BEM VINDOS

Somos um grupo de RPG que está jogando uma campanha há 11 anos, o sistema de regras que uso é de criação minha e devido ao gênero de jogo a batizei de HORROR. Em todo esse tempo dentro do jogo aconteceram muitas coisas que gostaríamos de imortalizar e a melhor maneira que encontramos para fazer isso foi tranformar o jogo em uma história dinâmica. A história que começa nesse espaço é o inicio do quarto ano que começamos em 2007, a cada sessão de jogo transcrevemos todo o acontecido em forma de história para gravarmos em nossas memórias a angustia vivida pelas almas de cada um e compartilharmos com aqueles que apreciam o gênero. Ao lado direito da página na seção "cada dia uma angústia" a história começa no dia 23/09/2005.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

01/11/2005 V

RODOVIÁRIA DE BOSTON 8:01 pm





Joseph estaciona o carro em frente à rodoviária, os três desembarcam do carro e procuram pelos armários da rodoviária. Através de um segurança chegam ao segundo piso do prédio, passando pela porta a parede do lado esquerdo é coberta por pequenos armários de metal, a direita um balcão com um funcionário da rodoviária lendo uma revista. Joseph entra sozinho na sala, Liana e Samuel o esperam do lado de fora. Assim que entra o funcionário o olha com um ar de desconfiança. Em frente ao armário 48 Joseph o abre e dentro encontra outro envelope fechado, ele fecha novamente o armário e saí da sala. O homem do balcão olha fixamente para Joseph que sai em passos apressados.
Ao sair da sala ele apenas pede para que Liana e Samuel o sigam. Depois de andar alguns metros, Joseph diz: “Vamos pegar um táxi, o cara do balcão ficou me olhando, podemos correr riscos.” Samuel e Liana concordam, os três pegam um táxi para uma praça pouco movimentada a alguns minutos dali.
Assim que chegam, Samuel e Joseph sentam-se em um banco na praça vazia, Joseph pega o envelope na mão, abre-o e começa ler em voz alta:
“Se estiverem lendo isso é porque vocês realmente querem as respostas, eu não sei o que vocês realmente pretendem encontrar, mas acho que o que vou dizer pode ser útil.
O inferno não é nem de perto o que vocês conhecem, onde vocês estiveram e onde vocês muitas vezes encontram respostas para algumas de suas perguntas é o mundo real. Ele pode dar medo e não ser como queriam que fosse, mas ele existe e o privilégio de estar nele é para poucos, são poucos os que não morrem ou perdem a razão. Esse mundo é uma porta para muitas respostas que querem, mas ela tem um preço, é o primeiro degrau para o inferno, se quiserem seguir em frente sigam, mas os planos de Deus são desfeitos fora daqui. Suas almas são mais importantes que seus corpos, suas escolhas também, se algum de vocês já houver tombado preocupem-se, pois a queda de cada um é o começo do fim para alguns.
Talvez estejam se perguntando por que eu estou ajudando. Eu digo que estou ajudando não por vocês e sim por mim e por aqueles que amo, são poucos, raros aqueles como nós, mas caso possam ajudem quem precise. Talvez não domine mais minhas faculdades mentais, mas sobrevivo a mais de 45 anos com esse fardo, ele é pesado, mas necessário. Tudo o que eu disse se encontra em livros da arte oculta, eu apenas estou lhes adiantando o que vivi e estudei em todos esses anos.

Ainda temos uma chance...

G.”
As palavras de Gaspar silenciam tudo e todos... O suspiro de Liana traduz o sentimento do vazio dentro de cada um. A melancolia e a tristeza dão lugar a uma gota de esperança. Samuel acende um cigarro e pensa nas palavras de Gaspar. Parece fazer sentido, mas não é o suficiente. Ainda falta alguma coisa. Por um instante vem em sua mente que Gaspar pode ser um ocultista autor de alguma obra. Esse nome de certa forma soa familiar, mas não lembra ao certo.
Alguns minutos depois do trio ficar em silêncio pensando no que acabara de ler Liana pergunta impaciente:
- E Agora, o que vamos fazer?
Samuel:
- Vamos procurar esse tal de Gaspar, descobrir quem ele é.
Liana:
- Esse pode ser o nome falso dele e pelo jeito ele está na mesma situação que a gente..
Samuel:
- O nome Gaspar não me é estranho. Acho que já vi em algum livro ou palestra de ocultismo, talvez seja ele.
Joseph:
- E depois vamos fazer o quê?
Samuel:
- Eu não sei, mas ele pode ter razão no que escreveu. Se tudo isso que nós passamos na noite passada não for o que pensamos ser...
Liana:
- Ele parece estar querendo ajudar.
Joseph:
- Vamos voltar para a rodoviária, pegar o carro e voltar para o hotel.
Os três caminham em silêncio e lentamente em direção a rodoviária pensando no que dizia a carta de Gaspar. Após 20 minutos de caminhada chegam ao veículo estacionado em frente a rodoviária, ajudam Liana a entrar no carro e guardar sua cadeira. Joseph entra no carona e Samuel dirige. O grupo parte em direção ao hotel que estão hospedados, dez minutos depois Joseph percebe que um carro sedan escuro está seguindo o veículo desde que saíram da rodoviária. Ele diz:
- Não se mostrem surpresos, mas estamos sendo seguidos.
Samuel:
- Por quem?
Joseph:
- Pelo carro preto sedan.
Samuel olha pelo espelho retrovisor, dois carros atrás do seu há um carro sedan com dois homens dentro, ao fazer uma curva Samuel consegue ver a placa e o pior é que nela há o símbolo do governo.
Samuel:
- Droga! São do governo. Talvez sejam do FBI.
Liana:
- Vamos despistá-los!
Joseph:
- Não temos escolha, no primeiro cruzamento quando o sinal fechar para nós acelere ao máximo!
Liana pede a carta de Gaspar a Joseph, ele pergunta:
- O que vai fazer?
Liana:
- Ele pediu que destruíssemos.
Liana pica a carta em dezenas de pedaços e os engole aos poucos enquanto Samuel procura uma avenida movimentada para tentar a fuga.
Pouco tempo depois Samuel chega a um movimentado cruzamento, ele olha apreensivo para o semáforo, nele o sinal ainda está verde! Ele precisa que feche logo para poder despistar o carro. Samuel diminui a velocidade o máximo que pode, seu coração palpita, será uma manobra perigosa e todos dentro do carro correm riscos. Mas já faz muito tempo que o governo está os perseguindo, Samuel olha para o semáforo como se pudesse alterá-lo com a força do pensamento, quando está quase na faixa de pedestres o sinal fecha! Ele pisa fundo no acelerador! Os carros cruzam-se a sua frente, Samuel consegue desviar na primeira pista! O som das buzinas e gritos dos motoristas tira a atenção de Samuel que em um descuido deixa que um carro que vem da esquerda para direita bata em cheio na parte traseira de seu caro! Samuel não tira o pé do acelerador, mesmo com seu braço ferido ele vira a direção desesperadamente até retomar o controle do carro, sua adrenalina e seus instintos conduzem o carro que desvia dos outros veículos até que saiam do cruzamento!
Samuel olha pelo espelho retrovisor, os carros parados no cruzamento vão se tornando pequenos no horizonte, ele dirige por quase uma hora até chegar ao subúrbio da cidade.
Joseph:
- Vamos para um hotel, pelo menos por essa noite. Amanhã veremos o que vamos fazer.
Samuel conduz o carro até chegar em um pequeno motel no subúrbio, ele estaciona o carro a dois quarteirões do hotel. Todos saem e levam suas coisas consigo até chegarem na recepção. Um homem magro de óculos, que tenta disfarçar sua grande falta de cabelo no alto da cabeça tapando-a com os cabelos que nascem nas laterais, os atende. A esquerda um sofá de três lugares em frente a uma pequena televisão e um corredor com uma escada que sobe para os quartos.
Joseph:
- Boa noite., precisamos de um quarto.
O homem olha para os três e diz:
- Festinha a três?
Joseph meio sem jeito responde:
- Sim...
Recepcionista:
- São 20 dólares o quarto.
Samuel paga o homem que lhes entrega a chave do quarto 10. O trio caminha até o quarto, ao entrar vêem uma grande cama redonda com um espelho no teto, uma televisão e o banheiro. Os três se trancam no quarto, Liana pula da cadeira para a cama, com a cabeça sobre o travesseiro ela encara seu reflexo no teto. Samuel joga suas coisas no chão, põe um banco em frente à janela e se põe a observar pelas frestas da persiana o lado de fora do prédio. Joseph coloca suas coisas sobre a cama e caminha de um lado para o outro impacientemente, em seguida diz:
- Que estupidez a nossa! Somos muito burros de cair nessa cilada!
Liana:
- Que cilada?
Joseph:
- Esse Gaspar! Caímos como idiotas em suas charadas ridículas! Aquela carta é confusa, era pura enrolação! Tudo para a gente ser pego lá na rodoviária!
Liana:
- Por que cilada? Talvez essas pessoas queiram pegar ele! Eles devem achar que um de vocês é Gaspar! Ele mesmo disse que estava em nossa mesma situação! Não tire conclusões precipitadas!
Uma hora depois Liana está quase dormindo, Samuel traga um cigarro olhando para chão e às vezes para a rua pela janela. Joseph olha-se no espelho, conclui que o ideal agora é mudar a aparência, cortar o cabelo e a barba. Todos estão famintos então ele decide ir a uma loja de conveniências comprar comida e barbeadores descartáveis. Joseph avisa Liana e Samuel, sai do quarto enquanto esfrega uma mão na outra para aquecê-las. Ele passa pelo atendente que acena com a cabeça. Assim que Joseph sai do lado de fora do motel ele vê o carro sedan preto do governo parado ao lado do carro batido do grupo! Joseph dá meia volta e corre para quarto, assim que chega ele olha para Liana que se senta na cama e diz:
-Os homens do governo estão lá em baixo olhando nosso carro! Vou falar com o atendente lá embaixo, dar um dinheiro para ele ficar de boca fechada. Aqui é o único motel da região, com certeza vão investigar esse lugar!
Liana vasculha sua mochila em cima da cama, pega 400 dólares e entrega nas mãos de Joseph que corre até a recepção!
Joseph chega até o atendente, o estranho homem olha e Joseph diz:
- Homem! Não tenho muito tempo, vão vir uns homens aqui, não sei quem são ou o que querem, tenho problemas e a única coisa que posso fazer é lhe implorar para que não diga que estamos hospedados aqui! Dou-lhe 400 dólares para manter a boca fechada! É pegar ou largar!
- O homem olha o dinheiro na mão de Joseph e sem pensar muito concorda!
Joseph volta para o quarto, ele e Samuel desligam todas os aparelhos eletrônicos e as luzes do quarto. Samuel corre para a janela, alguns segundos depois ele vê dois homens de preto caminhando na direção da entrada do motel. “- Eles estão vindo!”. Joseph corre para a porta e cola seu ouvido nela, alguns instantes depois ele ouve dois pares de passos caminhando sobre o piso de madeira do corredor. Quanto mais os passos se aproximam mais o suor frio de seu rosto fica evidente. Os passos passam pela porta... páram logo em seguida, nenhum som ou voz é emitida pelos dois homens, os passos retornam no corredor, eles passam novamente pela porta até sumirem! Samuel os tranqüiliza quando diz que viu os homens saindo do hotel pela janela. Todos ficam aliviados. Algumas horas depois o grupo decide dormir, estão cansados. Os três dormem com a roupa do corpo e dividem a grande cama de casal.

SENDO SEGUIDOS PELO CARRO DO GOVERNO


NOVO ESCONDERIJO

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