BEM VINDOS

Somos um grupo de RPG que está jogando uma campanha há 11 anos, o sistema de regras que uso é de criação minha e devido ao gênero de jogo a batizei de HORROR. Em todo esse tempo dentro do jogo aconteceram muitas coisas que gostaríamos de imortalizar e a melhor maneira que encontramos para fazer isso foi tranformar o jogo em uma história dinâmica. A história que começa nesse espaço é o inicio do quarto ano que começamos em 2007, a cada sessão de jogo transcrevemos todo o acontecido em forma de história para gravarmos em nossas memórias a angustia vivida pelas almas de cada um e compartilharmos com aqueles que apreciam o gênero. Ao lado direito da página na seção "cada dia uma angústia" a história começa no dia 23/09/2005.

terça-feira, 17 de julho de 2007

01/11/2005 III

A IGREJA 4:21am

Alguns minutos caminhando até que os três chegam à igreja. A fachada é simples, no topo uma pequena e discreta cruz, Joseph empurra a porta dupla de madeira clara. Ao olhar para dentro, os bancos estão empilhados como se fossem trincheiras perto do altar, há muita sujeira no chão e nas paredes. Samuel ao entrar faz o sinal da cruz ao ajoelhar-se e caminha até a parede ao fundo da igreja. Joseph e Liana o seguem. Quando Joseph vira seus olhos para o altar um rápido flash do símbolo que viu na vitrine do shopping aparece em sua mente incrustado em um altar de madeira...
Joseph:
- O símbolo que eu vi no shopping... Eu já o vi em algum altar como um entalho ou coisa parecida.
Liana vai até os fundos da igreja e entra em um pequeno escritório, ela procura por algum tempo e encontra o livro de registros de batismos, não há nada marcado no dia 16 de outubro. Ela procura por mais alguma pista e contra uma estranha foto muito antiga onde há padres e crianças, parece uma foto do final do século XIX com os fundadores da igreja ou algo assim, mas o que mais lhe chama atenção é que há quatro buracos simétricos na fotografia, como se fossem feitos de propósito. Liana pega a grande fotografia e volta onde está Joseph e Samuel. Joseph não está com bons pressentimentos e sabe que o significado disso não é bom. Na parede a esquerda há uma cabine, provavelmente um confessionário, ao lado do altar uma pia batismal. Ele caminha até o altar. Do lado de trás do altar Joseph vê o mesmo símbolo que havia visto em sua mente, mas não é o mesmo altar de suas lembranças! Ele mostra o símbolo para Liana e Samuel, Samuel, vasculha em sua mochila sua câmera fotográfica e bate uma foto do símbolo do altar. Joseph olha de perto o símbolo, e vê que há marcas debaixo da estrutura de madeira do altar. Joseph empurra o altar que despenca no chão com um grande barulho. O altar revela uma escadaria que desce, antes escondida. Samuel, Joseph e Liana se olham. Joseph e Samuel ajudam Liana a descer as escadas. Joseph toma a dianteira e desce primeiro, alguns poucos metros abaixo há uma porta rústica de madeira com o mesmo símbolo desenhado em vermelho do altar.
Abrindo a porta segue uma um curto corredor subterrâneo até chegar em outra porta de madeira, Samuel abre e todos vêem algo como uma minúscula capela improvisada, há duas fileiras de três bancos, na frente um pequeno altar com uma toalha decorativa, uma pequena piscina batismal do lado do altar e atrás uma porta. O grupo caminha pelo rústico lugar com chão e paredes de pedra procurando por alguma coisa, Samuel vai até a porta ao fundo, ao abrir vê uma pequena sala, uma mesa sem nada em cima e um cofre muito antigo embutido na parede. Samuel chama por Joseph que chega e olha o cofre, ao ver de perto sabe que será impossível abrir tal cofre. Todos ficam desolados e sem saber o que fazer, procurando por alguma coisa, até que Joseph tira a toalha decorativa do altar e descobre um painel sob uma falsa tampa com a seguinte seqüência de números:




Joseph olha para os números perplexo sem saber o que fazer, Liana caminha até o altar e olha o mesmo. Ambos procuram por alguma seqüência. Quando Samuel olha a painel numerado pede a foto com os furos para Liana. Ao lhe entregar a fotografia Samuel põe por cima dos números e em destaque nos furos ficam os números 8, 5, 7 e 4 em evidencia.

Samuel corre para o cofre e tenta a combinação começando pelo lado esquerdo. O cofre destranca e abre na primeira tentativa. Dentro do cofre um livro, Joseph o apanha, parece um livro de registros, aleatoriamente há registros de casamento, batizados e bênçãos. Joseph procura pela data de batizado de Ethan e lá encontra, o último batizado realizado dia 16 de outubro de 2005. Joseph pega em seu bolso a lista de nomes que pegou no caderno do hotel e compara com o livro de registros, todos os nomes estão no livro encontrado dentro do cofre. Enquanto os três olham atentamente o livro um forte barulho os tira a atenção: Toc! Toc! Toc! Alguém está batendo na porta que leva a saída! Joseph faz sinal para que Samuel abra a porta enquanto ele aponta sua arma, Liana permanece parada atrás de Joseph. Samuel vai até a porta e com um movimento rápido abre a porta! Joseph vê um homem cabelos grisalhos e um longo sobretudo de costas, parecia ter desistido de entrar. Ele vira-se para a porta ao ver Joseph apontando a arma ele ergue braços se mostrando desarmado. O homem aparenta ter pouco mais de cinqüenta anos, veste roupas sociais baratas e seu semblante mostra medo, mas tranqüilidade ao mesmo tempo. Ele caminha em passos lentos em direção a Joseph. Liana pergunta:
- Qual seu nome?
Ele responde:
- Meu nome é Josh. Vocês dever sem Mary, James e Tomas.
O grupo se espanta, já que Mary é o atual nome de Liana, James o atual nome de Joseph e Tomas o de Samuel desde que falsificaram suas identidades e seus registros a alguns anos. Joseph entrega sua pistola Glock para Samuel e começa a revistar o homem, ele tira uma pistola que o mesmo escondia na parte de trás de sua calça.
Joseph:
- Pode abaixar as mãos agora.
Josh:
- Me desculpem, eu não esperava tanta hostilidade de vocês. Sou detetive particular, fui contratado para localizá-los.
Liana:
- Quem o contratou?
Josh:
- Gaspar. E ele pediu para que lhes entregasse isso.
Josh tira do bolso um envelope lacrado de carta comum e estende a mão até Joseph.
Liana:
- De onde você é, Josh?
Josh:
- De Boston.
Samuel:
- E a quanto tempo procura por nós?
Josh:
- Creio que a um mês ou um mês e meio. Os localizei pelo Thomas, quando deu entrada no hospital.
Joseph:
- E como sabia que estaríamos aqui?
Josh:
- Estou seguindo vocês desde então, mas ainda não tive a oportunidade de abordá-los juntos para entregar o envelope. Mas que inferno é esse lugar? O que está acontecendo lá fora? Aquela neblina, eu vi coisas...
Joseph:
- Se você viu não há nada que alguém aqui possa explicar.
Samuel:
- Quem é esse Gaspar? Como ele é? De onde ele é?
Josh:
- Eu não sei, ele sempre entrava em contato comigo por telefone e depositava o dinheiro em minha conta.
Joseph:
- E quanto você quer pra descobrir quem ele é? Afinal você é detetive particular, não é?
Josh: - Bom, primeiro não se trata de dinheiro, eu tenho princípios como profissional da área e segundo: mesmo que quisesse o homem é profissional! Ele não quer ser identificado, ele faz os depósitos direto no banco sem transferência para não ser rastreado e suas ligações são de telefones públicos.
Liana:
- Deixem o homem, ele apenas esta fazendo seu trabalho.
Joseph retira o pente de munição da arma e a devolve para o homem que agradece, dá as costas e some em meio a escuridão.
Joseph abre o envelope, dentro uma estranha carta:

“Vocês não me conhecem, mas eu os conheço, vocês já devem ter encontrado Dyana, não dêem ouvidos para o que ela diz, ela pode até ter dito a verdade, mas suas idéias não são boas e todos nós vamos sofrer com isso. O homem que lhe entregou isso é de confiança, mas ainda não o suficiente, aqui vou lhes dar as respostas que estão procurando, mas elas estão em um lugar seguro e não nessa carta. Assim que chegarem ao que estão procurando destruam, é o que lhes peço. O que estão procurando está em 11-18-9-18-1 - - 19-5-11-5-6-14-13-9-3-1 - - 2-14-18-19-14-13 - - 15-7- -192 - - 11-9-13-8-1 - - 38

Abraços, e as aves também vão ao hotel califórnia...

G.”


Joseph fica confuso, ele rele a carta e olha transtornado para os números. Ele estende a mão com o papel para que Liana leia.
Alguns minutos depois que todos lêem a carta e a duvida sobre quem é Gaspar martela a cabeça de todos. O grupo decide ir embora de Boxford, já não há mais nada a ser feito nesse lugar. Enquanto caminham pela igreja se dirigindo a saída os sons do badalar de três sinos ressoa por toda a igreja! Os olhares se voltam para o teto, próximo a parede há uma escada vertical que leva para o telhado e provavelmente para a torre dos sinos! Joseph corre até a escada e sobe o mais rápido que pode enquanto escala as escadas os sinos aos poucos vão perdendo suas forças. Joseph chega ao sótão da igreja, a escuridão é quase absoluta, seus passos ressoam pelo assoalho velho de madeira, Joseph caminha até chegar a uma sala com três sinos suspensos que são iluminados pelas luzes da rua que entram por uma pequena janela no lugar e nela um corvo negro como a noite repousa...
Joseph olha para os sinos que vagarosamente vão parando, ao olhar para a janela ele caminha em direção ao corvo e a cada passo em sua direção fica surpreso pela ave não se mover com sua presença. Joseph se aproxima da ave e fixa seu olhar nos olhos do pequeno animal que repentinamente o encara! Sua cabeça é bombardeada com imagens, alguns momentos Joseph via sua mãe adotiva sorrindo coberta de sangue, sua irmã o abraçara da mesma maneira, ele vê flashs rápidos de vários momentos com sua família coberta de sangue! Quando volta a si ainda zonzo vê a ave voando do lado de fora em direção ao horizonte. Ele escuta passos a suas costas ao virar-se vê Samuel apreensivo.
- Está tudo bem?
Joseph:
- Aquele corvo, eu acho que era aquele corvo! Ele estava aqui, ele me fez lembrar de coisas do meu passado, eu acho...
Samuel:
- Que coisas?
Joseph:
- Minha família, todo mundo sangrava... Vamos sair daqui.
Os dois caminham em direção a escada Joseph ao passar pelos sinos leva sua mão até o mesmo, o velho metal empoeirado está estranhamente morno. Ele olha mais uma vez o sino e desce as escadas.
Ao chegar no andar de baixo Joseph e Samuel contam a Liana o que aconteceu, Liana diz não agüentar mais estar naquele lugar e pergunta:
- Vamos voltar para Boston ainda hoje?
Joseph:
- Estou muito cansado não sei se vou agüentar dirigir na volta.
Samuel:
- Eu dirijo, vamos voltar a Boston.
Os três caminham até o carro, no caminho Samuel relê a carta em voz alta, mas ninguém faz idéia do que possam ser os números que lá estão.
Ao chegarem no carro Joseph e Samuel quase não tem força para ajudar Liana a entrar. Ele olha para o vazio por alguns instantes lembrando-se das cenas que viu na igreja, por alguns instantes ele pensa quem possa ser sua verdadeira mãe, mas talvez o melhor seja ficar longe, para o próprio bem dela. Ele entra no banco do carona e Samuel na direção. Samuel gira a chave, mas escuta apenas o som do lamento do motor que não quer funcionar.
Samuel:
- Droga!
Joseph:
- Vamos ver o que pode ser isso.
Joseph sai do carro e levanta a tampa do capô, Samuel olha junto, mas parece que está tudo em ordem, Samuel volta a tentar ligar o carro enquanto Joseph olha com o capô aberto, mas não há nada de errado. Os dois voltam para o carro, Samuel encosta o banco para trás e Liana deita-se no banco de trás. Alguns minutos depois Samuel e Liana estão dormindo. Joseph se mantém acordado, seus pensamentos ruins apenas o fazem sofrer.Ao olhar para Samuel e Liana dormindo ele quer ficar acordado para ter certeza de que ficarão bem durante a noite.

Um comentário:

Anônimo disse...

caramba velho eu gostei pakas da história muito boa! gostei MESMO da história !