BEM VINDOS

Somos um grupo de RPG que está jogando uma campanha há 11 anos, o sistema de regras que uso é de criação minha e devido ao gênero de jogo a batizei de HORROR. Em todo esse tempo dentro do jogo aconteceram muitas coisas que gostaríamos de imortalizar e a melhor maneira que encontramos para fazer isso foi tranformar o jogo em uma história dinâmica. A história que começa nesse espaço é o inicio do quarto ano que começamos em 2007, a cada sessão de jogo transcrevemos todo o acontecido em forma de história para gravarmos em nossas memórias a angustia vivida pelas almas de cada um e compartilharmos com aqueles que apreciam o gênero. Ao lado direito da página na seção "cada dia uma angústia" a história começa no dia 23/09/2005.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

DIA 23 DE SETEMBRO DE 2006; NOVO MUNDO, 109º DIA

DIA 23 DE SETEMBRO DE 2006; NOVO MUNDO, 109º DIA

Os dias passavam lentamente naquele quarto. Por vezes sem conta, pegava a faca para me sentir melhor. Novamente recorria a sentimentos ruins de ódio e vingança, como na época do sanatório... Quando sou privada de minha liberdade, começo a lembrar do passado. Olhava para Gabriela e lembrava a única vez em que amei alguém como ela ama Samuel... Minha melhor lembrança foi o nosso beijo em meu aniversário... Nunca mais o vi. Por onde estará ele agora? Espero que tenha sido levado ao paraíso como merece. Logo depois, lembro do sangue, do celeiro e das pessoas e essa lembrança boa praticamente apaga e me sinto mal. Quando me dou conta, estou encolhida em posição fetal na cama vertendo em lagrimas... Como no sanatório.

O resto do tempo procurava vender a idéia de rebelião às outras mulheres. Felizmente as recentes confusões encorajaram algumas delas. Algumas já estavam grávidas, pelo menos era o que parecia... Duas delas com certeza estavam e elas estavam fora... Por mais que aqueles porcos tivessem forçado aquelas mulheres, eles tinham razão quanto à sobrevivência da humanidade. Aquelas crianças precisavam nascer. Só lamento pelas mães que não poderão contar com um pai decente para seus filhos.

...

Lá fora, Era hora do banho. Por azar, desta vez o Capitão não estava presente e Todos lembram que por causa de Victor os marmanjos ficariam sem mulheres por um mês inteiro, certo? Pois os caras não perdoariam e muito menos deixar passar uma chance de castigá-lo. Logo outros soldados estavam em cima de Victor e se apenas o matassem seria lucro! O mendigo ali era bom de briga e esquivou de várias, porém a vantagem numérica se mostrou uma inimiga à altura e logo estaria fora de combate. Samuel tentava convencer o oficial que não iria mover uma palha, mas não culpe o soldado. Porque arriscar sua posição confortável pelo idiota que causou caos? Samuel também estava impossibilitado no momento, pois seria burrice arriscar ser morto, tendo tanto a perder... Havia mulheres lá embaixo contando com a ajuda deles.

Havia uma Janela fechada e mais uma vez Victor se mostrou temerário. Não é que o cara consegue se esquivar, resistir à balde de ferro na cabeça, se jogar contra uma janela pelado, não se cortar e ainda de quebra deixar um deles sangrando? Os caras são mesmo iluminados! Victor sai correndo pelo pátio e a confusão estava armada... Pega! Peguem o desgraçado!

...

Nosso marasmo habitual foi subitamente cortado por movimentos intensos acontecendo nos andares de cima. Gabriela foi a primeira a notar e quando ela pediu minha faca, percebi que nossos planos seriam antecipados. Não sabíamos o que estava acontecendo, mas pelo visto a ex-CIA via uma oportunidade de fuga e não seria eu a discordar. Organizei e ajudei as outras a se preparar para uma fuga. Que chances nós realmente tínhamos? A única mulher com capacidade de se defender ali era Gabriela e o pouco que eu sabia estava comprometido com minha barriga de gravidez. Com mestria, Gabriela usa a faca para destruir a tranca da porta... Agora, era tudo ou nada.

...

Samuel volta correndo ao quarto apanhar suas armas e coisas. O cara não ia agüentar muito tempo sozinho e apesar de todos os erros, agora é à hora de agir. Subitamente Victor surge do nada, nu em pelo e pegando suas coisas. Todos estavam caçando Victor que estavam bem debaixo de seus narizes. Não havia outra opção, era ir até a ala das mulheres, pegarem Laura e Gabriela para então poder...

- PARADAS GAROTAS!

Laura e as outras acabavam de serem descobertas! Elas adiantaram seus planos devido à confusão no banheiro e agora foram pegas por um soldado mais atento... Mas seria ele atento o bastante para perceber Samuel esgueirando-se pelas suas costas até ser tarde demais?

...

Mas que droga! Havia um único soldado ali impedindo nossa passagem... Apontava sua arma para nós e nada podíamos fazer ali, sem que alguma de nós pagasse o preço da liberdade das outras. Algo tinha que ser feito agora, enquanto havia apenas um... Mil imagens e planos passavam pela minha mente e precisava escolher algum antes que aquele homem chamasse os outros ou pior, matasse alguma de nós. Num primeiro impulso, uma de minhas mãos encosta na barriga e a outra empurra Tamara para as minhas costas... Felizmente não precisei executar o segundo impulso.

Uma lamina conhecida atravessa a garganta do soldado e o faz largar a arma. Quando cai, Vimos Samuel em toda a sua gloria. Por um momento fiquei feliz e aliviada por encontrá-lo e logo vi seu olhar fixo em Gabriela e vice Versa...



Um banho de água fria não teria um efeito tão forte quanto ver isso. Droga aquele não era o momento de sentir ciúme! Recuperando a frieza, fui até o corpo e apanhei a arma do cadáver, mal olhando para o infeliz. Eu estava totalmente focada em sair agora... Teria muita chance para conversas e avaliações mais tarde. Victor vinha logo atrás e tínhamos a janela e uma corda improvisada para a fuga em segundos. Apenas Victor caiu mais seriamente, mas ele é forte, mesmo com o pé aparentemente quebrado. Corremos para a mata fechada e por algum tempo estávamos seguros.

Ainda era meio dia e precisaremos de um lugar seguro para quando a noite chegar. Caminhamos por umas três horas até chegar ao bairro residencial. Neste momento quando olho para trás para ver se as garotas estão bem, Lembro que Tamara esta ali. Quase de imediato olho para Samuel indagando o óbvio e ele nega com a cabeça... Craig não tinha escapado com eles. O que dizer para uma menina que acabou de perder o pai? Não voltaríamos para salva-lo e pela cara que fez Samuel, ele não poderia ser salvo mesmo que voltássemos. Invadimos uma das casas de família e nos certificamos que não haveria criaturas La dentro, armamos nosso acampamento e nossa barricada momentânea. Este seria nosso lar por algum tempo.

Logo Tamara veio perguntar sobre o pai ao Victor, que foi seco e honesto ao dizer a verdade. Tamara abraça Victor com muita força e seu olhar era muito significativo... Poderia jurar que Tamara o via como o homem mais importante da vida dela a partir daquele momento. Como um Pai... Ou algo mais. Isso só me deixou mais amargurada, pois comecei a remoer meu passado novamente. Recolhi-me a minha insignificância em um dos colchões. Mal percebi que Samuel e Gabriela tinham sumido até a noite chegar. A Tamara não saia do lado de Victor e a obviedade do que o casal feliz estaria fazendo me deixa ainda mais amarga. Logo eles reaparecem e vi que Samuel estava quase sorrindo! Não sabia se ficava feliz por ele ou odiando sua felicidade e minha sina de carregar um filho sem pai! E esse ciúme me corroendo a alma... Eu precisava parar com isso, mas porque era tão difícil? Precisava me acalmar, esquecer... Mergulhar nas profundezas de minha memória e lembrar os meus tempos felizes, enquanto ainda posso.

LEMBRANÇAS...

Toda menina que chega as portas da adolescência, possui aquele Menino que admira e gosta de estar perto, mesmo morrendo de vergonha por isso... Mesmo eu, uma menina de 14 anos franzina e sem muitos atrativos que atraiam os garotos na época, tinha o escolhido que seria o alvo de meus afetos. Ele era bonito, cabelos negros, olhos castanhos e corpo atlético... O que não era para menos, já que era praticante freqüente de atividades esportivas da escola. O nome era Nicolas ou Nick para facilitar. Ele não era irlandês, mas Americano. Perece coisa de família não? Mamãe também teve que atravessar oceanos para achar a sua cara metade e quem sabe a historia não se repetia?

Sim, me apaixonei muito fácil. Coisas de adolescente talvez, mas não tive nenhum outro rapaz que me chamasse à atenção como ele... Era o seu jeito de ser que me atraiu... Reservado, discreto, um mistério para todos, até os colegas mais próximos. Eu tive dificuldades em fazer uma aproximação, pois minha vergonha estava literalmente explicita em minha face sempre que ele vinha cumprimentar ou simplesmente me dirigia à palavra... Mas o meu aniversário de 15 anos era a oportunidade perfeita e não poderia perder a chance. Era o que minha melhor amiga Melane me sugeria insistentemente. Ela me acompanhava desde o primeiro ano e logo nossas afinidades se revelaram... Éramos Muito parecidas nos gostos e atividades, mas não no físico. Ela era a personificação da garota ideal e já tinha um namorado. Invejava seu belo corpo, olhos claros e cabelos muito pretos e curtos... Mas eu a adorava, estávamos sempre juntas.

Foi Melane que armou toda a coisa do convite, com a ajuda do namorado que era colega próximo de Nick. Foi Perfeito... Ou quase devido às circunstâncias. Entre tropeços e gaguejos, eu o convidei. Quase não acreditei quando ele disse: Eu fico honrado pelo convite... Vou sim.

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