BEM VINDOS

Somos um grupo de RPG que está jogando uma campanha há 11 anos, o sistema de regras que uso é de criação minha e devido ao gênero de jogo a batizei de HORROR. Em todo esse tempo dentro do jogo aconteceram muitas coisas que gostaríamos de imortalizar e a melhor maneira que encontramos para fazer isso foi tranformar o jogo em uma história dinâmica. A história que começa nesse espaço é o inicio do quarto ano que começamos em 2007, a cada sessão de jogo transcrevemos todo o acontecido em forma de história para gravarmos em nossas memórias a angustia vivida pelas almas de cada um e compartilharmos com aqueles que apreciam o gênero. Ao lado direito da página na seção "cada dia uma angústia" a história começa no dia 23/09/2005.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

02/11/2005 II

NOVO RUMO QUARTA FEIRA 9:43am

Amanhece, Liana abre os olhos e depara-se com Joseph e Samuel sentados olhando para o vazio...
Liana: – O que aconteceu?
Samuel: - Muita coisa, não dormimos a noite inteira, tivemos uma visita... A mesma visita que tivemos naquela cabana que alugamos.
Liana: - Mas como!?
Joseph: - O importante é que não aconteceu nada de grave, acho que querem nos enlouquecer. Agora só quero esquecer o que aconteceu na noite passada.
Liana: - Temos que sair daqui!
Joseph: - Não podemos pegar o carro, ainda devem estar o vigiando.
Liana: - Meu dinheiro está acabando, mas ainda tenho o suficiente para comprarmos mais um carro.
Samuel: - Temos que pensar no que faremos quando nossas reservas acabarem...
Joseph: - Primeiro vamos sair daqui.

ESCONDIDOS SEXTA FEIRA 11/11/2005 06:32 am

Alguns dias depois o grupo está hospedado em outro hotel no subúrbio de Boston e consegue comprar outro carro. Foram nove dias de tranqüilidade, o bastante pelo menos para que todos organizem as idéias e ponham o sono em dia.
São 10:32 da manhã, faz alguns minutos que Joseph saiu do quarto do hotel para buscar alguma coisa para almoçarem, Liana toma banho e Samuel tenta falar pelo seu notebook com George, seu contato Hacker, sem sucesso. Beep! Beep! Beep! Há alguma coisa bipando dentro do quarto, Samuel levanta-se apressadamente. O som vem de cima da cama: é o celular de Joseph, ele deve ter esquecido, pensa Samuel. No display do telefone há uma mensagem de texto. Muito estranho, pensa ele, já que os telefones foram comprados com o único objetivo dos três se comunicarem, ninguém mais tem esse número. Sem pensar duas vezes Samuel lê a mensagem: as primeiras linhas de texto são caracteres incompreensíveis, talvez tenha dado algum erro de sistema. Mas ao continuar tentando entender a confusa mensagem ele encontra em meio aos caracteres:

0983749hefd9vn4nro43n0vfin4f0i24nmvm4j9d3874r9hewuncueniwgq97j9d3873984739sadwqseusobrinhoestánaruaFlintnúmero322fretgfdvb8gv4564t45t45grgjrukiuk7k7876ik7k88SamuelprecisairaruaKennedynumero12d98jd93n98e47912hd98h1iqjwer083u2980jr93jr9328jroimoifm380ur308u2j0r3j2r0j0mvc0sw8u29083j20fdgr654yy54yh54y765yuth65hyth6

Por alguns segundos Samuel fica sem reação, nos dados o campo do remetente da mensagem está em branco. Samuel fica pensando quem poderia ter enviado tal mensagem. Ele apressadamente se senta em frente ao computador, sua idéia é tentar invadir o banco de dados da operadora de telefonia celular a fim de rastrear de onde veio a mensagem. Enquanto os dedos de Samuel dançam alucinadamente sobre o teclado de seu computador. Joseph abre a porta, Samuel levanta da cadeira abruptamente, pega o telefone celular e diz:
- Olha isso! Mandaram para o seu telefone.
Joseph olha calmamente para o telefone e responde:
- Quem enviou isso?
Samuel: - Não sei, estou tentando descobrir isso agora!
Enquanto Liana sai do banheiro, Samuel volta para o computador e procura descobrir a origem da mensagem. Joseph pede para que Liana se arrume porque logo irão para o endereço indicado na mensagem.
Alguns minutos depois de Samuel invadir o banco de dados da operadora de telefonia, ele chega à origem da mensagem: foi enviada pela Internet, mas o IP (a identidade que permite a localização física do computador que enviou a mensagem) do computador que enviou não está disponível. Logo ele desiste da idéia e diz para Joseph:
- Acho melhor vermos esses endereços pessoalmente.
Joseph: - Também pensei nisso, Liana e eu vamos de carro para o endereço que diz onde está meu sobrinho, você vai para o que dizia seu nome. Leve seu celular, qualquer coisa manteremos contato.
Samuel desliga seu computador e o coloca na mochila, põe sua pistola no bolso do sobretudo e sai do hotel. Está muito frio e uma fina garoa cai sobre a cidade de Boston, Samuel toma um táxi e pede para que o motorista o deixe na Rua Kennedy em frente ao número 12. O táxi segue até chegar a Rua Kennedy, uma rua repleta de bares e clubes, hoje mesmo com a garoa e o frio os estabelecimentos estão cheios. O táxi pára em frente ao numero 12, é um café com algumas mesas na rua protegidas por um telhado. Samuel paga o taxista e caminha em direção a entrada do café. Ao chegar à porta principal de entrada ele escuta: “-Samuel!” Uma voz feminina muito familiar chama pelo seu nome. Ele olha em direção ao som, uma bela mulher branca de 1,70m e longos cabelos negros sentada à mesa, é Gabriela, o sentimento que tem nesse momento é indescritível, ele luta para manter o controle. Samuel a procura há anos, chegou a ter noticias de que ela havia morrido, mas ela está a alguns metros dele, muito mais linda do que a última vez que em que a viu. Ela o olha com um olhar triste enquanto ele caminha em sua direção. Assim que chega a sua mesa Gabriela diz:
- Samuel?
Samuel fica mudo olhando sem acreditar para o rosto dela enquanto se senta na cadeira do outro lado da mesa.
Samuel: - É você mesma?
Gabriela: - Não está me reconhecendo?
Samuel: - Muita coisa aconteceu... Meu Deus, não sabe o quanto esperei por esse momento. Eu realmente não sei o que dizer.
Gabriela: - Eu não queria que fosse assim, esse não é um encontro bom, não como eu queria que fosse...
Samuel: - Tem mais alguém aqui?
Gabriela: - Tem e na verdade há mais de uma arma apontada para sua cabeça agora. Mas fique tranqüilo, se fizer que eu disser, eles não vão o pegar. Também quero que saiba que o que aconteceu no nosso passado não foi exatamente da forma que você pensa.
Samuel fica quieto e ao som das palavras de Gabriela parece nem se importar em estar na mira de armas de fogo.
Gabriela: - Não sei se você sabe, mas tivemos um filho.
Samuel: - É claro que eu sei! Onde ele está agora??
Gabriela fala enquanto discretas lágrimas percorrem seu rosto:
- Ele foi arrancado de mim! No Parto! É uma longa história e não temos tempo para ela agora. Eu passei anos fugindo e te procurando. Minha vida agora é uma incerteza. Eu só estou aqui porque me obrigaram a estar.
Samuel: - Quanto tempo ainda temos?
Gabriela estende a mão a Samuel que a toca suavemente, assim que pega sua mão ele nota que ela está tentando passar um pequeno papel discretamente. Samuel beija sua mão e coloca o papel no bolso.
Gabriela: - Agora comece a brigar comigo! Ofenda-me com a maior raiva que conseguir, se simularmos uma briga e você for rápido conseguirá sair daqui com segurança!
Samuel: - E você?
Gabriela: - Eu vou ficar bem, agora faça o que estou lhe dizendo!
Samuel está tão feliz em ver Gabriela que é difícil até mesmo fingir que está com raiva dela. Ele respira fundo e repentinamente derruba a mesa em que está sentado e começa a insultar Gabriela: “- Sua cadela! Por que você fez isso comigo?” Todos que estão no local se voltam para Samuel, ele olha para um homem que está próximo e diz: “- Tá olhando o que babaca? Quer apanhar?” Em passos apressados Samuel vai até a calçada e acena para um táxi, embarca e pede para que saia dali.
Enquanto o táxi arranca e se movimenta pelas ruas, Samuel desembrulha o papel que Gabriela lhe entregou nele há um endereço: Avenida Massachusetts, número 2238, quarto 421. Enquanto Samuel pede para que o taxista vá até o local ele escreve a seguinte mensagem para o telefone celular de Joseph: “Cuidado! Saiam do hotel, pode haver uma emboscada!”. Poucos minutos depois o táxi pára em frente a um grande hotel de nome Bettina. Samuel entra no hotel e aluga o quarto 234.
Assim que se acomoda em seu aconchegante quarto, ele verifica sua pistola e sua mochila, toma o elevador e vai até o quarto 421. Chegando a frente à porta ele bate: Toc! Toc! Toc! Logo um jovem louro perto dos 25 anos, de calças jeans e moletom abre a porta e pergunta: “-Pois não?” Samuel entra no apartamento e empurra o rapaz, assim que o olha ele saca a pistola e mira nele. “Vamos, feche a porta!” O jovem fecha a porta em estado de choque e pergunta: “-O que você quer?” Samuel não responde, olha o banheiro e embaixo da cama para certificar-se de que não há mais ninguém no quarto. Enquanto isso o rapaz coloca a mão no bolso, retira todo o dinheiro que tem e pergunta: “- É dinheiro que você quer? Está aqui! Tome!”
Samuel começa a se perguntar quem é este homem, pelo jeito ele não sabe nada a respeito das coisas que se passam com ele, Joseph e Liana. Transtornado com a abordagem que acabara de fazer ele guarda a pistola no bolso novamente e diz:
Samuel: - Me desculpe.
Rapaz: - Você deve estar me confundindo com alguém.
Samuel: - Uma pessoa em quem confio muito me deu esse endereço. Pediu para que eu viesse aqui.
Rapaz: - Quem?
Samuel senta-se na cama e observa as paredes, afinal talvez ela quisesse que ele fosse até ali por ter algo escondido no quarto.
Samuel: - Qual seu nome?
Rapaz: - Peter.
Samuel: - Meu nome é Samuel. Mil perdões, eu não vim aqui para machucá-lo nem roubá-lo, só vim aqui por que há algo importante aqui.
Samuel se levantada da cama e começa a abrir gavetas e olhar dentro de armários.
Peter pensa em ligar para a emergência, mas esse homem deve ser louco, no entanto ele realmente não parece querer fazer mal, pensa Peter.
Peter: - O que você está procurando?
Samuel responde enquanto continua olhando todos os cantos e frestas: - Eu não sei. Uma pessoa me deu esse papel, veja. Reconhece a letra?
Samuel lhe entrega o pedaço de papel amassado, mas Peter continua pensando que esse homem estranho de tapa-olho só pode ser um maluco ou coisa assim.
Samuel: -Você é aqui de Boston?
Peter: - Não.
Samuel: - E o que faz aqui?
Peter: - Aconteceu uma tragédia na minha família vim aqui para resolvê-la.
Samuel: - Qual seu sobrenome?
Peter: - Gramsci. Mas só tenho meu sobrenome materno.
Samuel: - Então tem família aqui em Boston?
Peter: - Não mais.
Samuel: - Você é o que? Policial?
Peter responde em tom de voz assustado: - Não, eu sou historiador. Bem, acho que temos algo em comum, ambos estamos confusos, o que você quer aqui afinal?
Samuel caminha até a janela e responde com uma voz calma e triste: - Eu sei de muita coisa que a maioria das pessoas nem imagina. Não sei tudo, mas o que sei faria muitos enlouquecerem. É isso que faço, eu busco a verdade por trás das coisas. Você conhece Gabriela?
Peter o olha com certo olhar de admiração e diz: - Não. Eu não me importo de conversar, mas quero que descarregue sua arma, não me sinto bem com você armado.
Samuel tira a arma do bolso e a descarrega, coloca a pistola e o pente de balas sobre a cabeceira da cama.
Peter: - Qual seu nome?
Samuel: - Samuel.
Peter: - Estranho, acho que li seu nome em algum rascunho nas coisas de meu pai. Conhece um alguém chamado Gaspar?
Samuel transborda de felicidade enquanto exibe um largo sorriso e pergunta: - Você o conhece?!
Peter: - É complicado falar sobre ele, falei poucas vezes com ele, mas ele é meu pai.
Samuel: - Não acredito! Você é filho de Gaspar! Sabe onde ele está agora?
Peter: - Ele faleceu... É por isso que vim até Boston, vim reconhecer o corpo. Na verdade pelas poucas vezes que falei com ele vocês se parecem muito. Você fala coisas sem sentido como ele.
Samuel: - Parece que eu e seu pai temos muito em comum. Você sabe onde ele morava?
Peter: - Não, na verdade ninguém sabia. Ele era um paranóico, desconfiava de todos.
Samuel: - Peter você não faz idéia de como é importante que eu saiba o que seu pai sabia. Seu pai sabe muita coisa.
Peter: - Você quem está dizendo, mas eu sei que ele vivia buscando respostas. É difícil falar dele nesse momento, ainda mais com um estranho que entrou em meu quarto apontando uma arma para mim. Mas eu só vim levar seu corpo de volta para Montana. Não sei quanto tempo vou ficar aqui ainda, mas eu também tenho muitas dúvidas sobre meu pai. Para começar sua própria morte. Ele morreu em um acidente de carro, mas até onde eu o sei não tinha carro. Vou ser franco contigo, desde o começo achei que meu pai sofria de algum distúrbio mental ou coisa parecida, não pode ser coincidência você estar aqui me dizendo às mesmas coisas que ele. Ele só falou comigo em lugares públicos que sabia ser seguro.
Samuel: - Por exemplo?
Peter: - Dizia que pessoas estavam seguindo ele. Na verdade eu achava que aquilo era delírio total... Desde que nasci minha mãe nunca havia falado dele pra mim, cresci sem saber quem ele era, mas um dia encontrei uma carta dele escondida em um carvalho nos fundos de minha casa, era dele. Conversou comigo por cartas durante muito tempo. Eu guardei todas as cartas, mas roubaram toda minha correspondência que eu havia guardado pouco antes dele falecer. Talvez haja uma pessoa que possa nos falar sobre Gaspar, meu tio, irmão de meu pai, seu nome é Arthur, mas ele é tão paranóico quanto meu pai. Eu falei com ele uma única vez, foi quando ele me ligou dando a noticia da morte de meu pai, alias era ele que colocava as cartas secretamente no carvalho.
Samuel: - Você disse que ele trocava correspondências com você?
Peter: - Sim.
Samuel: - O que ele dizia nas correspondências?
Peter: - Muitos assuntos, mas ele falava sobre a realidade, sobre os sonhos, sobre eles serem reais. Ele me fazia perguntas, eu não sei se era pra saber como eu estava ou se ele queria que eu soubesse alguma coisa.
Samuel: - Você é filho único dele?
Peter: - Creio que sim.
Samuel: - Pelo pouco que escutei, confirmo o que achava, Gaspar era uma boa pessoa. Na verdade eu nunca o vi, eu queria muito encontrá-lo, mas não sabia nem por onde começar. E o que seu pai disse nessas cartas provavelmente era verdade. Pelo menos tenha certeza que ele não era louco, ele realmente estava sendo perseguido. Onde está o corpo de seu pai?
Peter: - No necrotério municipal.
Samuel: - Você já foi ver o corpo?
Peter: - Sim.
Samuel: - Não lhe informaram onde ele morava ou algo assim?
Peter: - Não. Na verdade disseram que ele seria enterrado como indigente, mas não me explicaram como descobriram que eu era seu filho.
Samuel: - Você não tem nenhum pertence dele?
Peter: - Nada, só sei que ele escrevia livros.
Samuel: - Sobre o que eram os livros dele?
Peter: - Sobre as mesmas coisas que ele falava, sonho realidade...
Samuel: - Sabia que já havia ouvido o nome de seu pai antes... Mas afinal o que você quer com ele?
Peter: - Na verdade só vim para levar seu corpo de volta, mas estou confuso agora, as coisas que aconteceram com ele e agora você e todas essas coisas que está dizendo! Estou muito confuso... Minha mãe tinha um diário, porém eu não sabia disso até que Gaspar falasse dele em uma das cartas, isso a cinco ou seis anos e ele me pediu para que cuidasse desse diário, pois segundo ele era muito importante. Um dia eu encontrei tal diário, estava no sótão da minha casa, cheguei a folhear, mas todo ele era escrito em italiano. Nunca mais o toquei, mas minha mãe ficou doente e pouco antes de falecer pediu para que fosse sepultada junto ao diário dela. Foi o que eu fiz, mas quando contei a Gaspar que havia feito isso ele quase enlouqueceu , disse que eu não poderia ter feito tal coisa. O pior de tudo é que ele estava certo, pouco tempo depois a polícia bateu a minha porta, eles disseram que alguém violou a tumba de minha mãe e adivinha, levaram só o diário. Depois disso Gaspar sumiu um tempo, acho que queria se esconder, eu acabei morando sozinho na casa e acordei muitas noites com a sensação de que alguém estava rondando minha casa, pouco tempo depois sumiram todas as cartas que eu guardava de Gaspar.
Samuel: - Não quero ser pessimista, mas acho que a maldição do pai passou para o filho.
Peter: - Acho que tem razão, ele sempre pareceu preocupado em que eu não me envolvesse nisso, que eu ficasse bem. Mas eu não estou entendo nada, estou muito confuso.
Samuel: - Se você quer saber quem é seu pai e sobre as coisas que estão lhe deixando confuso faça isso, mas tem que ser muito importante pra você, pois o preço dessa busca é alto demais.
Peter caminha até a janela e a abre olhando para rua, confuso e ao mesmo tempo preocupado com tudo que acabara de acontecer.
Peter: - Acho que estou tão envolvido que não sei se eu poderia esquecer tudo e seguir minha vida normalmente... E ainda aparece você! Imagine se um dia você abrisse a porta e aparecesse um homem apontando uma arma para você! Achei que você fosse me matar, juro que achei! Pensei que fosse alguém que estava atrás de Gaspar. Parece que as autoridades não enxergam isso. Isso é uma sucessão de absurdos!
Samuel olha pra Peter com muita pena, a sensação que tem é de que mais uma alma sofrera em busca das verdades que parecem não existir.
Samuel: - Peter, eu não sei tanta coisa assim, só sei o suficiente para sobreviver até agora. Quero que saiba que eu estou na mesma situação que seu pai, na verdade acho que agora ele está melhor. Desculpe-me te dizer isso, mas talvez você entenda um dia. Seu pai é quase um herói, em uma das cartas ele falou que estava vivendo com isso a mais de 45 anos, essas coisas começaram a fazer parte da minha vida apenas a oito anos e cada dia é pior.
Samuel: - Essas coisas que seu pai falava, isso interessa muito para alguns setores do governo. Em todo esse tempo eu já vi coisas, já li documentos que as pessoas nem sonham que existem. O que eu posso te oferecer é minha ajuda para buscar as respostas, as suas e as minhas respostas, mas o preço é alto.
Peter: - O que mais me intriga é que existem mais pessoas como Gaspar, você e meu tio, por exemplo, não pode ser por acaso.
Samuel: - Há muitas coisas que você precisa saber, mas não cabe a eu ficar despejando tudo que sei agora, você vai aprender com o tempo, até pelo fato das pessoas que se envolvem com isso acabarem em manicômios. O importante é que saibas que a verdade dói aos olhos o que irás descobrir pode causar arrependimentos de um caminho sem volta.
Samuel abre os botões da camisa e aponta para uma cicatriz no braço:
- Essa cicatriz, meu olho... São apenas algumas conseqüências do caminho que tenho trilhado, mas as feridas na mente e na alma, essas sim parecem não fechar nunca. É por esse motivo que não desejo a vida que levo para ninguém, muito menos para você que é jovem e tem toda uma vida pela frente. Antes que decida o que fazer, quero uma ajuda sua, preciso saber onde Gaspar morava. Sabe por onde posso começar minha busca?
Peter: - Até onde eu sei Gaspar era professor de física na universidade federal de Montana. Talvez possamos encontrar algumas coisas na rede.
Samuel abre sua mochila, pega seu notebook e o conecta a linha telefônica. A primeira coisa que ele faz é verificar os óbitos registrados no necrotério de Boston. Sem muita dificuldade ele realiza a pesquisa, mas não há ninguém com o nome de Gaspar.
Samuel: - Não há nenhum óbito com o nome de Gaspar, será que esse era seu nome real?
Peter: - Eu não sei.





BAR EM QUE SAMUEL ENCONTROU GABRIELA.


HOTEL EM QUE SAMUEL ENCONTROU PETER

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