BEM VINDOS

Somos um grupo de RPG que está jogando uma campanha há 11 anos, o sistema de regras que uso é de criação minha e devido ao gênero de jogo a batizei de HORROR. Em todo esse tempo dentro do jogo aconteceram muitas coisas que gostaríamos de imortalizar e a melhor maneira que encontramos para fazer isso foi tranformar o jogo em uma história dinâmica. A história que começa nesse espaço é o inicio do quarto ano que começamos em 2007, a cada sessão de jogo transcrevemos todo o acontecido em forma de história para gravarmos em nossas memórias a angustia vivida pelas almas de cada um e compartilharmos com aqueles que apreciam o gênero. Ao lado direito da página na seção "cada dia uma angústia" a história começa no dia 23/09/2005.

terça-feira, 17 de julho de 2007

01/11/2005 IV

A VOLTA 06:03am



Amanhece, Joseph vê os primeiros raios de sol que surgem sobre a cidade como se fosse um suspiro de Deus, o vento empurra o lixo pelas ruas, a sensação que tem é a de profunda dor, do desespero por tudo que aconteceu junto ao toque de felicidade do momento. Joseph debruça-se sobre o painel do carro e deixa que o sono o derrube.
Samuel abre os olhos, ver a luz do sol sobre o asfalto sujo da cidade o deixa mais otimista. Ele gira a chave do carro que liga! O barulho do motor acorda Joseph que fala ainda com muito sono:
- Funcionou?
Samuel:
- Sim. Vamos sair logo daqui.
Samuel dirige o carro em direção a saída da cidade, o balanço do carro acorda Liana que senta no banco ainda esfregando os olhos. Cortando as ruas vazias de Boxford Samuel passa em frente a igreja, Joseph olha para ela e ao olhar para cima não vê a janela onde estavam os sinos!
Joseph:
- Pára o carro!
Samuel freia o carro e pergunta:
- O que houve?
Joseph:
- Os sinos, a janela da igreja de ontem! Você lembra não lembra?
Samuel:
- Claro!
Samuel olha perplexo para a fachada da igreja que literalmente mudara da noite para o dia. Ele caminha em passos apressados até a porta fechada da igreja. Ao tentar abri-la verifica que está trancada. Joseph se aproxima e joga seu ombro contra a velha porta que cede. Ao abrir a igreja está intacta por dentro, os bancos que antes estavam empilhados e quebrados estão meticulosamente arrumados. Joseph corre para o altar, ele o empurra revelando a mesma passagem, ele desce até o mesmo lugar da noite passada, mas está tudo igual.
Joseph e Samuel voltam para o carro, e dirigem até a saída da cidade enquanto contam o que viram para Liana. O carro pega a estrada de volta e alguns minutos depois ao ver o tráfego todos sente-se bem ao ver outras pessoas, é o estranho sentimento que tem depois de ficarem em Boxford.


BOSTON 01/11/2005 01:00pm


Depois da curta viagem de Boxford a Boston o grupo decide hospedar-se em um hotel, alguns minutos circulando pela cidade até um pequeno hotel duas estrelas. O grupo faz o registro no hotel e vai até o quarto número treze. Duas camas de casal, televisão, telefone, uma mesa média e um banheiro. Ao entrar no quarto Liana põe a sua cadeira de rodas a carregar e Joseph trata de fazer sua higiene pessoal e comer alguma coisa. Samuel larga sua bagagem no chão, pega seu Notebook e o liga na Internet. Na rede ele procura nas associações de hotéis em Boston por algum hotel com o nome de Hotel Califórnia. Sem sucesso faz a mesma busca nos hotéis do estado da Califórnia, ele encontra dezenas de hotéis com esse nome, mas nenhum lhe chama atenção para solucionar o enigma.
Alguma horas depois todos estão sentados com suas anotações na mesa do quarto do hotel tentando desvendar o enigma da carta. Liana tenta somar os números, subtraí-los, mas nada faz sentido. Joseph percebe que todos os números são menores de 24, e aí pode estar a resposta! Ele pega a carta e uma folha de rascunho numera as letra do alfabeto em ordem. Depois substitui cada numero pela respectiva letra que formam as seguintes palavras: “Lista telefônica Boston pg.192 linha 38”. Liana pega na cômoda do quarto uma lista telefônica, abre na página 192, procura com a ponta do dedo a linha 38, lá está escrito: “Elvis Discos – Dorchester St”. Assim que Liana termina de ler todos vestem rapidamente seus agasalhos, querem ir ainda hoje antes que a loja feche!
São pouco mais de cinco horas da tarde quando o grupo chega no endereço. A rua em que a loja se encontra é movimentada, eles estacionam o carro e vão até a loja. O lugar é uma típica loja de discos de rock, Joseph vai até o balcão onde um homem de meia idade de cabelos e barbas longas o atende:
- Pois não?
Joseph:
- Existe algum disco ou alguma canção com o nome de hotel Califórnia?
Atendente:
- Bom acho que o mais famoso é o álbum Hotel Califórnia dos Eagles.
Joseph:
- Acho que é esse. Onde está?
Antendente:
- Tem no setor de cd’s e vinil, estão organizados por ordem alfabética.
Liana:
- Vou ver o cd. Você e Samuel olham o Vinil.
Joseph e Samuel caminham mais ao fundo da loja onde há uma pequena sala com clássicos em vinil, os dois começam a procurar pelo disco que o atendente falara. Os olhos de Joseph varrem as prateleiras até que se deparam com o disco. Ele o apanha, olha a capa e a parte de trás, mas não há nada de diferente. Ao tirar o disco de dentro da capa um pequeno pedaço de papel cai. Joseph avisa Samuel que encontrou o que estavam procurando, ele guarda o disco dentro da capa e lê o papel que diz: “Lenox, número 480. Cuidado com o fogo!”
Joseph lê em voz alta para que Samuel que pergunta:
- O que será que isso significa?
Joseph:
- Talvez nós precisaremos nos preparar para lidar com o fogo.
Samuel:
- Eu acho que o fogo que ele cita no bilhete é no sentido figurado. Não sei o que quer dizer, mas tenho certeza que é a pista.
Joseph põe o disco em baixo do braço, ao passar por Liana acena positivamente com a cabeça. Eles caminham até o balcão e Joseph pergunta:
- Quanto custa esse?
Atendente:
- Esse clássico em vinil custa 70 dólares.
Joseph:
- Tudo isso? Bem, acho que não vou poder levar.
Samuel:
- Tudo bem eu pago.
Samuel paga pelo disco e os três saem da loja e vão até o carro do outro lado da rua. Após ajudarem Liana a entrar no carro os três conversam sobre o que havia no bilhete:
Samuel:
- “Lenox, número 480. Cuidado com o fogo!” o que será que isso quer dizer?
Liana:
- “Lenox? Eu conheço essa rua! É uma das mais perigosas da cidade”.
Joseph:
- Vamos ao lugar então.
Joseph liga o veículo e dirige até o lugar. São pouco mais de seis horas da tarde, durante a viagem Samuel pica em milhares de pedaço o papel como foi pedido na primeira carta. Pouco mais de 40 minutos dirigindo pelas ruas de Boston até chegar a rua Lenox. A rua é quase deserta, muitos postes que iluminam as ruas estão sem luz e a distância entre uma construção e outra é maior que em outras ruas da cidade. Enquanto o carro anda lentamente pelas ruas todos olham atentamente para os números dos prédios procurando pelo número 480. Pouco depois Samuel diz:
- Ali! Número 480!
É um prédio residencial de seis andares. Nas ruas alguns jovens de gangues latinas observam o que os forasteiros fazem ali. Sem dar muita importância Joseph estaciona o carro em frente ao prédio. Os três desembarcam do veículo e vão até a entrada do prédio. Joseph caminha na frente, ao chegar na velha porta de metal verifica que ela está aberta, o grupo entra, logo a frente segue um curto corredor com um elevador no final, na direita a escadaria do prédio. Joseph:
- Eu vou pela escada. Vão pelo elevador, nos encontramos no último andar. Liana e Samuel pegam o velho elevador, nenhum som no prédio, a vizinhança parece ser calma no lugar. Assim que o elevador chega ao sexto andar Samuel vai até as escadaria onde escuta os passos de Joseph vindo ao seu encontro:
Samuel:
- Encontrou alguma coisa?
Joseph:
- Nada!
Samuel:
- O que acha de irmos para o terraço?
Joseph:
- Vamos lá.
Joseph sobe mais um lance de escadas, a porta que leva para o terraço está aberta, ele desce e ajuda Samuel a subir Liana.
Ao chegar no terraço os três encontram um grupo de jovens próximo ao para peito, eles parecem estar se drogando. Joseph caminha até a casa de máquinas, mas a porta está trancada. É quando um dos jovens, com roupas largas e olhar malicioso olha e pergunta:
- O que “tu ta” fazendo aqui!?
Joseph:
- E aí cara, tudo bem? Vocês é que coordenam a área aqui?
O jovem caminha exaltado em sua direção e diz:
- Sim! Como é que tu subiste aqui? Quem te deixou vir aqui?
Joseph:
- Meu pessoal “ta” procurando por drogas cara, me disseram que aqui eu ia achar.
O jovem olha desconfiado para Samuel e Liana, um homem negro bem vestido com um tapa-olho não é o tipo de usuário comum. Ele chega a pensar que é uma cilada da polícia, mas a garota na cadeira de rodas... Não parece fazer sentido. Então ele resolve negociar mesmo assim:
Garoto:
- O que é que tu procuras?
Joseph:
- Maconha...
Garoto:
- Quanto?
Joseph:
- Quanto custa o cigarro pronto?
Garoto:
-Cinco mangos cada um!
Joseph:
- Beleza, me dá cinco então.
O garoto caminha até os outros que estavam com ele, Joseph não vê Samuel, apenas Liana observando a conversa. Alguns segundos depois o garoto volta e lhe entrega cinco cigarros de maconha. Joseph lhe entrega o dinheiro e se vira para ir embora quando vê Samuel.Joseph:
- Onde estava?
Samuel:
- Eu fui procurar nos extintores de incêndio e olha o que eu encontrei na caixa de mangueiras de incêndio. As pistas eram obvias.
Samuel estende a mão e lhe mostra uma chave, presa nela uma pequena placa de plástico escrito “rodoviária de Boston, Armário 48”.
Joseph guarda a maconha no bolso de sua jaqueta e os três saem do prédio, sua próxima parada é a rodoviária de Boston.


A CHAVE ESCONDIDA


O BILHETE DENTRO DO DISCO

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