Diário de Samuel 05/10/2005
Já não sinto mais dor... De relance, consigo ver algumas pessoas vestidas de branco, atarefadas ao tentar salvar mais uma vida... A minha.
Longe, escuto algumas palavras pessimistas: “Ele não vai sobreviver...” “Vai ser uma cirurgia complicada” ”Provavelmente não vai resistir...” Não sei se são o efeito da anestesia ou (talvez e mais provável) todo o sofrimento de uma luta que perdura longos sete anos... Mas o pessimismo de alguns médicos soa tão doce quanto um coro de anjos ao entoar a melodia do nascimento, da Criação. Seria como ganhar na loteria... Mas, ainda delirando, escuto uma voz de um jovem médico dizendo: “ainda não”...de repente, a escuridão devora tudo em minha volta... Minha ultima visão é a do jovem médico me olhando... E sorrindo...
Acordo... Não consigo sentir boa parte do meu corpo... Estou respirando com um tubo em minha garganta... Tento esquadrinhar o quarto com meu olho direito, mas, mal consigo mexer a cabeça... Por muitas horas, a única coisa que consigo ver no quarto, pregada em uma parede do mesmo, bem de fronte a mim, é um crucifixo com Jesus Cristo pregado... Talvez em toda a minha vida... Nunca havia reparado em sua face... Um sofrimento insuportável, uma tristeza tão profunda que até eu não agüentei... Fiquei surpreso quando uma tímida lágrima correu de meu olho...
Então... Um sentimento muito bom me confortou... Não sei ao certo como defini-lo...mas era bom...Lembranças do passado começaram a invadir minha mente de forma aleatória...da minha infância, a época da inocência...até Gabriela. Nossos passeios e convivência juntos... Depois... A culpa me assola... Começo a compreender que tudo aconteceu porque fui infantil... Porque fui imaturo... Porque fui covarde... Com medo da felicidade...
Se não tivesse entrado nesse mundo... Se não tivesse feitos essas escolhas... Gabriela estaria viva... E estaríamos juntos, criando nosso filho... Enfim... As coisas estariam bem melhor do que poderia imaginar um dia. Mas o que mais me destroe é que se eu pudesse voltar ao passado... Teria feito as mesmas escolhas... e as coisas estariam exatamente com estão agora... Mas por quê? Por que eu faria as mesmas escolhas? Talvez essa tenha sido a única crueldade de Deus para comigo... Talvez tudo aconteceu porque Ele já havia decidido assim... Talvez Ele tenha me manipulado para que eu escolhesse assim... Logo, eu não possuo o Livre- Arbítrio? Não sei... Mas sou grato a Ele por ter me proporcionado essas escolhas, sou grato por ter encontrado amigos como Joseph e Liana, que dividem a dor do mundo comigo... Também nunca vou esquecer de George e Nycon, que se foram e que peço nas poucas orações que faço para que estejam bem...
O jovem doutor adentra o quarto com certa cautela, interrompendo meus pensamentos. O mesmo diz que tive sorte e que tudo vai ficar bem. Pergunto sobre ,eu olho, não que isso importasse, e ele diz que o perdi parcialmente mas, ele da esperança de que um dia poderei enxergar...
Penso que numa guerra convencional, eu seria um soldado e que minha atual situação seria o suficiente para abandonar a mesma. Mas no meu time há poucos soldados dispostos.
A cada ferimento que recebo, cada vez que chego perto da morte, cada vez que insisto em continuar vivo... Me da mais força pra continuar a luta...
Longe, escuto algumas palavras pessimistas: “Ele não vai sobreviver...” “Vai ser uma cirurgia complicada” ”Provavelmente não vai resistir...” Não sei se são o efeito da anestesia ou (talvez e mais provável) todo o sofrimento de uma luta que perdura longos sete anos... Mas o pessimismo de alguns médicos soa tão doce quanto um coro de anjos ao entoar a melodia do nascimento, da Criação. Seria como ganhar na loteria... Mas, ainda delirando, escuto uma voz de um jovem médico dizendo: “ainda não”...de repente, a escuridão devora tudo em minha volta... Minha ultima visão é a do jovem médico me olhando... E sorrindo...
Acordo... Não consigo sentir boa parte do meu corpo... Estou respirando com um tubo em minha garganta... Tento esquadrinhar o quarto com meu olho direito, mas, mal consigo mexer a cabeça... Por muitas horas, a única coisa que consigo ver no quarto, pregada em uma parede do mesmo, bem de fronte a mim, é um crucifixo com Jesus Cristo pregado... Talvez em toda a minha vida... Nunca havia reparado em sua face... Um sofrimento insuportável, uma tristeza tão profunda que até eu não agüentei... Fiquei surpreso quando uma tímida lágrima correu de meu olho...
Então... Um sentimento muito bom me confortou... Não sei ao certo como defini-lo...mas era bom...Lembranças do passado começaram a invadir minha mente de forma aleatória...da minha infância, a época da inocência...até Gabriela. Nossos passeios e convivência juntos... Depois... A culpa me assola... Começo a compreender que tudo aconteceu porque fui infantil... Porque fui imaturo... Porque fui covarde... Com medo da felicidade...
Se não tivesse entrado nesse mundo... Se não tivesse feitos essas escolhas... Gabriela estaria viva... E estaríamos juntos, criando nosso filho... Enfim... As coisas estariam bem melhor do que poderia imaginar um dia. Mas o que mais me destroe é que se eu pudesse voltar ao passado... Teria feito as mesmas escolhas... e as coisas estariam exatamente com estão agora... Mas por quê? Por que eu faria as mesmas escolhas? Talvez essa tenha sido a única crueldade de Deus para comigo... Talvez tudo aconteceu porque Ele já havia decidido assim... Talvez Ele tenha me manipulado para que eu escolhesse assim... Logo, eu não possuo o Livre- Arbítrio? Não sei... Mas sou grato a Ele por ter me proporcionado essas escolhas, sou grato por ter encontrado amigos como Joseph e Liana, que dividem a dor do mundo comigo... Também nunca vou esquecer de George e Nycon, que se foram e que peço nas poucas orações que faço para que estejam bem...
O jovem doutor adentra o quarto com certa cautela, interrompendo meus pensamentos. O mesmo diz que tive sorte e que tudo vai ficar bem. Pergunto sobre ,eu olho, não que isso importasse, e ele diz que o perdi parcialmente mas, ele da esperança de que um dia poderei enxergar...
Penso que numa guerra convencional, eu seria um soldado e que minha atual situação seria o suficiente para abandonar a mesma. Mas no meu time há poucos soldados dispostos.
A cada ferimento que recebo, cada vez que chego perto da morte, cada vez que insisto em continuar vivo... Me da mais força pra continuar a luta...
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