BEM VINDOS

Somos um grupo de RPG que está jogando uma campanha há 11 anos, o sistema de regras que uso é de criação minha e devido ao gênero de jogo a batizei de HORROR. Em todo esse tempo dentro do jogo aconteceram muitas coisas que gostaríamos de imortalizar e a melhor maneira que encontramos para fazer isso foi tranformar o jogo em uma história dinâmica. A história que começa nesse espaço é o inicio do quarto ano que começamos em 2007, a cada sessão de jogo transcrevemos todo o acontecido em forma de história para gravarmos em nossas memórias a angustia vivida pelas almas de cada um e compartilharmos com aqueles que apreciam o gênero. Ao lado direito da página na seção "cada dia uma angústia" a história começa no dia 23/09/2005.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

20 DE FEVEREIRO DE 2006

REALIDADE III
DIA 20 DE FEVEREIRO DE 2006

Não é fácil recomeçar a viver, ainda mais começando do zero. Tínhamos apenas as roupas do corpo e um cassetete... Não serviria para viver por muito tempo. Victor mexeu os seus pauzinhos e no dia seguinte conseguiu arranjar um lugar para morar. Verdade que era um buraco no meio do Brooklin, mas estava ótimo para quem não tinha nada. Victor logo estava fazendo alguns bicos e eu não podia ficar para trás. Também tratei de arranjar um trabalho e cuidar da casa... Nunca ninguém perguntou, mas acredito que as aparências estavam mantidas por hora.

Um fato para registro: Tentei ligar para a minha mãe... O resultado? O número não existe. Tentei procurar pelo nome e também não encontrei nada... Mary Mc`cloud parecia nunca ter existido. Havia muitas teorias, mas esta seria mais uma comprovação de que esta não é a nossa realidade... Ou que de alguma forma, toda ligação que havia com o passado foi extinta. Mas havia uma mãe nesta realidade... Uma da qual eu ouvira falar ainda no sanatório... Eu precisava encontra-la.

Os dias foram passando e estávamos um pouco mais firmes. Era chegada a hora de pensar numa maneira de tirar Samuel do sanatório. Victor conseguiu armas e eu estava me preparando para uma visita preliminar... Mudei a minha aparência drasticamente, esperando que não me reconhecessem quando chegasse lá. Deixei meu cabelo curto e o pintei de preto. Uma passada em um brechó me daria uma roupa diferente que me deixaria mais velha, assim como a maquiagem... Pena que eu nem mesmo chegaria a usar.

Naquela noite eu estava dando os últimos retoques no disfarce e Victor assista TV quando a energia elétrica se foi. Em minha eterna desconfiança, já empunhava o cassetete e apurava os ouvidos. Alguns poderiam pensar que era apenas uma queda de luz... Mas no nosso caso nunca é tão simples certo? O velho frio na espinha estava lá, avisando que algo iria acontecer... A porta de entrada começou a se abrir lentamente... Dela saiu um grupo de crianças bizarras e deformadas. Pareciam pequenos extraterrestres, mas seus guinchos eram algo parecido com criança gritando ou um porco sendo abatido... É difícil descrever, mas eram bichos horrendos. Tudo a nossa volta parecia mais escuro e pesado. As coisas vinham na nossa direção... Victor pensou rápido e saiu pela janela, aproveitando a escada de incêndio comigo em seus calcanhares.

Ganhamos a rua e corremos para o local mais populoso e iluminado que encontramos... Uma lanchonete a algumas quadras do apartamento. Meu coração pulava no peito, como há muito tempo não acontecia. Muito tempo de uma vida cotidiana me fez esquecer muita coisa, mas aquelas criaturas me lembraram de que aquela não era a minha vida e que eu não teria paz... Pelo visto o meu destino continua não pertencendo a mim. Ficamos na lanchonete um bom tempo até criarmos coragem para pegar o carro e ir embora. Grande erro! Eles estavam no carro também. Inferno! Estas coisas não deixarão a gente em paz? Victor se distraiu por um segundo... Mais que o suficiente para fazer o carro bater em um poste...

Depois de tudo o que passei... Morrer de acidente de carro parece tão patético não é?



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