BEM VINDOS

Somos um grupo de RPG que está jogando uma campanha há 11 anos, o sistema de regras que uso é de criação minha e devido ao gênero de jogo a batizei de HORROR. Em todo esse tempo dentro do jogo aconteceram muitas coisas que gostaríamos de imortalizar e a melhor maneira que encontramos para fazer isso foi tranformar o jogo em uma história dinâmica. A história que começa nesse espaço é o inicio do quarto ano que começamos em 2007, a cada sessão de jogo transcrevemos todo o acontecido em forma de história para gravarmos em nossas memórias a angustia vivida pelas almas de cada um e compartilharmos com aqueles que apreciam o gênero. Ao lado direito da página na seção "cada dia uma angústia" a história começa no dia 23/09/2005.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

11/11/2005


PARANÓIA - SEXTA FEIRA - 14:32 pm
Algum tempo depois Peter pede ao serviço de quarto que tragam o almoço para dois. Enquanto Samuel garimpa a Internet em busca de Gaspar, Peter o olha como se não acreditasse em tudo o que aconteceu nessa manhã de sexta-feira.
Samuel continua em frente ao computador procurando por pistas quando o telefone toca. Peter atende e logo depois fala a Samuel:
Peter: - É do necrotério querem que eu vá até lá assinar os papéis do óbito ou algo assim.
Samuel olha para Peter como se tivesse certeza de que algo ruim está para acontecer e diz:
Samuel: - Talvez você me ache um louco paranóico, mas eu acho que você não deve ir lá.
Peter: - Acho que você está exagerando, gastei uma fortuna com a passagem de avião, vim até aqui só pra isso...
Samuel: - Claro, no seu lugar pensaria o mesmo, mas o fato de você ser o filho de quem é muda tudo. Eu não quero parecer inconveniente, mas eu poderia ir lá com você? Talvez alguma pista tenha passado desapercebida pelos seus olhos.
Peter: - Bem, mesmo com todas as coisas apontadas para uma direção pode ser que a morte tenha sido em um acidente real.
Samuel: - Quem sabe, mas tenho certeza que não vai se arrepender, eu pago o táxi.
Dentro do táxi Peter observa Samuel que de tempos em tempos olha para trás como se estivessem sendo seguidos, ele realmente lembra seu pai. Samuel tenta ligar para Joseph e Liana, mas ambos os telefones estão desligados, no caminho do lugar Samuel se pergunta o que ele está fazendo com a vida deste jovem, ele sabe que o simples fato de estarem no mesmo carro faz com que a vida dele esteja em risco.
Pouco mais de 20 minutos e ambos desembarcam no necrotério, caminham até a recepção e Samuel o espera enquanto ele é indicado a ir para a sala onde terá que assinar a documentação.
Peter nota o andar estranhamente vazio, chega em frente à porta indicada pelo numero 300. Ao abri-la, encontra dois homens sentados em uma sala com duas cadeiras e uma mesa, um dos homens tem por volta de 40 anos o outro deve ter uns 50. Os dois estão bem arrumados e assim que vêem Peter um deles pergunta:
- Você é Peter?
Peter: - Sim, sou eu.
Homem: - Você era parente de Gaspar?
Peter: - Sim ,eu era filho de Gaspar.
Homem: - Sabe onde ele morava?
Peter: - Não, eu soube que ele era meu pai há pouco tempo. Quem são vocês, os médicos?
Homem: - Não, como você deve saber os registros de seu pai estão cheios de buracos e estamos tentando descobrir um pouco mais da vida dele. Até porque é muito difícil nós darmos óbito para um homem que não tem quase nenhum registro. Precisamos de sua ajuda para preencher esses buracos, você pode nos acompanhar?
Os homens se levantam enquanto Peter os segue, alguns passos depois e os homens abrem as portas dos fundos do necrotério e um deles diz: “- Por aqui”. Peter os segue com cautela e quando vê que os homens entram em um carro preto ele pergunta:
- Bem, achei que não sairíamos do prédio.
Homem: - Não vamos demorar.
Peter: - Tem um amigo me esperando na recepção, é melhor que eu o avise para onde vamos para que não fique esperando.
O Homem diz em tom ríspido: não se preocupe, não vamos demorar e vamos trazê-lo de volta logo.
Peter é intimidado a entrar no carro. Assim que o faz, o carro arranca e começar a andar pelas vias da cidade, nenhum dos dois homens diz uma palavra sequer durante o trajeto que termina em uma velha fábrica numa zona industrial da cidade. Os homens descem do carro e acompanham Peter pela fábrica até um escritório. Eles pedem para que ele sente e um deles diz:
- A primeira coisa que você tem que saber é que nós nunca tivemos essa conversa, você não me conhece e nem veio a esse lugar hoje. E se alguém souber disso, mesmo seus amigos ou parentes, você pode não acordar no dia seguinte.
O homem estende a mão mostrando rapidamente um distintivo que Peter não reconhece.
Homem: - Somos do governo, se você cooperar seremos breves e você volta logo para casa. Minha primeira pergunta é: Quem é Gaspar?
Peter: - Só sei que era meu pai.
Homem: - Onde ele morava? O que ele fazia?
Peter: - Só sei que ele era professor em Montana.
Homem 2: - Nós sabemos disso. Você não falava com ele?
Peter: - Encontrei poucas vezes com ele pessoalmente. Nó máximo uma vez a cada dois anos.
Homem 1: - E o que ele lhe dizia quando encontrava com ele?
Peter: - Conversávamos coisas triviais e umas bobagens de Sonhos, realidade... Não sei ao certo. Ele sabia alguma coisa que incomoda vocês do governo?
Homem 1: - Não, na verdade seu pai já trabalhou para o governo. Ele já deve ter dito isso para você não?
Peter: - Não.
Homem 1: - Pra ser franco com você acho que a morte dele foi boa, se ele tivesse vivo você e as pessoas que conhece poderiam estar encrencadas. Esqueça as bobagens que ele dizia para você, ele trabalhou em projetos de física com a gente. E um dos deveres dele era se dedicar totalmente aos projetos, isso incluía a não-constituição de família, ou seja, você não deveria existir. Descobrimos a pouco que você existe. Então pedimos que você o esqueça, esqueça que ele existiu, esqueça tudo, volte para Montana e siga sua vida, se você concordar com isso podemos lhe pagar uma pensão pela morte de seu pai. Nós vamos apagar todos os registros dele, isso faz com que você fique seguro já que ninguém vai saber que você foi filho dele.
Peter: - Acho que não tenho escolha.
Homem 2: - Muito bem, volte para o hotel e fique hospedado lá, entraremos em contato e daremos um cartão para que receba seu dinheiro, logo depois volte para Montana, sabemos que você é formado em história. Viva sua vida como se o dia de hoje não existisse.
Peter: - Está certo.
Os homens levam Peter com um discreto sorriso franco em seus rostos para o carro e o levam de volta para o necrotério.
Alguns minutos depois o carro o deixa exatamente onde o pegou. Peter, nervoso com tudo o que aconteceu, entra pela porta dos fundos e vai até a recepção onde deixou Samuel. Assim que o vê ele diz em voz trêmula: “- Vamos sair daqui, assim que chegarmos ao hotel eu te conto o que aconteceu”. Samuel para um táxi na rua e volta ao hotel. Os dois se dirigem para o quarto em que Samuel está hospedado, assim que entram Samuel pergunta:
- O que aconteceu?
Peter fala apressadamente: - Dois homens do governo me levaram para um lugar e me interrogaram, me ofereceram uma pensão para que eu ficasse quieto. Você estava certo! Como fui tolo! Precisamos sair daqui, eu não vou baixar a cabeça para eles.
Samuel: - Tudo bem Peter, vamos encerrar nossas contas no hotel, mas lembre-se essa decisão não tem volta e eu acho que você deveria tomá-la de cabeça fria.
Os dois juntam suas coisas e se encontram na entrada do hotel, logo depois os dois pegam um táxi e Samuel fala:
- Você tem dinheiro?
Peter: - Trouxe dinheiro para uma semana, por quê?
Samuel: - Se você tem dinheiro guardado no banco é melhor sacar e guardar. Logo vão bloquear sua conta.
Por um momento Peter não leva muito a serio o que Samuel diz, mas com todas as coisas que tem acontecido é melhor não arriscar.
Peter: - Você não tem um carro? Ficar andando para um lado e para o outro de táxi vai custar uma fortuna.
Samuel: - Na verdade temos, mas Joseph e Liana, os amigos que lhe falei, saíram com o carro, e tomara Deus que estejam bem. Mesmo assim não podemos contar com nenhum carro agora.
Peter: - Acho que na situação em que nós dois estamos não podemos ficar sem carro.
Samuel: - Podemos comprar um carro velho em uma dessas lojas de usados, com 1000$ arrumamos um bom carro. Mas infelizmente minhas economias estão chegando ao fim.
Peter: - Bom eu posso comprar um carro. Talvez eu volte a Montana de carro.
Samuel balança a cabeça positivamente e conversa com o taxista para ir a uma revendedora de carros usados.
A dupla está em uma típica loja de carros usados de Boston. Samuel explica a Peter que vai conversar com o vendedor e tentar comprar sem registrar a venda do carro no nome deles. Senão qualquer um que rastrear a placa os descobrirá. Samuel entra no escritório do dono da revendedora e fica quase 30 minutos conversando. Depois, o vendedor e Samuel saem para olhar os carros, o interesse de Samuel recai sobre um antigo carro sedan verde escuro.
Samuel chama Peter para perto do carro e diz discretamente: - Peter consegui comprar um carro sem precisar de registro, ele quer 700 nesse verde, pelo que vi a mecânica está boa.
Peter olha apressadamente o carro e concorda com a compra, ele paga e os dois voltam para o motel em que Samuel, Joseph e Liana estavam hospedados.
Assim que entram no quarto, Peter tem sua consciência o intimidando a voltar atrás na decisão que tomara com relação à oferta da pensão... Porém passou toda sua infância sem saber quem era seu pai, e agora tudo começava a fazer sentido. A idéia de um futuro caótico o assombrava, mas o desejo por respostas parece ser melhor do que ficar em uma enorme casa sozinho em Montana.
Samuel fica perturbado sem saber o que aconteceu com Joseph e Liana, seus telefones estão desligados e suas coisas não estão mais no quarto. Algum tempo depois Peter conta toda a conversa entre os homens do governo, e Samuel conta sobre Liana e Joseph e o modo de vida que tem, como uma família que foge o tempo todo atrás de pistas e respostas.

O CARRO EM QUE PETER FOI LEVADO





SALA DO INTERROGATORIO DE PETER

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