BEM VINDOS

Somos um grupo de RPG que está jogando uma campanha há 11 anos, o sistema de regras que uso é de criação minha e devido ao gênero de jogo a batizei de HORROR. Em todo esse tempo dentro do jogo aconteceram muitas coisas que gostaríamos de imortalizar e a melhor maneira que encontramos para fazer isso foi tranformar o jogo em uma história dinâmica. A história que começa nesse espaço é o inicio do quarto ano que começamos em 2007, a cada sessão de jogo transcrevemos todo o acontecido em forma de história para gravarmos em nossas memórias a angustia vivida pelas almas de cada um e compartilharmos com aqueles que apreciam o gênero. Ao lado direito da página na seção "cada dia uma angústia" a história começa no dia 23/09/2005.

domingo, 7 de outubro de 2007

DIário de Samuel 10/11/2005

Começo escrevendo e sentindo uma coisa que há muito tempo não sinto. Um sentimento que muitos buscam, na verdade essa é a grande divagação da humanidade, e seu maior objetivo. É difícil descrever detalhadamente o que sinto, mas resumidamente posso dizer que estou feliz.
Quando o celular de Joseph apitou em cima da cama, senti que algo aconteceria. Contive-me por alguns segundos, mas depois não resisti e peguei o celular. Era uma mensagem. Alguns códigos apareceram, a mensagem continha alguns erros que ocorreram no envio da mesma. Ainda na esperança de que a mensagem não tivesse sido totalmente corrompida, comecei a passar o botão e de repente vi algo que era então inconcebível nessa altura dos acontecimentos, a localização do sobrinho de Joseph e outro endereço onde eu deveria ir. Minhas pernas ficaram fracas, eu caí na cama. Então alguma coisa, uma energia ou coisa que valha começou a tomar conta da minha alma, como se eu tivesse levado uma injeção de vida. Eu havia voltado à vida. Estava eufórico. Tentei me acalmar antes que Joseph e Liana viessem. Tinha que pensar. Com certeza era uma armadilha. Mas não importa. Nós sempre íamos de encontro às armadilhas e sempre conseguíamos se safar delas. Não seria diferente agora. Eu sentia isso.
Joseph apareceu e eu falei o que havia acontecido. Ele agiu com descrença e eu não pude esconder minha euforia com o que tinha acontecido. Não podia, digo, não deveria ignorar o que havia acontecido. Joseph me perguntou se eu iria ao tal endereço e, sem pestanejar, disse que sim. Peguei meu laptop, minha rapier, a pistola e algum dinheiro e olhei pela última vez o rosto de Joseph. O seu rosto transmitia pena, como se ele tivesse pena de mim. Foi estranho. Mas não pensei muito. Sentia que talvez essa noite tudo acabasse.
Chegando ao endereço indicado, vi que se tratava de um bar. Havia bastante movimento. Deixei do táxi depois de alguns segundos, totalmente paranóico. Olhava todas as sombras tentando achar algum indício de armadilha. Nada. Parecia tudo normal. Então fui até o bar, lentamente. Passando pelas pessoas que havia na calçada sentadas em cadeiras, cheguei até a porta de vidro. No reflexo da porta, vi algo que não acreditei. Pensei que fosse alucinação. Fiquei estático, não conseguia me mover. Não podia ser verdade. Olhando para trás, vi Gabriela sentada em uma das cadeiras, apoiando seus braços na mesa a sua frente. Essa era a armadilha, pensei. Ela me fez um sinal, convidando-me a sentar com ela. Fui lentamente até a cadeira vazia à sua frente, olhando para todos os lados. Sentei-me. Por segundos que pareceram anos, contemplei sua face. Meu Deus como eu fiquei feliz em vê-la. Sua face estava diferente, com uma expressão cansada. Voltei à realidade. Perguntei como ela estava e a resposta foi exatamente como previ. Sua vida havia se tornado um pesadelo, que eles haviam tirado o filho dela. Ela me disse que havia muitas armas apontadas para minha cabeça naquele momento. Não havia nada a ser feito. Ela pegou minha mão e disse que gostaria de dizer que tudo que aconteceu foi um erro e que seus sentimentos por mim eram fortes. Na sua mão havia um papel com algo escrito. Aproveitei e peguei sua mão e coloquei junto a minha face. Senti-me recompensado. Senti-me em paz. Ela pediu que começasse a brigar com ela pra que eu pudesse sair daquela situação. Percebi naquele momento que tudo o que quero agora é ela. Não me importa mais essa história de conspiração, de intrigas, de Tríade, de Flauros... Tudo que quero é estar com ela. No momento em que estava brigando com ela, eu não há via, mas sim todos os bastardos que acabaram com minha vida. Com a vida dela. Nunca estive tão perto da felicidade como hoje. Agora percebo que a amo... Que a amo muito. Com tudo isso que aconteceu hoje, com o aparecimento de Gabriela, com a possibilidade de meu filho estar vivo, percebo que ainda há uma chance, que há uma possibilidade de ser feliz.
Hoje fui egoísta. Fui egoísta por que fiquei feliz. Sei que a felicidade não é uma coisa que eu vá alcançar em benefício prórpio porque já estou condenado, é tarde demais pra mim. Estou feliz porque Gabriela e Gabriel podem ser felizes, eles ainda têm uma chance de ser feliz. E eu estou disposto a fazer qualquer sacrifício pra que isso aconteça...

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