BEM VINDOS

Somos um grupo de RPG que está jogando uma campanha há 11 anos, o sistema de regras que uso é de criação minha e devido ao gênero de jogo a batizei de HORROR. Em todo esse tempo dentro do jogo aconteceram muitas coisas que gostaríamos de imortalizar e a melhor maneira que encontramos para fazer isso foi tranformar o jogo em uma história dinâmica. A história que começa nesse espaço é o inicio do quarto ano que começamos em 2007, a cada sessão de jogo transcrevemos todo o acontecido em forma de história para gravarmos em nossas memórias a angustia vivida pelas almas de cada um e compartilharmos com aqueles que apreciam o gênero. Ao lado direito da página na seção "cada dia uma angústia" a história começa no dia 23/09/2005.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

31 de janeiro de 2006

DIA 31 DE JANEIRO DE 2006


Nunca damos valor a certas coisas até perdê-las ou ficarmos muito tempo sem elas. Eu nunca tinha ficado tão feliz em presenciar um amanhecer como naquele dia. A pequena cidade parecia expandir-se diante de nós e em muitos aspectos lembrava a minha cidade. Era muito cedo e não havia pessoas nas ruas além de um ou dois de passagem, mas era o suficiente para me sentir melhor. Caminhei um pouco pela quadra e logo retornei para a casa. Peter ainda remoia o pesadelo da noite anterior e Samuel com Victor, verificava a casa novamente em busca de informações. Não querendo ficar parada para pensar sobre os últimos acontecimentos, fui verificar a sala. Apesar de todas as minhas expectativas, aconteceu algo que eu já suspeitava... A sala estava normal e não havia um corpo ali dentro. A mãe de Peter não estava lá.

Logo se constatou o mesmo no porão. Não havia um corpo de Gaspar, embora a sala estivesse como antes. Seria tudo uma ilusão? Nossos desejos personificados? Ainda é tudo uma grande incógnita, mas a realidade “A” é quase um purgatório a meu ver e nós somos estrangeiros neste universo. Como se forçados a ir antes do tempo para lá. Mas deixando minhas teorias de lado, investigamos a casa minuciosamente enquanto Peter procurava a paz de espírito no piano da família. Eis o que achamos:


Samuel encontra no porão uma carta e foto destinada a Peter. Na cama, escondida pelas cobertas, a pista que levaria as descobertas de Gaspar. Uma foto de um espelho antigo, com algumas informações no verso (Fabricado na França, século XVIII).


Eu encontrei na sala de estar outra foto, com uma mulher andando na rua, atravessando a rua. O que chamou a atenção foi a sombra projetada dela. Era maior, disforme e anormal. Mostrei para Peter que se abalou um pouco mais... Era a mãe dele. Guardei para mim essa foto, pois aquela sombra ainda me intriga.

A carta era de cunho pessoal e não vele a pena ser citada. Entretanto, Gaspar tinha deixado um papel com um endereço em Nova York. Era a continuação da busca, mas estávamos todos exaustos. Todos encontraram um canto para dormir. Para mim sobrava apenas o quarto dos pais de Peter. Com pensamentos de desculpas para os mesmos, apaguei ali mesmo.


Acordei com a sensação de que não tinha descansado bem. Mal tinha saído os primeiros raios de sol. Levantei e fui procurar os rapazes no porão. Percebi a porta entreaberta e uma sensação desagradável tomou conta de mim. Entrei discretamente e vi um tipo de Sombra ou aparição. Não importava, emanava maldade. Está bem perto de onde estavam os rapazes e não vi outra escolha além de atirar conta ela. Errei por pouco e a criatura se voltou para mim. Atirei de novo sem sucesso. Os dois não acordavam e comecei a gritar. Senti a coisa me atingir e me derrubar no chão. Quando olhei de novo, Samuel estava sobre mim, me segurando e me desarmando. Victor estava num canto, se escondendo de alguma coisa. Logo eu entendi... Tive novamente um ataque de sonambulismo... E no processo quase matei Victor, pois era nele quem eu realmente estava atirando.


Eu não sabia o que dizer... Isso sem dúvida era um agravante e doeu ver o olhar de desconfiança dos homens que deveriam me proteger. Além de não me sentir útil, agora me sentia um estorvo. Fiquei nervosa e não pretendia ficar naquela casa nem mais um minuto. Os outros concordaram e preparavam-se para partir. A Única coisa a ressaltar antes da partida, foi a chegada do gato de Peter. Um gato alaranjado que foi chamado de Ezequiel. Apesar de na hora não estar me sentindo muito a vontade de conversas com os rapazes, me senti melhor. Sempre gostei de gatos e logo este iria fazer parte da família. Refiro-me a nos, pois até mesmo as circunstâncias de seu aparecimento pareciam sobrenaturais e inexplicáveis... Pobre gatinho.


ESTRADA DE MONTANA


Como desgraças nunca vêm sozinhas, mais uma situação perturbadora viria a acontecer hoje. Lembro que estava ansiosa por uma Farmácia, pois queria um exame de gravidez. Precisava mostrar a eles de uma vez por todas que eu não estava grávida. Não havia a menor possibilidade disso, afinal de contas eu saberia se estivesse não? Toda mulher sabe quando está nessa situação, mais cedo ou mais tarde. A sombra de Liana ainda perturbava as mentes deles e é claro, as profecias da velha na cadeira de rodas também ajudavam... Pessoalmente depois de tanta insistência, começava a ficar na paranóia de todos e me questionar... Mas isso não podia ser! Eu não estava grávida de demônios, ou seja, lá o que for e iria provar.

Acabávamos de sair de um posto de Gasolina, onde compramos mantimentos e reabastecemos o carro (roubado de Billings por sinal). Não lembro quem iniciou a conversa, mas se cogitou a idéia de retornar ao local do acidente (onde batemos o carro no misterioso dia 8) para averiguar o que realmente aconteceu e recuperar um ou dois itens úteis. Como Peter era o único desperto (e responsável direto pelo acidente), coube a ele se lembrar do ponto onde ocorreu. Até que foi fácil achar, com as marcas de pneu na estrada e uma pequena devastação na vegetação próxima ao acostamento.


Os rapazes foram até a parte mais abaixo verificar enquanto eu permaneci no carro. Estava muito pensativa, tentando achar sentido nas palavras de Gaspar. E depois, alguém precisava cuidar do carro. No momento em que meus pensamentos transitavam da foto no espelho para outra reafirmação de que eu não estava grávida, Os rapazes voltaram. Pareciam muito perturbados e quando perguntei o que houve, se recusavam a falar. O nível de desconfiança estava tão grande assim? Ou será que queriam me proteger como no caso dos ETES? Comecei com raiva e terminei com medo enquanto insistia que me contassem o que viram. Com o silêncio deles, comecei a pensar o que teria feito homens que passaram por pesadelos incontáveis ficarem tão assustados. Liguei os pontos, ponderei e só pude chegar a uma conclusão...


Estávamos no carro. Eles viram nossos corpos no carro destroçado...


Não era possível! Não acreditava nisso! Estávamos ali, vivos, discutindo aquela possibilidade absurda. Eu queria ver por mim mesmo, provar a eles que o que viram era pura ilusão, mas eles não iriam parar aquele carro até chegar à Nova York.


Até hoje esta situação me incomoda e fico me perguntando o que teriam realmente visto lá. Outro evento sobrenatural? Ilusões de ótica? Uma piada de muito mau gosto? Em verdade, nem sei se quero mais saber.


Samuel foi o mais atingido pela situação. E o fato de ter ficado sem seus remédios só piorou as coisas. A saúde mental dele estava muito frágil e aquelas pílulas que ele tomava regularmente era o que o mantinha conosco. Fomos obrigados a parar num posto próximo e comprar mais. Peter tomou uma daquelas pílulas e o efeito foi devastador, pois entrou num estado de torpor por muito tempo. Imagine o quanto fiquei preocupada, pois Peter esta a bem menos tempo nessa situação e o remédio o tirou de combate... Imagina o que não acontece na mente e alma de Samuel, cujo remédio já quase não funciona. Será que ficarei como ele? Com o perdão da ironia, se precisar me tornar a sanidade deste grupo, é porque as coisas estarão realmente ruins.









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