo parecia mostrá-lo para nós com seu olhar triste e braços abertos. Podia quase vê-lo chorar, como se falasse “Não deviam deixá-lo sozinho... Isso aconteceu por culpa de vocês...” Claro que podia ser algum sentimento de culpa pelo ódio que senti por ele horas antes. Ele estava vivo, mas estar bem é outra coisa. Por algum tempo, Samuel parecia ter enlouquecido. Dizia coisas sem sentido e não cheguei, a saber, o que tinha acontecido com o mesmo. Para ter tirado este homem de seus eixos, deve ter sido algo muito sério.

Outro fato estranho. Chegamos até um hotel para um descanso merecido. Dediquei-me a cuidar de Samuel e suas feridas até que dormisse então eu decidi descansar. Quando acordei de sono sem sonhos, os três estavam me observando atentamente. Não entendi nada até sentir um incomodo em minha genitália. Gelei ao ver tanto sangue na coberta e indagava aos três com o olhar, mas obviamente esperavam que eu desse uma resposta. Aquilo poderia ter se passado por menstruação, mas era sangue demais e não deveria doer. Uma dor leve, mais um incômodo, mas não algo normal. Já era manhã e obviamente corri até o chuveiro para me livrar daquele sangue e me examinar. A verdade é que tinha uma teoria sobre o que teria acontecido, mas era terrível demais para ser mencionado e não o farei aqui... Para bom entendedor, meia palavra basta.




cemiterio


Hotel

Nenhum comentário: