BEM VINDOS

Somos um grupo de RPG que está jogando uma campanha há 11 anos, o sistema de regras que uso é de criação minha e devido ao gênero de jogo a batizei de HORROR. Em todo esse tempo dentro do jogo aconteceram muitas coisas que gostaríamos de imortalizar e a melhor maneira que encontramos para fazer isso foi tranformar o jogo em uma história dinâmica. A história que começa nesse espaço é o inicio do quarto ano que começamos em 2007, a cada sessão de jogo transcrevemos todo o acontecido em forma de história para gravarmos em nossas memórias a angustia vivida pelas almas de cada um e compartilharmos com aqueles que apreciam o gênero. Ao lado direito da página na seção "cada dia uma angústia" a história começa no dia 23/09/2005.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

DIA 14 DE ABRIL DE 2006

DIA 14 DE ABRIL DE 2006




Por volta de meia noite, chegamos à cidade. Era a primeira vez que explorava uma cidade fantasma e apesar de minha curiosidade, não me sentia bem. O ar em volta, a energia do lugar lembrava muito a do sanatório... Opressiva e maléfica. Eram apenas umas poucas casas de madeira simples em estado de abandono, muitas delas chamuscadas. O único prédio feito de pedra no local era a igreja e foi por lá que começamos as buscas.



A igreja mais parecia uma capela pelo tamanho reduzido. Era de um estilo rústico que poderia até ser bonita se não fosse a situação... Começamos a perceber vultos. Vários deles se aproximando da igreja. Meu pânico aumentando pelo fato de que eram muitos e não podíamos vê-los. Trancaram-nos dentro da igreja e nem sinal do tal espelho. Quando cogitávamos novas possibilidades, Uma voz familiar nos indicava uma direção: A Casa em frente. Arrombamos a maldita porta e corremos. Agora as sombras eram visíveis, porém mal prestei atenção. Corri para o casebre em frente junto com os outros...



O interior da mesma não refletia o ambiente do lado de fora... Uma casa simples e bem cuidada, com óbvios toques femininos que refletiam a dona do ambiente. Logo a mesma mulher que aparecera para nos avisar nos recebeu. Seu nome era Rose, e ali ela não era mais um fantasma. Parecia tão viva quanto nós. Perguntamos sobre ela e a cidade.



Este é o resumo:




Bodie era uma cidade pequena e próspera, até que uma epidemia assolou a população. Uma doença altamente contagiosa e não se sabia exatamente como era o contágio. Quando pessoas começaram a morrer, a solução que encontraram era queimar tudo... E todos. Não demorou em que os poucos cidadãos sadios abandonasse a cidade e os doentes para morrer. Apenas uma mulher tinha ficado... Rose, que era a médica da cidade, tomou por missão pessoal salvar as pessoas e ajudá-las como pudesse. Ela disse que tudo isso era culpa do espelho trazido pela família Myers, que amaldiçoou a ela e toda a população. Quando perguntamos pelo mesmo, ela afirmou que já estávamos dentro dele desde a entrada na cidade.



Rose nos fez uma proposta. Ela nos mostraria onde está o espelho, se prometêssemos quebrá-lo. Isso libertara todos desta maldição. Perceberam que isso ia contra o objetivo inicial certo? Não houve nenhuma controvérsia momentânea... Afinal, queríamos encontrá-lo. Quebrá-lo, já seria outra história. Quando saímos, as histórias contadas por Rose pareciam fazer mais sentido. A cidade estava em brumas e muitos fantasmas... Sombras nos cercavam, vindo de todos os lados. Sem dúvida era a realidade “A”... E esta a verdadeira Bodie.



Rose nos levou até a propriedade dos Myers e nos deparamos com uma Funerária. Constatei isso uma grande piada sem graça, mas guardei para mim este pensamento. Durante todo este tempo, as sombras não se aproximavam de nós por causa de Rose. Ela por sua vez, não as temia e poderia jurar que as fitava com pena e resignação. Tudo levava a crer que aqueles eram o que restava da população de Bodie e começava a compreender o que ela dizia. Talvez estes espelhos sejam realmente malditos e devessem ser destruídos. Se sozinho causou essa destruição, imaginem quando estivessem os três juntos?



Nunca viria, a saber, se esta Rose era real ou uma grande armadilha, mas eu estava realmente em dúvida se conseguir estes espelhos seria uma boa idéia. Nada se sabe sobre eles e não havia nenhuma certeza de que os objetivos seriam atingidos. Quando parei para pensar, vi que eu não tinha razão alguma para ir atrás destes artefatos. Victor eu também não percebia razões para isso. Peter parecia querer cumprir uma promessa a um pai que enlouqueceu para chegar aonde chegou e Samuel não via mais nada além do filho perdido a sua frente.



Lá estava o espelho, em toda a sua glória decadente. Tirando a poeira do que pareciam anos de abandono, Percebi que era o mesmo espelho da foto encontrada com Gaspar. O espelho CÈU, embora eu não visse nenhuma analogia na situação. Rose começava a pressionar para cumprir nossa parte no acordo e eu confesso que tinha medo de ambas as implicações. De um lado, pegar o espelho e levá-lo embora. De outro, quebrá-lo esperando inutilizá-lo. Todos estavam diante de um impasse. Outro detalhe estranho era que apenas Victor aparecia refletido no espelho e nem Peter, Samuel ou eu mesma teria reflexo nele. Samuel pegou o espelho e eu poderia jurar que ele quebraria o espelho. Mas foi o contrário... Começou a sair da funerária para deixar a cidade.



Ele não parecia bem... Samuel estava com um olhar que me assustava. Agia de forma meio estranha desde uma suposta experiência sobrenatural. Estava obcecado pelo filho e não aceitará não como resposta. Eu não podia contrariar... Não era nada além da mulher que deviam proteger para assegurar o futuro. Não iria me ouvir. Rose estava em desespero por tirar o espelho de lá... Prometia levar Samuel ao filho, dizia que nos arrependeríamos, mas seus lamentos não seriam ouvidos. Enquanto partíamos no carro, As sombras pareciam formigas agitadas por algum invasor em seu formigueiro e pude presenciar a pobre Rose, a única luz daquele lugar, ser consumida pelas sombras do que foi um dia a população da cidade de Bodie. Aquela visão me acompanhará para sempre, pois não consigo deixar de pensar que condenamos aquela alma à escuridão apenas por nossos desejos egoístas...



A única compensação? A obtenção do primeiro espelho, CÉU. Um a menos, dois para encontrar.




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