BEM VINDOS

Somos um grupo de RPG que está jogando uma campanha há 11 anos, o sistema de regras que uso é de criação minha e devido ao gênero de jogo a batizei de HORROR. Em todo esse tempo dentro do jogo aconteceram muitas coisas que gostaríamos de imortalizar e a melhor maneira que encontramos para fazer isso foi tranformar o jogo em uma história dinâmica. A história que começa nesse espaço é o inicio do quarto ano que começamos em 2007, a cada sessão de jogo transcrevemos todo o acontecido em forma de história para gravarmos em nossas memórias a angustia vivida pelas almas de cada um e compartilharmos com aqueles que apreciam o gênero. Ao lado direito da página na seção "cada dia uma angústia" a história começa no dia 23/09/2005.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

24/12/2005

O dia em que conheci um Arcanjo... Sabe Deus, vou te contar, meio assim, como aconteceu. Ainda que diante de muitos bombardeios psicomorfológicos que rodeiam divagações filosopensasentimentais tenho que abstrair esta maldita idéia que diz: 'Deus é tudo. Vê tudo.' Sabe Deus, acho que tu anda meio distraído, ou é realmente um jogador bem filho d aputa! Não sei se tu viu se tu estava lá se tu era Ele era eu se tu era tudo mesmo a calçada suja aqueles olhos pretos de turmalina perdidos no nada se tu era nada é o nada... Não importa. Sabe deus, eu conheci um Arcanjo. Mas ele chora sangue. Atenhamo-nos ao início... Eu preso, já há não sei quanto tempo; nunca o soube porquê, talvez por não ter registros, por ter sido apanhado nu na neve, por cuspir no olho do policial estúpido que pensou que eu era um boi, ou por ter que ter ido parar num poço onde não há fundo mas eu estava no fundo pra poder encontrar um ser tocado. Meu passado uma folha em branco, claro que não era em branco, era toda escrita mas eu não conseguia ler! Estranheza e preocupação, confusão perplexidade mistura de tudo bizarro. Mas, não é de mim que vim contar. Havia um quadrado com hastes metálicas que dava pro pátio da delegacia que dava pra rua dos cidadãos não presos. Através dele, eu vi o sol nascer quadrado. Assim, vi a grandiosa criatura, um negro, com cabelos rastafari, de feições magras e ossudas, e com alguma coisa invisível em sua volta, como uma aura, uma espécie de bolha, algo imperceptível para os olhos, mas eu sabia, de alguma maneira, que aquele ser ali tinha algo especial... Neste mesmo momento ele me olhou, no fundo, da, alma. Estabelecemos uma linguaguem de comunicação, através das palavras jorradas com desespero de nossas gargantas. Eu pedi sua ajuda ele disse não sabia como eu disse eu vou fugir agora ele disse o que tu fez eu disse nada acho que nada não conheço meu passado. Ele sumiu. Um táxi de porta aberta, na esquina da rua, eu entrei, vi aquele homem sentado no banco do passageiro, e um ser comum que já nem lembro como era estava na direção, me atentei à face do negro, que misturava amor e ódio, esperança e desesperança. -Como você conseguiu? -ele me disse. -Não importa, vamos pra longe. Fomos pra seu apartamento, a única explicação para seu comportamento de ajudar um fugitivo apenas porque acreditou em seus olhos é de que, esse ser, é o cavalo do destino. Já sentados no terraço do seu prédio, ele fumando como chaminé de indústria, eu encolhido como criança diante da altura, dos pombos, das minhas próprias interrogações. Então ele soube de tudo, da cabeça estourada do policial contra a grade, das chaves roubadas da sua arma dos tiros nas costas e pernas dos próximos e então agora eu era um foragido! Ele não se abalou com isto, me tratou muito bem, entendeu que eu não tinha registros, tinha amnésia, podia mesmo ser um psicopata! Mas, o tempo passou, e o que vingou foi sua fé, de que fez a coisa certa, ajudando um cara estranho, num momento onde a razão perdeu por nocaute. Desde então sua vida nunca mais foi a mesma, e acredito que tenha piorado numa demasia incrível, às vezes penso se não foi por minha causa, mas acredito que, por mais que fosse, essa deveria ser a missão de um arcanjo na terra. Deus, obrigado por esse ser, mesmo não sabendo se adianta alguma coisa te agradecer, obrigado por eu não ter família mas tê-la quase toda representada nele! Sabe Deus, ele sofre muito, toma remédios e tudo, não sei se não é tempo de devolver-lhe as asas. Não sei não se minha vida vale alguma coisa pro senhor, mas sabe, chamá-lo de Senhor não me faz mal, faz bem, porque é como se eu fosse um escravo e você ficasse rindo com o chicote na mão, na verdade é bem assim, a gente bate bate a cabeça na parede e o senhor só ri, posso construir sua pirâmide, posso dar minha vida se é mesmo que ela vale, qualquer coisa, só pra ver esse cara com seu filho e sua mulher no reino construído com suas imaginações do que é felicidade. Deus, se tu não sabe, ou se te esqueceu, te digo eu: Samuel Jedah Seraph é um Arcanjo. E acho que ele devia estar em seu devido lugar, o reino celeste. Mas, não peço para que lhe pince pelo cangote, e sim que nos permita, transformar a terra, em céu.

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