BEM VINDOS

Somos um grupo de RPG que está jogando uma campanha há 11 anos, o sistema de regras que uso é de criação minha e devido ao gênero de jogo a batizei de HORROR. Em todo esse tempo dentro do jogo aconteceram muitas coisas que gostaríamos de imortalizar e a melhor maneira que encontramos para fazer isso foi tranformar o jogo em uma história dinâmica. A história que começa nesse espaço é o inicio do quarto ano que começamos em 2007, a cada sessão de jogo transcrevemos todo o acontecido em forma de história para gravarmos em nossas memórias a angustia vivida pelas almas de cada um e compartilharmos com aqueles que apreciam o gênero. Ao lado direito da página na seção "cada dia uma angústia" a história começa no dia 23/09/2005.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

20/11/2005

INVESTIGANDO – DOMINGO – 05:50am

A dupla vai para um hotel no centro da cidade, nove dias se passam...
Peter acorda, ele procura se arrumar silenciosamente mas acaba por acordar Samuel que pergunta: “- O que está fazendo?”
Peter: - Desculpe não quis te acordar, estou pensando em procurar por pistas de meu pai, não quero ficar mais tempo sem ter o que fazer.
Samuel senta-se na cama já mais revigorado e diz: - Claro. Você tem razão.
Peter: - Tem alguma idéia de onde posso começar?
Samuel: - Estava pensando em procurar pelos homens que te interrogaram no necrotério.
Peter: - Podíamos ir ao lugar que me interrogaram.
Samuel: - Você sabe onde é?
Peter: - Eu sei, mas não conheço as ruas daqui.
Samuel: - Consegue refazer o caminho.
Peter: - Tenho quase certeza que sim.
Os dois se arrumam pegam o carro e vão até o necrotério de onde levaram Peter. Chegando ao lugar Samuel dirige o carro enquanto Peter dá as coordenadas. Pouco mais de 25 minutos e Peter diz: “- É aqui!” É um velho depósito em uma zona industrial. Os dois saem do carro e caminham até a entrada do deposito. A porta está trancada com uma pesada corrente, sem ter como abrir eles dão a volta no lugar procurando por uma entrada alternativa. E a encontram, na lateral esquerda do prédio uma das paredes de chapa de metal está enferrujada e com algum esforço pode ceder. Samuel encontra próximo ao lugar um cano de metal que usa como alavanca para entortar o metal e abrir espaço suficiente para entrar no lugar.
Assim que entram no lugar Peter revê o mesmo cenário que havia visto antes: um velho depósito vazio. Os dois caminham até o escritório em que Peter fora interrogado, mas lá não há nada além de uma mesa e três cadeiras. O chão e as paredes estão cobertos de poeira. Samuel e Peter vasculham minuciosamente o lugar em busca de qualquer vestígio que possam usar como ponto de partida para alguma investigação. Porém passam mais de 30 minutos sem encontrar nada além de sujeira. Sem muito que fazer os dois saem do prédio e decidem ir a alguma lanchonete comer alguma coisa.
Voltando em direção ao centro a dupla para em uma lanchonete típica de trabalhadores daquela região industrial. Poucas pessoas, uma atendente mal educada e uma comida com um péssimo aspecto. Enquanto ambos estão sentados em uma mesa Peter pergunta:
- E então? O que faremos agora?
Samuel: - Eu não sei. Acho que deveríamos descobrir onde seu pai morava. Ele deve ter algum material escrito ou coisa parecida que vai nos ajudar.
Peter olha sobre o ombro de Samuel e vê um carro cinza com alguém dentro que parece estar os observando e diz:
- Tem alguém nos observando. Tem um carro do outro lado da rua.
Samuel olha discretamente para o carro e diz:
- Vamos sair daqui.
Os dois levantam-se, pagam a conta e saem da lanchonete, enquanto entram no carro Samuel diz:
- De à volta quero que passe do lado do carro para que eu possa enxergar a placa do carro.
Peter faz o que Samuel pediu, ele passa pelo carro Samuel olha um homem branco de meia idade sentado ao volante, olha para a placa e a decora.
Samuel: - Vamos para uma Lan House verificar essa placa e descobrir quem é esse homem!
Samuel e Peter vão até uma Lan House no centro de Boston. Antes de sair do carro Samuel diz: “- Fique com a minha pistola, você precisa se defender caso algo aconteça” ele estende a mão e lhe entrega a arma. Samuel entra no estabelecimento e pesquisa pelo departamento de transito à sua maneira pelo número da placa, o nome do homem é Koller Orgus, sem ficha na policia a principio um cidadão comum.
Peter: - Acho que nos enganamos.
Samuel: - Em nossa condição essa paranóia faz parte do cotidiano. Tem razão, não é ninguém, talvez um homem esperando alguém sair daquela lanchonete.
Peter: - Já que estamos aqui, não consegue procurar os registros de acidentes? Podemos descobrir em que carro Gaspar estava no dia do acidente.
Samuel: - É uma boa idéia.
Samuel aperta as teclas de seu computador freneticamente, por vezes seus dedos parecem ser mais rápidos que o próprio computador. Em alguns minutos depois ele diz:
- Na semana que seu pai morreu de carro, houve quatro acidentes com morte, mas nenhum deles tem o nome de seu pai nos registros. O pior é que está o nome de todos os envolvidos nos acidentes. Ele não deve ter morrido de carro.
Peter: - Vamos almoçar.

16:32pm

Algumas horas depois de almoçar e a dupla caminhara pelas ruas do centro de Boston quando se ouve a campainha do telefone celular de Peter, ele atende:
- Alô?
Peter escuta uma voz muito familiar lembra da voz de seu tio Artur, mas sabe que não é: “- Preciso falar contigo. Encontre-me na Rua Hano, numero 55 ultimo andar apartamento 76 daqui a 33 minutos”. Tu. Tu. Tu. Tu. O outro lado da linha desliga.
Samuel: - Quem era?
Peter: - Não sei. A voz me é familiar mas não consigo lembrar. Pediu para que eu fosse na Rua Hano no ultimo andar apartamento 76.
Samuel: - Já ouvi falar desse endereço, é meio longe devemos nos apressar.
Os dois correm para o carro e se dirigem ao endereço fornecido pela voz misteriosa.
O lugar é na zona norte da cidade próximo a uma área residencial. Os dois saem do carro e caminham até o prédio, chegando perto notam que é um prédio recém construído que parece estar abandonado. Os dois entram no prédio furtivamente, há uma grande escada em espiral no centro do prédio. Terão de subir por ela já que o prédio está sem energia elétrica. Ao subir as escadas Samuel e Peter passam por um homem com um pesado casaco de um time de hóquei e toca, o homem fuma um baseado e os encara quando a dupla passa.
Assim que chegam no sétimo e ultimo andar Peter toma a frente e bate na porta de numero 76. Toc, toc, toc. A porta se abre lentamente e um surge um rosto de um homem de aproximadamente 60 anos, barba e cabelos grisalhos, um rosto que ele pensava nunca mais ver novamente, Gaspar! Peter o olha como se não quisesse acreditar, Samuel entra no apartamento empurrando Peter que o olha sem crer no que vê. Gaspar fecha a porta a suas costas enquanto Samuel vasculha os aposentos vazios do lugar. Gaspar abraça Peter e pergunta:
- Como você está meu filho?
Peter gagueja: - E, e, estou bem e você?
Gaspar: - Que bom que vocês estão bem. Perdoe-me meu filho, eu não queria morrer sem antes te conhecer, a culpa é minha por tudo isso estar acontecendo com você. Se eu soubesse que isso fosse acontecer eu jamais teria feito isso com você.
Peter: - Esqueça isso, eu também queria conhecê-lo.
Gaspar olha para Samuel e pergunta: - Você é Joseph?
Samuel: - Quase, sou Samuel.
Gaspar: - É um prazer.
Samuel aperta sua mão. Extremamente desconfiado de suas palavras.
Gaspar: - Estou feliz que estejam bem.
Samuel: - Eu também fico feliz em vê-lo, mas não sabe na confusão que nos meteu.
Gaspar: - Como assim?
Samuel: - Os federais estão seguindo a gente.
Gaspar: - Os federais?
Samuel: - Não sei se são federais, são os engravatados do governo.
Gaspar: - Me perdoem eu só quis ajudá-los. No que eu puder ajudar...
Gaspar vira-se para Peter e pergunta, referindo aos homens do governo: - Eles já entraram em contato com você?
Peter: - Sim, eles pediram que eu ficasse no hotel, iam me pagar uma pensão, mas eu não quis.
Gaspar: - Devia ter aceito.
Peter: - Eu estava muito confuso com toda essa história de sua morte. O que aconteceu afinal? Você forjou isso tudo?
Gaspar: - Não, eles fizeram isso.
Samuel: - Quanto tempo ainda temos?
Gaspar: - Eles seguiram vocês?
Samuel: - Não.
Gaspar: - Tem certeza?
Samuel: - Não, eles são bons. E somos só civis.
Gaspar: - Não são mais, duvido que ainda tenham suas identidades.
Samuel: - Faz tempo que não tenho mais.
Gaspar pergunta voltando-se a Peter: - A quanto tempo eles entraram em contato contigo?
Peter: - Três dias.
Gaspar: - Nenhum de seus documentos vale alguma coisa agora. Carteira de identidade, de habilitação... Nada.
Samuel: - Temos pouco tempo, há algo que possa dizer que vá nos ajudar?
Gaspar: - Infelizmente não. Tem vezes que nem me lembro porque estou fugindo. Eu me mantive nas sombras por um longo tempo, mas quando procurei por ti Peter, acabei me metendo nessa confusão. Mas como já havia dito naquelas cartas tem algumas pessoas que fogem como nós. Cedo ou tarde nós trombamos com elas da mesma maneira que encontrei vocês. A idéia é que nunca abaixemos a cabeça, se nós continuarmos lutando os resultados tem que aparecer cedo ou tarde.
Samuel: - Não estou certo de que tenho alguma chance. Fiz uma escolha no passado.
Gaspar: - Ao que te referes?
Samuel: - Fiz um acordo.
Gaspar: - Fizeste um acordo com eles?
Samuel: - Não, fiz um acordo em um de meus sonhos, com os outros que não caminham mais entre nós.
Gaspar o olha assustado...
Samuel: - Quem é Dyana? Como a conheceu?
Gaspar: - Dyana é uma ocultista, não sei quantos anos tem ou seu nome verdadeiro. Só sei que ela é uma demonóloga. Na verdade ela uma lenda no submundo ocultista.
Samuel: - Como sabe que falamos com ela?
Gaspar: - Como todo mundo ela deixa rastros.
Samuel: - Quando falamos com ela, parecia que estávamos em outra realidade. Não sei onde estávamos mas não era nesse mundo.
Gaspar esboça um sorriso sincero e diz: - Claro, há anos venho tentando explicar essa teoria, os planos paralelos. Pode ter certeza que eu sou o homem que mais acredita em vocês.
Samuel: - É tudo verdade então? Cheguei a pensar que fosse loucura de nossas mentes.
Gaspar: - É tudo verdade!
Samuel: - Mas o que é essa realidade?
Gaspar: - Eu não sei! Daria tudo para ter essa experiência de ver outros planos. Mas você verá com os anos a ciência não poderá negar essa teoria que eu e muitos cientistas defendemos. Você entende algo de física?
Samuel: - Não.
Gaspar: - Está tudo ligado aos átomos, nêutrons, elétrons... Aquela teoria de dois corpos não poder ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo está errado! Enfim, não tenho tempo para lhe explicar, embora minha vontade fosse outra.
Samuel: - Dyana, falou sobre uma sobre uma sombra, uma sombra dentro de nós.
Gaspar caminha até a janela e interrompe Samuel: - Tem certeza de que não foram seguidos? Tinha alguém dentro do prédio?
Samuel: - Tinha um homem, estava fumando um baseado.
Gaspar: - Tem certeza de que era um drogado?
Samuel: - Não.
Gaspar: - Esse lugar não é mais seguro, devemos ser breves.
Samuel: - Sabe algo sobre Flauros?
Gaspar: - Já ouvi falar, mas o que tem?
Samuel: - Dyana disse que nós éramos Faluros, Joseph, Liana e Eu. E que ainda havia uma quarta parte dele.
Gaspar olha para Peter como se já soubesse seu destino.
Samuel: - Ela disse que iríamos encontrar essa quarta parte. Achamos que era você.
Gaspar: - Vou ser franco contigo, desde que me disse do outro lado desse mundo fiquei preocupado, afaste-se dele, as coisas não acontecem por acaso, eu não morri em um acidente de carro, mas poderia ter morrido.
Samuel: - Bom você sabe quem são eles afinal? São do FBI? O que são eles afinal?
Gaspar: - Oficialmente pouco se sabe, mas existe a agencia federal 1368 que fora fechada há algum tempo, ela procurava manter a “ordem” nesse nosso meio. Mas não são só eles, já deve ter ouvido falar de uma divisão chamada Majestic 12 ou MJ 12. Quando as coisas engrossam, eles tomam a cena. O governo nega sua existência mas documentos com esse nome já vazaram é impossível negar agora.
Samuel: - Já ouvi falar, mas não achei que eles existissem. São eles que estão atrás de nós?
Gaspar: - Talvez eles e mais gente ainda, eu não sei Samuel.
Samuel: - Eu preciso encontrar Gabriela. Gabriela Mendes.
Gaspar: - Gabriela Mendes? Já ouvi falar dela, acho que alguém me falou dela, ela está fugindo também não está?
Samuel: - Eu não sei, eu preciso encontrá-la... Como podemos atacá-los? Revidar toda essa hostilidade?
Gaspar: - É impossível, são muitos os que estão envolvidos, se escolher alguém para atacar não vai fazer diferença no todo. Há muita gente envolvida nisso, a Igreja Católica os Rosacruz...
Samuel: - Os Rosacruz fazem parte da Tríade não é?
Gaspar: - A Tríade não existe.
Samuel: - Já existiu?
Gaspar: - Nunca existiu, faz parte do jogo, dar informações erradas, fazer você andar em círculos. É isso o que eles querem!
Samuel: - Maldição!
Gaspar: - Você acompanhou as ultimas eleições. Sabe que George W. Bush faz parte de uma organização secreta não sabe?
Samuel: - Sei, ele é membro da Skull and Bones.
Gaspar: - Então, para você ver como as coisas estão complicadas.
Samuel: - Já ouviu falar em Nyarlatotep?
Gaspar: - Sim, li alguma coisa em meus estudos sobre os demônios.
Samuel: - Encontramos um livro com esse nome em Boxford, o mesmo lugar onde encontramos Dyana... Acho que a solução é fugir mesmo.
Gaspar: - Fugir não. Lutar.
Blam!! Um estrondo vem da direção a porta que acabara de ser arrombada! Todos voltam seus olhares para um homem branco, alto, bem vestido que aponta uma pistola com silenciador para os três! A arma aponta para Samuel que dá um passo rápido para lado enquanto ele puxa o gatilho. Tuff! O som do disparo suprimido pelo silenciador não passa de um susto! O tiro não acertou Samuel, que em um movimento rápido arremessa seu florete contra o homem. A espada curta salta de sua mão como um dardo e acerta em cheio a parede ao lado do homem. Peter saca a arma, bastante desajeitado aponta e puxa o gatilho três vezes, porém em vão, os três disparos ecoam pelo prédio e acertam a parede atrás do homem. Gaspar se abaixa para evitar os disparos e quando o homem aponta a arma para Gaspar Peter salta sobre o homem para derrubá-lo. Ele e o homem caem no chão, a arma do homem cai e se arrasta pelo corredor do prédio, Samuel corre e junta sua espada enquanto Peter tenta mantê-lo no chão. Gaspar sai pela porta e grita: “- Vamos sair daqui antes que seja tarde!”. Assim que Samuel recolhe sua espada ele chuta a pistola para longe do alcance. O homem consegue tirar Peter de cima dele mas depara-se com a espada de Samuel encostada em seu pescoço. Ele não diz nada e Peter começa a revistá-lo, ele pega sua carteira e uma arma reserva que estava presa a sua perna. Samuel concentra-se em mantê-lo dominado mas Samuel está nervoso e o homem percebe sua mão tremula, com um movimento rápido ele agarra o braço de Samuel e tira a mira da espada de seu pescoço! Peter ergue as mãos com a pistola e bate com a coronha da arma com toda sua força na cabeça do homem! Sua cabeça começa a sangrar, ele leva às mãos a testa, Samuel sobe em cima do homem e começa a dar socos desesperadamente. Mas o homem é forte e Samuel começa a perder o fôlego. O homem ainda está tentando se defender, Samuel estica o braço com a espada em punho e a enterra no ombro do homem! Peter pega a pistola com o silenciador e a dispara! O tiro acerta em cheio o peito do homem que fica deitado inconsciente!
Peter olha para trás, o homem que estava sentado nas escadas do prédio fumando parece ter visto tudo e assim que Peter o olha ele desce correndo!
Samuel: - Vamos sair daqui!
Peter e Samuel caminham apressadamente em direção as escadas e quando começam a descer por elas escutam o som de sirenes da policia em frente ao prédio. Ao olhar para o vão das escadas enxergam três homens que sobem as escadas correndo! Samuel e Peter correm até a janela do corredor onde há escadas de emergência do lado de fora. Os dois correm contra o tempo, a janela que leva as escadas está emperrada, Samuel e Peter fazem força para abri-la enquanto escutam os passos que sobem as escadas correndo! O desespero toma conta até que com uma ajuda divina consegue abrir a janela! Eles saltam a janela e descem as escadas até chegarem no primeiro andar. Lá correm para a rua oposta a da entrada do prédio e aos poucos vão se afastando até que param em um beco para descansarem. Samuel joga a mochila no chão e senta sobre ela. Peter ofegante olha para o chão quase sem ar, e os dois permanecem ali alguns minutos. Assim que adrenalina passa Samuel verifica a carteira do homem, nela há uma carteira de identificação com a insígnia da CIA a foto e o nome de Fred Malcon. Ele dá uma olhada na arma que pegou e diz:
- Vamos esperar um pouco, pegar o carro e procurar um hotel para passar a noite.
Peter concorda e depois de um tempo os dois voltam para frente do prédio, não há ninguém lá, é como se nada tivesse acontecido. Peter fica ao volante enquanto Samuel indica o caminho para uma zona remota da cidade.



O DEPOSITO ABANDONADO ONDE PETER FOI INTERROGADO


O INTERIOR DO PRÉDIO ABANDONADO ONDE O ENCONTRO FOI MARCADO



GASPAR

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