BEM VINDOS

Somos um grupo de RPG que está jogando uma campanha há 11 anos, o sistema de regras que uso é de criação minha e devido ao gênero de jogo a batizei de HORROR. Em todo esse tempo dentro do jogo aconteceram muitas coisas que gostaríamos de imortalizar e a melhor maneira que encontramos para fazer isso foi tranformar o jogo em uma história dinâmica. A história que começa nesse espaço é o inicio do quarto ano que começamos em 2007, a cada sessão de jogo transcrevemos todo o acontecido em forma de história para gravarmos em nossas memórias a angustia vivida pelas almas de cada um e compartilharmos com aqueles que apreciam o gênero. Ao lado direito da página na seção "cada dia uma angústia" a história começa no dia 23/09/2005.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

DIA 4 DE JUNHO DE 2006

DIA 4 DE JUNHO DE 2006
O PRIMEIRO APOCALIPSE

Muitas coisas me passaram pela cabeça durante este período de inconsciência, mas não irei chateá-los demais com isso. Não sei como, mas minha mente sempre retorna aos meus desejos mais secretos... Como por exemplo, a minha antiga vida de volta, ser apenas aquela filha de fazendeiro, ajudar a família com os negócios, encontrar um bom homem... E como nas outras vezes, a realidade das coisas vem e me acerta com a força de um raio.

Fui acordada de forma grosseira por um homem armado, então apesar do torpor em que me encontrava era fácil deduzir que não estávamos mais na ilha. A partir daí, foi uma surpresa atrás da outra. A primeira foi ver Joseph andando, coisa que ele não possuía a menor condição antes. Depois, Liana estava conosco e sem barriga! O bebe havia nascido e não estava conosco... E julgando pelas frases que captei, não estavam com aqueles homens também. E para terminar, não sabemos como, estávamos em Nova York, mais precisamente no prédio dos homens da VRL. Lembram deles? Os malditos nazistas que roubaram o primeiro espelho... Eles capturaram Lone Dayle, o amigo de Gaspar e armaram uma cilada para nós. Eles agora tinham os três espelhos... Reunidos finalmente... Ironicamente na Data que os rapazes tanto falavam como o fim de tudo... O espetáculo estava para começar e estávamos na primeira fila.

O mundo quase se destruiu em uma guerra causada pelos nazistas, nada mais justo que o final dos tempos também ser culpa deles. Eles esperavam mudanças, mas a que preço? No final das contas, o destino se encarregaria de apresentar as conseqüências à humanidade. Lone foi separado de nós e subíamos pelas escadas. Cada vez mais era evidente a ferrugem e a deterioração.


Indiretamente eu esperava que aqueles homens pagassem por tentar manipular algo além de seus míseros entendimentos, mas não tão depressa. A nossa escolta teve um fim prematuro, caindo cerca de dezessete andares abaixo... E não fomos nós. Digamos que foi o prédio ou a escada a responsável.

Subíamos mais e a ferrugem tomava conta de tudo... Quando percebemos, estava tudo como se fosse uma estrutura metálica. A realidade “A” e o plano físico pareciam se mesclar e não tínhamos muito tempo. Chegamos ao Máximo onde podia se subir e nada dos espelhos. O elevador com Lone e o outro nazista estava alguns metros abaixo. Não conseguimos ajudar Lone antes de o elevador ser atingido pela destruição e cair... Era mais um aliado que perdíamos, mas o nazista recebeu o que merece.

Restou-nos descer... Parecia que o prédio inteiro estava sendo atingido por um incêndio. Ouvimos gritos de socorro e corremos para ajudar. Uma mulher implorava para ajudar o marido e foi o que fizemos. Quantos inocentes teriam que pagar pela prepotência de organizações como a VRL? Nunca era o bastante. O prédio estava ruindo e se não fossemos rápidos, desabaríamos junto com ele...

O destino se encarregou de nos mostrar... Um pedaço grande do apartamento começou a rachar e se dividir em dois. Um pedaço estava fadado a cair e Liana estava nele... Ela ia cair. Droga! Essa é a recompensa que ela recebe por trazer um filho que salvaria o mundo? Que se dane!
O que posso dizer é que tivemos a mais feroz das lutas ali... Os Etês, os fantasmas, os monstros deformados, o homem sombrio... Nada foi mais difícil que aquele prédio. Victor foi temerário, se jogando na morte certa atrás de Liana e salvando ela uma dezena de vezes só naquela hora. Liana também foi corajosa, demonstrando mais força do que podíamos ver. Coube aos demais tirá-los da beira do inferno. O caos imperava abaixo de nós, como um prelúdio de uma nova História do Armageddon, ao vivo.

Depois de tudo, conseguimos descer até a garagem. Nem tudo estava perdido, pois encontramos Lone vivo! Já não me interessava como ele sobreviveu! Pegamos dois carros para ir embora. Visões de pessoas precisando de ajuda nos atormentavam por todo o caminho e finalmente conseguimos nos afastar daquele prédio. Lone proferiu a ultima frase antes do fim...

Não poderão fugir dessa maldição... Ninguém pode.

O pedido do mesmo Lone Dayle nos dirigiu para o Central Park, pois ele parecia ter algum plano. Era tudo que precisávamos... Alguém em quem depositar nossas esperanças de salvação.

Como eu estava enganada! À medida que seguíamos pelas ruas, que eu começava a perceber a gravidade da situação. Não havia uma viva alma nas ruas. Nem pessoas, animais, insetos... Nada! Nova York parecia uma gigantesca cidade fantasma! Até onde a influencia dos espelhos tinha chegado? Entramos sem problemas no central park, indo até a parte central. Lone nos mostra o que queria comprovar... As arvores tinha forma de pessoas em agonia... Todas elas. Era uma característica da floresta dos suicidas, mas isso não é no inferno?

O mundo e a realidade “A” agora ocupavam o mesmo espaço... Não havia outra explicação! Samuel afirmou que isso já aconteceu com ele uma vez... Imaginem uma realidade “A” com dia e noite. A noite era onde os pesadelos realmente se manifestavam e com ainda mais força que antes. Lembram do plano de Lone? Ele disse que deveria nos encontrar na biblioteca daqui a nove dias... Antes de pegar uma arma e se matar com um tiro na cabeça!

Que plano idiota era esse? Abandonar a gente a nossa própria sorte? Não cabia a eu entender, mas acreditar que ele estará La daqui a nove dias. Cada um de nós tentou digerir isso de forma diferente. Joseph parecia enterrar alguma coisa na terra e rezar.


Samuel emitiu um grito de tal força, que podia se ouvir em toda nova York... Havia algo de sobrenatural naquele grito de desabafo e poderia jurar que Samuel foi correspondido por alguém... Eu corri até ele e o abracei, como forma de apoiar o seu apelo e pela primeira vez ele correspondeu meu afeto... Já não importava mais nossas brigas, precisamos de todos juntos agora.

Saímos de mãos dadas daquele lugar, me sentindo renovada e disposta a lutar contra o que quer que fosse! Se eu for à antagonista disso tudo, que seja então! Vou ter um filho de um demônio, ótimo! Ninguém tomara essa criança de mim! Vou sobreviver a tudo isso e meu filho terá um futuro. Até mesmo a humanidade que nos rejeitou merece uma segunda chance.



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