BEM VINDOS

Somos um grupo de RPG que está jogando uma campanha há 11 anos, o sistema de regras que uso é de criação minha e devido ao gênero de jogo a batizei de HORROR. Em todo esse tempo dentro do jogo aconteceram muitas coisas que gostaríamos de imortalizar e a melhor maneira que encontramos para fazer isso foi tranformar o jogo em uma história dinâmica. A história que começa nesse espaço é o inicio do quarto ano que começamos em 2007, a cada sessão de jogo transcrevemos todo o acontecido em forma de história para gravarmos em nossas memórias a angustia vivida pelas almas de cada um e compartilharmos com aqueles que apreciam o gênero. Ao lado direito da página na seção "cada dia uma angústia" a história começa no dia 23/09/2005.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

DIA 01 DE FEVEREIRO DE 2006


DIA 01 DE FEVEREIRO DE 2006

Depois de outra longa viagem, voltamos à cidade que se tornou praticamente nosso centro de operações. De minha parte não era o mais tranqüilo dos lugares, pois eu ainda era a “assassina da lavanderia”, procurada pela polícia, mas era o terreno onde melhor o grupo se situava e era grande o bastante para nos escondermos. Por mais estranho que possa parecer Nova York era o lugar mais seguro para nós.

Paramos em um hotel qualquer para um descanso rápido e planejamento. Uma rápida olhada na rede e as indicações de Victor descobrem que o endereço era de uma boate. Não querendo perder tempo, Nos dirigimos até lá. Era uma fachada típica, com luzes em néon e o segurança verificando convites. Não me perguntem o nome do lugar, pois não prestei atenção. Via nestes lugares como portais para um mundo paralelo a minha compreensão. Apesar disso, entrei junto com Peter no estabelecimento, enquanto Samuel e Victor vigiavam a entrada.

Minha idéia de diversão era outra em minha adolescência conturbada, por isso nunca tinha entrado numa boate. Muita gente, barulhos, Musica alta... Nunca vi muita graça nisso, a não ser algum ou outro show de rock que sempre foi meu gênero musical favorito, ao contrário do que muitas pessoas pensem que prefira musica country ou caipira (gente preconceituosa é dose). Minha mãe é culpada, pois herdei isso dela. Este gosto de minha mãe era uma divergência que tinha com meu pai, embora já tenha surpreendido meu pai ouvindo vários CDs de minha mãe, sentado na poltrona, com o olhar vagando em alguma lembrança feliz.

Voltando para a boate, Peter e eu sentamos numa das mesas e ele deixou um livro de Gaspar à vista para chamar a atenção de alguém. Minha mente estava tentando absorver o lugar e outras situações, mas percebi que o garçom se mostrou bem interessado. Logo ele chamou Peter para uma conversa em particular no banheiro masculino e eu fiquei na mesa. Havia um carro estranho do lado de fora e Samuel desconfiava de que seriam espiões ou perseguidores, por isso preferi vigiar as saídas. Nem vi direito quando ocorreu, mas Peter saiu apressado do banheiro e me puxando pelo braço em direção a saída. Samuel e Victor, que percebendo movimentação, entraram pelos fundos com as armas na mão, prontos para a confusão. Dois homens de preto, um saindo do banheiro e outro da entrada da boate também vieram armados. Começava o tiroteio.

Peter estava com a mensagem que viera receber e fugia comigo pelos fundos, já que não estávamos armados e já tínhamos o que queríamos. Samuel agiu primeiro e eliminou o primeiro homem que nos mirava dos banheiros com um tiro certeiro na cabeça. O Outro não recuou e devolveu os tiros. Era uma cena no melhor estilo faroeste, com direito a tiroteio, mesas viradas, pessoas correndo e gritando e afins. Eu em minha inocência peguei uma garrafa de Vodka e pensava em desacordar o cara. Agora pensando bem, seria uma burrice dantesca, mas no desespero a atitude parecia interessante.

Deixando isso de lado, Samuel não demorou muito a derrubar o outro. Sem saber se estava vivo, corremos todos para os fundos e fugimos. Isso provavelmente vai fazer mal para nossa imagem, mas e daí? Comparado à realidade “A”, isso não foi tão assustador... Repare, eu não disse que não foi perigoso.

Não podíamos voltar ao hotel. A Polícia estaria em nosso rastro e o grupo para variar sem saber o que fazer. Victor foi até um local menos freqüentado e ali ficamos. O recado para Peter era um tipo de enigma. Tratava-se da palavra “AIONOS”, uma frase aparentemente sem sentido e um código numérico.

Pessoalmente, resolver enigmas sempre foi um de meus passatempos favoritos. Meu corpo pedia por uma noite de sono, mas minha mente estava a mil! Algum tempo de atividade cerebral depois, lembrei porque o nome AIONOS me chamava à atenção. Ele é um Ocultista de algum renome e veracidade duvidosa que escreveu alguns livros sobre as artes ocultas.

AIONOS, bem inteiro, batido, lixado, idiota, ostensivo, Texas está cavado aqui. Anote o numero: 164327 e procure por ele.

Quanto à frase sem sentido, li muitas vezes. Eram palavras que não combinavam com o contexto, simplesmente jogadas em uma oração que nada dizia. Samuel estava empenhado num tipo de código que não me dei ao trabalho de compreender. Foi quando vi que todas as palavras começavam com letra maiúscula que a solução veio como um raio! Que burra eu estava sendo! Já tinha visto este tipo de enigma em um dos muitos romances policiais que devorei na infância. Não lembro o nome, mas era um policial na pista de um Serial Killer que adorava bancar o esperto e deixava pistas para o pobre policial e continuar seu jogo doentio. Tirando as letras maiúsculas e colocando na ordem que foi escrita, ficava da seguinte forma:

AIONOS, Biblioteca, 164327.

Depois disso o resto encaixou como uma luva! O numero era um código bibliotecário que era facilmente consultável na rede. Uma rápida visita aos acervos municipal, estadual e nacional descobre que este livro estava em Nova Jersey em uma biblioteca pública. Confesso que era a primeira vez em anos que sorria com sinceridade, que me senti bem comigo mesma. E também a primeira vez que me sentia parte daquele grupo ao qual fui destinada a seguir. Como eu disse a eles, foi agradavelmente estimulante! Pelo menos um mistério dos milhares que nos rodeia eu conseguiu ajudar a resolver. Uma vitória pequena, mas muito importante aos meus olhos.

biblioteca

Nenhum comentário: