BEM VINDOS

Somos um grupo de RPG que está jogando uma campanha há 11 anos, o sistema de regras que uso é de criação minha e devido ao gênero de jogo a batizei de HORROR. Em todo esse tempo dentro do jogo aconteceram muitas coisas que gostaríamos de imortalizar e a melhor maneira que encontramos para fazer isso foi tranformar o jogo em uma história dinâmica. A história que começa nesse espaço é o inicio do quarto ano que começamos em 2007, a cada sessão de jogo transcrevemos todo o acontecido em forma de história para gravarmos em nossas memórias a angustia vivida pelas almas de cada um e compartilharmos com aqueles que apreciam o gênero. Ao lado direito da página na seção "cada dia uma angústia" a história começa no dia 23/09/2005.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

12 DE FEVEREIRO DE 2006

12 DE FEVEREIRO DE 2006

Não sei por que ainda escrevo datas... Pode nem ser a correta... Pode nem ser a realidade verdadeira... Escrevo alguns dias depois naturalmente, já que no sanatório não se permite ter em mãos qualquer coisa com ponta... Mas Enfim, aos acontecimentos:

O plano de aparentar normalidade até que funcionou rápido. Sete dias depois de nosso “despertar” estávamos na ala de menor periculosidade. Eu citei que estava quase me convencendo da minha loucura? Até esse dia, tinha dúvidas de tudo o que havia acontecido... Passei a questionar tudo que vivi até ali, cedendo a esta nova realidade. Pensava em comportar-me, sair daqui e descobrir o mundo lá fora... Desta vez de verdade. Mas a vida é uma caixinha de surpresas...

Após a hora do jantar, os internos eram levados aos seus quartos e as portas trancadas. Eu procurava não tentar me incomodar... Afinal, cedo ou tarde acabaria saindo. Foi mais cedo do que eu esperava... Eu estava quase cedendo ao sono quando ouvi passos no corredor... Nada demais, apenas o enfermeiro em sua ronda... Quando os passos pararam em frente a minha porta e ali ficaram, acabei por forçar o meu despertar. Senti aquele frio na espinha... Aquele que só acontece próximo de acontecimentos insólitos... O sujeito bateu na porta nove vezes... E nada. Eu me calei e esperava que fosse embora, mas novamente ele bateu... Mais nove vezes... O medo crescia, pois se fosse o enfermeiro ele abriria a porta com a chave não?

“Quem está aí? O que você quer?”

Ao ouvir a minha voz, o sujeito pareceu mexer na tranca. Levantei-me e estava na defensiva, pronta para me defender e gritar quando ele saiu da frente da porta. Ouvi seus passos afastando-se e finalmente o silencio de antes... Silencio interrompido pelo ranger da porta abrindo lentamente... A porta de minha cela. Ele havia me soltado.

Aquela era a chance! Eu sentia que não deveria ficar naquele lugar por nenhum minuto sequer. Andei até a porta e espiei o corredor... Deserto e escuro... Escuro demais... Quieto demais. Andei cautelosamente pelo corredor até a esquina. La estaria o enfermeiro em sua salinha, esperando a próxima ronda. Ouvi um chiado e uma leve luz saia da salinha... Fui até lá e esperava surpreende-lo, mas não havia ninguém ali... Apenas uma TV ligada e sem sintonia. Verifiquei rapidamente o lugar e encontrei as chaves e um cassetete que esperava não ter que usar. Voltei ao corredor e espiei o quarto de Samuel. La estava ele, dormindo... Abri a porta e o acordei o mais silenciosamente possível. Troquei em miúdos o ocorrido e ele não discutiu... Saiu comigo e soltamos Victor. Agora tínhamos que sair do complexo...

Ao passarmos pela saleta do enfermeiro, a TV praticamente ganhou vida, quase me matando de susto... O aparelho mostrava agora um discurso de Hittler fazendo uma declaração as suas tropas... Meu sangue gelou, pois aquilo significava o fim da vida comum... Nós não éramos loucos... Droga! Seria tudo muito mais simples! Apressadamente nos retiramos, esperando o pior a nossa frente. Misteriosamente não havia ninguém nos corredores... Logo chegamos ao pátio e nos deparamos com o problema do muro. Não havia muito tempo, pois a qualquer momento alguém apareceria. Os rapazes me ajudaram a subir no muro e saltar para fora. Victor veio em seguida e ao cair, torceu o pé... Idiota! Acabou que Samuel ficou para trás e Victor saiu mancando pela viela. Voltaríamos para buscar Samuel, mas primeiro precisávamos sobreviver na rua.

O primeiro lugar que procuramos foi a igreja mais próxima. A fé nos salvou muitas vezes... Talvez nos desse uma luz novamente. Nada havia de especial e nada aconteceu de especial... Teria deus nos abandonado de vez? Não creio... Talvez a fé neste deus nada mais fosse que a nossa própria vontade de continuar vivos... A estas alturas, não sei mais no que confiar. Cada vez mais sinto como se fossemos os peões de um grande duelo de mentes... Só que os únicos que perdem, somos nós mesmos.

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