BEM VINDOS

Somos um grupo de RPG que está jogando uma campanha há 11 anos, o sistema de regras que uso é de criação minha e devido ao gênero de jogo a batizei de HORROR. Em todo esse tempo dentro do jogo aconteceram muitas coisas que gostaríamos de imortalizar e a melhor maneira que encontramos para fazer isso foi tranformar o jogo em uma história dinâmica. A história que começa nesse espaço é o inicio do quarto ano que começamos em 2007, a cada sessão de jogo transcrevemos todo o acontecido em forma de história para gravarmos em nossas memórias a angustia vivida pelas almas de cada um e compartilharmos com aqueles que apreciam o gênero. Ao lado direito da página na seção "cada dia uma angústia" a história começa no dia 23/09/2005.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

20/11/2005

DESCANSO? – DOMINGO – 08:10 pm

Mais um hotel. A dupla entra em um quarto que acabara de alugar em um hotel nas margens da cidade, no quarto Samuel deita sobre um sofá enquanto contempla a carteira de identificação da CIA que pegou do agente. Enquanto Peter pergunta:
- Pelo amor de Deus, o que aconteceu hoje!? Eu acho que matei um homem e nem sei direito por que!
Samuel: - Desculpa Peter mas agora vai ser assim, tentar sobreviver um dia após o outro.
Peter: - Que história é aquela de Tríade?
Samuel: - É uma longa história, descobrimos certa vez que um membro Rosacruz estava tentando encontrar meu amigo Joseph, em meio às investigações posteriores descobrimos que havia uma aliança entre a Igreja católica, os Iluminatti e os Rosacruzes, essa parceria era chamada de Tríade. Mas tarde boatos nos levaram a crer que em vez dos Iluminatti eram os Maçons que estavam envolvidos nisso. Não sabíamos nada na verdade, se isso era global ou só aqui nos Estados Unidos. No fim Gaspar disse que isso tudo é mentira.
Peter: - Achei que tudo isso não passasse de historias, sei que os Iluminatti nasceram na renascença, enfim achei que tudo isso que se refere a seitas secretas fosse lenda.
Samuel: - Também achei isso, mas á alguma verdade nisso tudo.
Peter: - Você falou alguma coisa em egípcio, um nome eu acho...
Samuel: - Nyarlatotep?
Peter: - Isso!
Samuel: - Até onde estudei isso, foi uma entidade que andou entre os homens ou anda, não sei ao certo.
Peter: - E que história era aquela do presidente?
Samuel: - É nas ultimas eleições nós não vimos dois homens disputando o cargo da presidência, e sim duas sociedades. Bush é membro da Bones and Skull, ele mesmo já declarou isso, e Al Gore é um Iluminnati.
Peter: - Mas o que é afinal esse tal de Bones and Skull?
Samuel: - Eu não sei ao certo, mas escutei boatos de que é uma sociedade muito poderosa.
O som forte de sirenes de policia soam alto em frente ao hotel, Samuel corre para tentar ver pela janela o que está acontecendo, ele não consegue ver nada. Rapidamente ele e Peter juntam suas coisas e pulam a janela para a ruela na lateral do prédio. Mas infelizmente a única saída para ela é onde os carros estão parados. Dois carros pretos como a noite bloqueiam a saída da rua e uma voz sai de dentro de um deles: “- Joguem as mochilas no chão e ponham as mãos na cabeça!”. Samuel olha para Peter e diz: “- Fim da linha...”.
É perto da meia noite, um dos carros transporta Samuel e três agentes da CIA, o outro Peter e mais dois agentes. Os carros andam por mais de uma hora, até que um prédio comercial de luxo em uma zona predominantemente militar. Os dois algemados são levados pelos agentes para dentro do prédio, o elevador para no décimo sétimo andar. A dupla anda pelo que parece uma base improvisada. Samuel é trancado em uma sala branca vazia. Samuel nunca se sentiu tão morto quanto agora, ele espera cada minuto dentro da sala como se fosse seu último, sem esperança nenhuma de viver novamente. Quase 20 minutos e a porta se abre, um dos homens da CIA o conduz ainda de algemas, ele faz o caminho de volta quando passa por um rosto que custa a acreditar! Gabriela! Ela está bem arrumada e em sua lapela pende um crachá com a insígnia da CIA. As piores coisas passam por sua cabeça, ela teria o traído?! Mais uma vez? Samuel entra novamente no carro escoltado pelos agentes. Mais 40 minutos até que o carro entra em um prédio sem nenhuma identificação. Ele anda pelos corredores vazios e mal iluminados até passar por uma mesa, com um vigia gordo e desleixado que nada pergunta aos agentes. Assim que passam pelo vigia chegam a uma porta que um dos agentes passa um cartão no leitor óptico. A porta se abre, uma curta escadaria desce até outro corredor com portas de ambos os lados. As portas têm pequenas janelas de vidro onde se podem ver pessoas presas. O agente repete o procedimento que fez na porta anterior e deixa Samuel preso em uma sala acolchoada repleta de marcas de sangue. Agora só lhe resta esperar.
Peter é encaminhado para uma sala ainda no lugar que parece uma base improvisada. Alguns minutos depois e uma mulher branca de cabelos negros entra na sala e fecha a porta. Ela senta-se em frente a Peter e pergunta em tom ríspido:
- O que aconteceu rapaz?
Peter responde gaguejando e com medo: - Eu não sei. Eu não sei!
A mulher discretamente aponta para seu nome no crachá: Gabriela Mendes. E ela movimenta os lábios como se quisesse falar sem ser escutada, Peter olha para sua boca e Gabriela diz sem emitir nenhum som: “olhe sobre meu ombro, há uma câmera e um microfone, não fale mais do que eu pedir.”. Logo Gabriela fala novamente em tom ríspido:
- Sabe que estamos procurando por Gaspar não sabe?
Peter: - Sim eu sei.
Gabriela: - Sabe onde ele mora?
Peter: - Não.
Gabriela: - Você sabia que ele era seu pai?
Peter: - Não, até ele aparecer morto e me chamarem para o reconhecimento do corpo.
Gabriela: - Então ele nunca falou com você?
Peter: - Nunca, ele me mandava cartas, mas não sabia que ele era meu pai.
Gabriela: - E o que ele dizia nas cartas?
Peter: - Dizia que era um amigo queria saber se eu estava bem... Eu achei que era algum louco, mas como eram apenas cartas, não dei muita importância.
Gabriela movimenta os lábios em silencio novamente e Peter observa: “- Rua Orleans numero 760. Espere um táxi um quarteirão antes desse endereço, vai receber uma encomenda.”
Gabriela: - Acho que é só isso.
Gabriela levanta da mesa e quando sai da sala comenta para um dos homens : “-Eu não disse que ele era só um rapaz de Montana?” ela olha para Peter e diz: “-Desculpe pelo incomodo cometemos um erro, siga sua vida, pedimos perdão pelo erro que cometemos, um de nossos agentes vai te deixar em frente ao hotel onde foi pego.”
Como Gabriela disse, Peter é deixado em frente ao hotel com suas coisas. Sem entender nada o que aconteceu ele apenas quer seguir as ordens de Gabriela para que não tenha mais nenhuma surpresa. Ele pega um táxi e vai para o endereço que ela o disse, Enquanto espera um quarteirão antes como ela ordenara. Seu telefone celular toca, no display diz: numero confidencial. Ele atende:
- Alo?
Voz feminina: - É Gabriela. Tenho que ser breve, você vai receber um pacote com uma roupa e um cartão magnético, entre no endereço que te passei e liberte Samuel. Depois que fizer isso vá até a Rua Washignton na lanchonete King's às 2:48am em ponto.
Assim que desliga um táxi se aproxima de Peter, o jovem motorista pergunta: “- A encomenda é pra você?” Peter acena a cabeça afirmamente o rapaz lhe entrega um pacote e sai. Peter corre para uma rua escura e abre o embrulho em papel pardo, dentro tem uma calça social preta uma jaqueta de mesma cor, um crachá com o nome de Gregor Gholl e um cartão. Peter veste a roupa por cima da que está em uso e caminha até o prédio. Assim que passa pela porta de entrada chega a pensar que está no lugar errado já que não há ninguém. Ele caminha e em um corredor vê o vigia gordo dormindo ao som de uma música de seu rádio sobre a mesa. Peter caminha furtivamente até se deparar com uma porta trancada, ao ver o leitor de código de barras ele passa o cartão que Gabriela enviou. A porta se abre, ele desce o curto lance de escadas até ver algumas portas trancadas, pelas janelas das portas ele olha o interior das câmaras, até que vê Samuel. Peter abre a porta passando o cartão na leitora, Samuel ergue a cabeça e não acredita no que vê! Peter diz: “- Disfarce, vou tirar você daqui como se fosse um preso.”. Samuel não diz nada, apenas caminha ainda algemado em frente a Peter. Assim que Peter passa pela porta vê o vigia acordado que se mostra surpreso ao ver a cena. Peter finge que está tudo dentro do normal e continua caminhando e assim que passa pelo vigia ele diz: “- Hei!”
Peter responde já preparado para o pior: - Sim?!
Vigia: - Precisa assinar isso aqui.
Peter suspira aliviado quando o vigia lhe dá uma planilha de papel para ser assinada. Peter assina de qualquer maneira a folha e sai do prédio.
Assim que os dois chegam do lado de fora Peter dá seu casaco para que Samuel esconda suas mãos algemadas:
- Cubra as mãos para que não vejam as algemas.
Samuel: - Graças a Deus! Como conseguiu?
Peter: - Agradeça a Gabriela, foi ela quem conseguiu que eu viesse aqui e te soltasse. Falando nisso temos que correr para a lanchonete, ela está nos esperando lá. Peter acena para um táxi e dá o endereço da lanchonete que Gabriela pediu que a encontrasse para o taxista. Quase uma hora depois o táxi pára em uma lanchonete perto da saída da cidade, os dois descem do táxi e entram no lugar. Samuel olha uma mesa ao fundo, Gabriela está lá sentada. Assim que os dois se aproximam vêem Gabriela já com os cabelos soltos e semblante preocupado. Peter e Samuel sentam-se a sua frente. Gabriela estende a mão com uma pequena chave e a entrega a Peter que tira as algemas de Samuel.
Gabriela com um rosto desesperançoso diz olhando para Samuel:
- Acabou pra mim. Demorei anos para chegar aonde cheguei... Ao menos salvei sua vida.
Samuel: - Porque você fez isso? Não deveria ter feito isso!
Gabriela: - Agora é tarde para se arrepender. Desviei material de um agente, logo eles vão descobrir que fui eu.
Samuel: - Fuja com agente.
Gabriela: - Não posso. Da mesma maneira que você construiu seus laços eu construí os meus. Não tenho muito tempo, só vou lhe pedir para nunca desistir, da mesma maneira, eu vou continuar lutando. Talvez agente se encontre em um futuro, agora eu preciso ir.
Samuel: - Uma ultima coisa. Você me viu nos campos verdejantes?
Gabriela: - Não... Mas vi nosso filho. Disseram a você que eu estava morta?
Samuel: - Sim.
Gabriela: - Queriam que eu pensasse o mesmo de você, mas eu sentia que você estava vivo. Samuel... Preciso ir agora logo vão estar nos procurando aqui. Procure por um homem chamado Carl Hudson.
Gabriela levanta-se da mesa, Samuel levanta também e pergunta: - Tem alguma maneira de nos comunicarmos em segurança?
Gabriela: - Não, você foi pego por causa de seu telefone celular. Localizaram via GPS, descobriram suas identidades falsas, suas e de seus amigos. Pegaram a pessoa que fez elas para vocês também.
Samuel: - Sabe como eles estão?
Gabriela: - Não, mas não foram pegos ainda.
Gabriela olha para Samuel como se fosse pela ultima vez, ela pega em sua mão calejada de tantas batalhas, Samuel corresponde e ela que diz: - Não esqueça: não vamos desistir nunca.
Samuel: - Nunca! Nunca.
Gabriela solta à mão de Samuel e vira-se para ir embora, quando ele a puxa pelo braço e a coloca contra seu corpo lhe dando um longo beijo, uma sensação que ele não sentia há muitos anos, a paixão, ele aproveita o momento como se o beijo fosse de despedida. Ela o retribui o gesto por alguns instantes, coloca a mão no seu rosto e diz: “- Esse foi melhor do que nosso primeiro beijo.” Os olhos de Gabriela se enchem de lagrimas ela dá as costas e sai da lanchonete em passos acelerados. Samuel olha para Peter e diz: - Vamos sair daqui...
Na mesma madrugada o grupo vai para um hotel na saída da cidade leste.

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