BEM VINDOS

Somos um grupo de RPG que está jogando uma campanha há 11 anos, o sistema de regras que uso é de criação minha e devido ao gênero de jogo a batizei de HORROR. Em todo esse tempo dentro do jogo aconteceram muitas coisas que gostaríamos de imortalizar e a melhor maneira que encontramos para fazer isso foi tranformar o jogo em uma história dinâmica. A história que começa nesse espaço é o inicio do quarto ano que começamos em 2007, a cada sessão de jogo transcrevemos todo o acontecido em forma de história para gravarmos em nossas memórias a angustia vivida pelas almas de cada um e compartilharmos com aqueles que apreciam o gênero. Ao lado direito da página na seção "cada dia uma angústia" a história começa no dia 23/09/2005.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

01 DE ABRIL DE 2006


01 DE ABRIL DE 2006, SABADO.
RUA FILCH!

Esta é a ultima página deste diário... Coincidentemente é a ultima coisa a relatar de minha vida. Depois de tudo que passei, fui obrigada a reescrever tudo... Várias vezes. Não sei nem mesmo se esta realidade é a verdadeira e se poderei manter ela por mais tempo, mas estou ficando boa nisso. Já tenho partes de minha história por vários mundos diferentes... Acreditem se quiserem.

Chegamos ao endereço. É uma casa antiga de dois andares com um pequeno pátio na frente. Eu senti algo diferente aqui... Esse lugar parecia emanar algo diferente de tudo que eu senti aqui. Batemos na porta e demorou algum tempo até a senhora Merryl atender. Uma senhora idosa abriu a porta e olhou bem para nós antes de dirigir a palavra... Prendi a respiração por um momento, pois essa mulher é a mesma velha na cadeira de rodas que encontrei quando conheci Samuel e os outros... Agora lembro que era também em uma livraria... Não sabia o que dizer. Em verdade, ela tomou a iniciativa perguntando o que eu queria...

Perguntei se ela se lembrava de meu chefe... Ela disse sim. Perguntei se ela ainda colecionava livros... Ela disse sim. Perguntei se ela se lembrava de mim... Ela lembrava. Perguntei se ela possuía algum livro de Aionos... Ela pediu para segui-la.

Atravessamos a casa e ela me mostrou o livro... Aionos assinou a contra capa pessoalmente... Mas as páginas estavam em branco. Nada estava escrito. A velha senhora tinha saído da sala então nos espalhamos para procura-la. Eu a encontrei no segundo andar, sentada em uma velha cadeira de balanço. Parecia dormir quando a chamei, mas abriu seus olhos com vagar e me disse coisas... “eu os esperava a muito tempo”... “A minha vida toda”... “Vocês precisam lembrar”... “Não façam minha vida ter sido em vão”... Entregou um molho de chaves para mim e acabou morrendo. Depois eu os percebi... Corvos! Dezenas deles! Seus grasnos ecoavam por todos os lados, penas esvoaçando por tudo... E parecia que eu entendia algumas palavras... Sangue... Gabriela... Samuel... ESPERANÇA...

Ao que parecia os rapazes também passaram por alguma experiência especial... Restou apenas a casa e o mistério ainda maior sobre o aviso que a velha Merryl deixou. Até mesmo tentei jogar o Tarô em seu quarto... O resultado foi: Morte, Tristeza, Depressão...

Agora uma opinião pessoal: Estou confusa! Eu poderia ter imaginado tudo aquilo? Eu realmente estaria Louca? Tudo poderia levar a crer que sim... Se não fosse as minhas memórias serem tão reais! Aonde eu aprenderia sobre Aionos em um mundo que ele parece não existir? Porque eu saberia uma arte de esgrimir nesta realidade? Apesar de minha aparência ser de 19 anos, porque me sinto como se tivesse mais de 30 anos? E porque sinto que minha gravidez não foi imaginação? Porque esse desespero por encontrar uma filha imaginária? E porque tudo a minha volta me faz lembra-la, se ela não existe?

O fato é que são estas dúvidas que me atrasam. Agora, enquanto escrevo, tento tomar uma decisão. Levar em conta que sou mesmo louca e não ter nada além de Samuel e Victor me faz sentir incompleta... Como um buraco negro na alma. Se isso tudo é uma ilusão ou um sonho, como eu devo fazer para despertar? Ou ainda se isso é uma das realidades alternativas e fomos jogados aqui por Flauros, que chance realmente teria de enfrenta-lo ou reverter nossa tremenda desvantagem?

Só me resta acreditar... Só me resta a fé... A fé em forças que nos impedem de cair no esquecimento... A fé em Samuel e Victor que antes, agora e sempre serão meus “anjos da guarda”... A fé em mim mesma, pois ainda sou a mãe da esperança em um mundo decadente... A fé no poder que me foi confiada por seres muito acima de nós... Mesmo que tudo seja loucura, mesmo que tudo não passe de devaneios de uma mente doente, olho a minha realidade agora e vejo que não a quero... Não aceito esse destino tão simplório... Desejo a minha vida como me lembro dela... Sobrevivendo um dia de cada vez ao lado daqueles que me são caros, ao lado da Esperança, ao lado de minha filha que nutro um sentimento forte demais para algo que não existe.

Que se dane que Flauros seja um demônio genuíno ou apenas um demônio pessoal! Cansei de fugir! Esta mais que na hora de enfrenta-los, não me importando com o destino ou consequências. Usarei tudo que tenho ao meu alcance para atingir meus objetivos! E o que eu quero agora é a minha vida de volta e minha filha junto a mim! Devo acreditar que ao lado de meu amado e de meu mais fiel amigo, nada tenho a temer e nada poderá nos parar!

Olhe só... Ainda tinha outra pagina grudada na contra capa... Bom, isso é oportuno. Ela representará o meu futuro desconhecido e as possibilidades que uma mente aberta poderá visualizar... Para aqueles que eventualmente leiam estas páginas, pensem nisso... O mundo é muito maior do que sua visão limitada pode ver... Espero poder escrever mais sobre este mundo desconhecido, mas caso contrário aqui vai minha ultima mensagem...


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