BEM VINDOS

Somos um grupo de RPG que está jogando uma campanha há 11 anos, o sistema de regras que uso é de criação minha e devido ao gênero de jogo a batizei de HORROR. Em todo esse tempo dentro do jogo aconteceram muitas coisas que gostaríamos de imortalizar e a melhor maneira que encontramos para fazer isso foi tranformar o jogo em uma história dinâmica. A história que começa nesse espaço é o inicio do quarto ano que começamos em 2007, a cada sessão de jogo transcrevemos todo o acontecido em forma de história para gravarmos em nossas memórias a angustia vivida pelas almas de cada um e compartilharmos com aqueles que apreciam o gênero. Ao lado direito da página na seção "cada dia uma angústia" a história começa no dia 23/09/2005.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

TEMPO E ESPAÇO


TEMPO E ESPAÇO

Despertei lentamente, com meus sentidos voltando um de cada vez... Primeiro veio o cheiro de feno e cavalos... Em seguida senti o sol em minha pele... Depois ouvi o cantar de um galo distante... Todos os sentimentos familiares... Muito familiares... Abri os olhos e me sentei. A visão do celeiro a minha volta me deixou pasma... Eu conhecia aquele celeiro muito bem.

Olhei para Victor ao meu lado que parecia mais perdido que eu... Estava nu e eu também... Nossas roupas não vieram conosco... Nem nossos pertences. Demorei ainda para despertar para a nova realidade, antes de procurar algo para me cobrir. Saí para a rua e ao olhar para a casa maior não tive dúvidas... Aquela era a fazenda Mc`Cloud. O extenso varal estava cheio de roupas... Peguei um vestido de minha mãe, pois minhas roupas não pareciam servir... Tive o impulso de ir até a casa grande e pela posição do sol era meio dia... Senti o cheiro da comida sendo preparada... Era surreal.

Espiei pela janela e vi minha mãe... Ela como eu me lembrava dela... Pele morena, Cabelos longos e pretos, olhos castanhos... Apesar de estar uma perfeita dona de casa, não perdia seu ar professoral e o brilho de esperteza de seus olhos. Não resisti e acabei batendo a porta da frente... Foi um erro, eu sei, mas quando me dei conta ela já olhava para mim, perguntando o que eu queria... Eu não sabia o que dizer e dei desculpas esfarrapadas... Saí praticamente correndo de lá quando ela começou a ficar receosa sobre mim... Não a culpo. Em minha inocente burrice achei que me reconheceria... Tolice! Nem mesmo eu me reconheceria...

Foi com esse pensamento que me veio outro impulso... Corri com Victor em meu encalço... Até havia me esquecido que ele estava ali... Corri para a porteira da frente e sai estrada afora. Foi quando a vi... Uma jovem ruiva, vestindo jeans e camiseta com uma mochila nas costas... Sim, era eu mesma com 15 anos de idade retornando da escola. Maior foi a minha surpresa ao ver que fora o susto inicial, ela não parecia surpresa com a minha presença. Ela sabia quem eu era, sabia que estava diante si mesma vinte anos mais velha. Quando falou, mudou a atitude e a expressão ficou mais séria... Não parecia eu... Era outra Laura? Talvez o velho demônio dos sonhos falando através dela? Nunca soube ao certo... Ela pediu para encontra-la no celeiro em alguns minutos... Eu tinha centenas de perguntas a fazer e ela não parecia disposta a responder.

Retornamos ao celeiro e ela já preparava tudo... Um pentagrama desenhado, as velas, dois baldes... Mais uma vez tentei fazer-lhe perguntas, mas ela retrucou que não era a hora... Não discuti mais. Fomos ao centro do símbolo magico e ela proferiu as palavras ritualísticas rapidamente... Notava que ela queria se livrar de nós depressa e logo entendi... O maldito homem dos sonhos estava ali, logo atrás dela, andando em nossa direção. Tentei avisa-la, mas a visão seguinte me calou... A Laura jovem pegou um balde com as duas mãos e tomou um banho de liquido vermelho e viscoso, da cabeça aos pés... Sangue? Mas de onde saiu tudo aquilo? Foi a ultima pergunta que pensei antes da escuridão tomar conta de meus sentidos novamente.

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