BEM VINDOS

Somos um grupo de RPG que está jogando uma campanha há 11 anos, o sistema de regras que uso é de criação minha e devido ao gênero de jogo a batizei de HORROR. Em todo esse tempo dentro do jogo aconteceram muitas coisas que gostaríamos de imortalizar e a melhor maneira que encontramos para fazer isso foi tranformar o jogo em uma história dinâmica. A história que começa nesse espaço é o inicio do quarto ano que começamos em 2007, a cada sessão de jogo transcrevemos todo o acontecido em forma de história para gravarmos em nossas memórias a angustia vivida pelas almas de cada um e compartilharmos com aqueles que apreciam o gênero. Ao lado direito da página na seção "cada dia uma angústia" a história começa no dia 23/09/2005.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

LAURA

LAURA

A vida para uma jovem mulher sozinha não é fácil, os golpes que o destino lhe dera foram duros, era quase um milagre seu coração ainda bater sem grandes problemas...


Laura passou os últimos anos procurando empregando durante os dias e se escondendo sob o cobertor a noite. Durante muitos e muitos meses a escuridão fora a única testemunha de suas lagrimas por seus amigos e muitas delas por Samuel.


O tempo passou, assim como muitas coisas ruins que viviam acontecendo, Laura se perguntava se tudo aquilo acontecia por alguém especifico do grupo... ou se era porque todos estavam juntos... Difícil dizer apenas sabendo como estariam agora, e o medo de reencontra-los é grande, tudo aquilo poderia voltar a acontecer. Laura havia ganhado mais curvas, mas seu rosto não escondia que há vida havia sido cruel naqueles últimos anos.


O drama de uma mulher sozinha pode não ter explicação, e quando as coisas não vão bem a saída pode não ser a melhor saída.


O dinheiro que Samuel deixou estava no fim, as últimas semanas o lar de Laura fora o velho carro enferrujado. Suas olheiras e seus olhos vermelhos de tanto chorar não lhe permitiam socializar como ela gostaria. As coisas estavam difíceis, muito difíceis.


Era inverno de 2009, Laura ainda tinha 50 dólares na bolsa, não havia muito o que fazer, já havia tentado de tudo, nem que ela quisesse podia recorrer aos seus velhos amigos, não haviam deixado nenhum tipo de telefone ou contato por internet. Ela entrou em um bar de um conhecido que havia feito nesses anos, seu nome era Billy ele conseguia uma vez ou outra algum bico para ela, muitos universitários preferiam pagar para alguém fazer seus trabalhos e Laura era a pessoa perfeita.


Ela entra no bar ainda tímida como sempre, aquele bando de universitários se sentindo os donos do mundo a incomodavam um bocado.
-Eae Billy, tem alguma coisa pra mim hoje?
-Eae gata, hoje não temos nada, sabe como é as férias de verão estão chegando... acho que o período de seca chegou para você.
Laura sente o resto de sua esperança escapando-lhe pelos dedos. Está tudo perdido, não há mais o que fazer.
- Hei gata, relaxa... está precisando muito de dinheiro?
-É claro que estou, o que eu tenho como só mais uma semana e olhe lá.
-Posso conseguir um serviço pra você, mas não é.. digamos assim... Legal.
Laura não hesita, afinal ela já havia visto muita coisa no passado, nada poderia intimidar-lhe ela pensa:
-Foda-se, o que eu tenho que fazer?
- Esta vendo aquele gordo careca na ultima mesa, diz pra ele que tu ta procurando trabalho e que eu indiquei.
-Valeu mais essa billy!
Laura caminha sem pensar duas vezes, o cara deve medir quase 2 metros, é muito gordo e tem uma tatuagem na cabeça que parece que usou para substituir os cabelos que lhe foram tomados ainda na juventude.
Ela se aproxima da mesa, o cara a olha com desconfiança:
-Oi moço... eu... o Billy, ele disse que eu podia falar com você, eu estou precisando de trabalho.
Com uma voz grave e nada simpática ele responde:
-E como eu vou confiar em ti?
Ela suspira:
-Não pode confiar de fato, mas eu já fiz tanta coisa ilegal nessa vida que não imaginaria.
Ele da um sorriso com o canto da boca como se estivesse gostando do que vê.
-Então tá, senta ae na mesa, tu fala como se fosse uma professorinha sabia?
Laura se senta esperando que ele peça para ela roubar alguém ou algum lugar, ou algo parecido... Mas o grandalhão tira do bolso uma trouxinha de cocaína e faz uma carreirinha na mesa:
-Cheira isso!
Laura olha para ele e diz:
-Desculpe mas não uso drogas!
-Agora vai ter que usar boneca, quem trabalha pra mim tem que conhecer o produto que vende!
Laura sente que se meteu com a pior espécie de bandido que poderia os traficantes. Todos que estavam sentados a mesa a olhavam a intimidando a obedecer, ela olha aquele pó branco sobre a mesa, pede a Deus para que seja a única vez que tenha que fazer isso e cheira aquilo como se fosse uma viciada a anos.
Seus olhos se enchem de lagrimas, o pó irritou seu nariz, mas isso é o de menos, sua cabeça parece borbulhar, ela escuta melhor, vê melhor, cheira melhor... Todos riem e ela se sente acolhida depois de anos sozinha!
Um tapinha nas costas dela e o gordo diz:
-Muito bem boneca, qual seu nome?
Ainda tentando recuperar sua consciência normal Laura responde:
-Laura.
-Tu pode me chamar de pequeno. Agora tu trabalha pra mim.
Ele tira 3 trouxinhas do bolso e larga na frente de Laura:
- Você tem 300 dolares aí em cocaína. Eu quero 200, o resto é seu. Se você cheirar você paga, se alguém ficar devendo para você, você cobra, eu não tem nem aí para desculpas, meu pessoal vai ficar de olho e em um piscar de olhos eu vou saber onde tu anda, onde tu mora e o que tu faz. Se vacilar comigo não tem volta.
Laura fica apavorada, como ela podia se envolver com essa gente?! Ela junta a cocaína da mesa e coloca no bolso, se levanta meio cambaleante e sai do bar pensando o que fazer. Mas como pensar com aquela porcaria na cabeça?! Tudo estava mais vivo, com mais cor pela primeira vez em meses a depressão estava indo embora...


A decadência de Laura fora como um caminhão desgovernado descendo a ladeira da tristeza. Os dias fora passando, Laura acabou por consumir metade da cocaína que pequeno lhe deu, agora a cocaína era seu remédio diário contra a depressão, mas isso a estava destruindo e ela sabia que não ia durar muito desse jeito e mesmo assim não se importava! Melhor fosse a morte do que uma vida de sofrimentos ela pensava! Afinal ninguém ia chorar por ela mesmo!
Laura se esforçou por muito tempo conseguiu manter a vida de traficante, com o tempo ela frequentava os piores lugar de nova Iorque, conseguia vender a droga por um preço bem acima do que ela valia, seu charme e educação ainda valia de alguma coisa, ela conseguia vender para os engomadinhos da universidade os ricaços reclusos dos bairros pobres. E fazendo isso ela conseguia usar a droga, viver e pagar Pequeno.


A vida boa não durou muito, algum tempo depois novos traficantes roubaram sua área com droga mais barata, ela não era como os demais gangsters, não podia enfrentar suas .357 magnum com seu charme e papo de moça comportada. Ela perdeu território, consumiu a droga do seu empregador e não tinha como pagar.
Laura já estava naquela fase que passava maior parte do tempo sob o efeito da cocaína do que sem. Ela chegava depois de 2 meses sumida para Pequeno, mas não podia mais fugir, precisava de droga para consumo próprio:
-Eae pequeno... Fudeu cara, me roubaram... Toda a droga que tinha.
-A é? Roubaram é?
-Roubaram cara, tem gente esperando eu entregar a droga e...
Ele a interrompe com um tapa do lado do rosto!
-Cala boca vadia, tu tah podre de drogada e quer mentir pra mim. Tu tah fudida!
Ele a pega pelos cabelos e diz:
-Tu quer cheirar a minha droga? Vai cheirar, mas não vai ser de graça não...
Ele a arrasta para o banheiro do bar pelos cabelos, a atira lá dentro, baixa as calças e diz:
-Se tu não quer fazer boquete sem os dentes eu acho bom começar a chupar logo!
Ela olha para aquele corpo fétido... Ela passa a mão nos lábios, o sangue da pancada sai suavemente do canto da boca. Ela sabe que se não fizer o que ele manda vai ser pior.
Ainda no chão ela se aproxima dele de quatro, ela não queria fazer isso, ela não tinha opção de não fazer, ela teve de fazer e sem o efeito da droga. Depois de Laura fazer sexo oral com ele, ele ainda transou com ela, fora como um estrupo, durante o ato, as lagrimas de Laura não puderam ser amortecidas pela droga, só lhe restava a lembrança de Samuel como consolo.


Era verão de 2011, Laura estava em pele e ossos, seus olhos fundos e vermelhos já não distinguiam a realidade por completo, ela estava completamente drogada. Havia virado a prostituta particular de Pequeno que já não lhe aguentava mais, afinal aquele belo corpo e rosto ficaram perdidos nos grãos da cocaína pelo tempo.
Estava calor e a noite no bar era apenas uma noite que o tempo abraçava laura enquanto a vida se esvaia como conta gotas, mas aquela noite sua sorte mudou.
Pequeno sacode Laura que esta completamente entorpecida:
- Acorda Vagabunda!
-Que tu qué pequeno?
-Pagaram tua fiança?
-O que?
-levanta essa tua bunca seca daí e te some, há e esse envelope é pra ti!
Ele estende a mão com um envelope de carta comum, ela abre sem entender nada, poderia até estar chapada mas tinha certeza de que aquilo realmente estava acontecendo!
Ela retira de dentro do envelope uma carta escrita a mão e alguns dólares... Depois de ler a carta, Laura pensa se a vida que ela se encontra não é melhor do que a que virá...














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