BEM VINDOS

Somos um grupo de RPG que está jogando uma campanha há 11 anos, o sistema de regras que uso é de criação minha e devido ao gênero de jogo a batizei de HORROR. Em todo esse tempo dentro do jogo aconteceram muitas coisas que gostaríamos de imortalizar e a melhor maneira que encontramos para fazer isso foi tranformar o jogo em uma história dinâmica. A história que começa nesse espaço é o inicio do quarto ano que começamos em 2007, a cada sessão de jogo transcrevemos todo o acontecido em forma de história para gravarmos em nossas memórias a angustia vivida pelas almas de cada um e compartilharmos com aqueles que apreciam o gênero. Ao lado direito da página na seção "cada dia uma angústia" a história começa no dia 23/09/2005.

sábado, 7 de julho de 2007

27/09/2005 - TERÇA FEIRA

INVESTIGANDO 04:56 PM
São perto das cinco horas da tarde quando todos acordam, um a um vão tomando banho em um velho e sujo banheiro que há no andar. Depois que todos estão juntos e com as forças retomadas conversam para decidir o que farão no dia de hoje.
Samuel:
-Precisamos descobrir quem é Frank.
Liana:
-Podemos ver se não há ficha policial em nome de Arnold? É esse o nome, não?!
Samuel:
-Sim Arnold Adams é seu nome.
Liana:
-Você não está falando sério, está?
Samuel:
-Sim. Mas por quê?
Liana:
-Arnold Adams é o nome do meu noivo que morreu em Boston!
Joseph:
-E você ainda acreditava nele!
Liana:
-Ele morreu! Eu vi ele morrer! Ele morreu bem na minha frente!
Samuel:
-Preciso de Internet, lá eu consigo ver o que está acontecendo.
Liana:
-No quarto não há telefone, mas vi no balcão lá em baixo uma linha, podemos pedir para o cara que atende.
Todos concordam com a idéia, mas somente depois de comerem algo. Joseph sai do hotel em busca de algum lugar para comprar comida, alguns minutos vagando pela cidade e ele encontra um pequeno mercado que parece vender alimentos, entra e uma velha senhora o atende:
-O que você quer?
-Quero aquele pão grande ali, um pote de manteiga e aquela caixa de leite. Responde.
-São nove dólares.
Joseph lhe entrega o dinheiro e a mulher pergunta:
-Você está hospedado no hotel?
-Sim, por quê?
-Por nada...por nada...
-Senhora me diga o que sabe sobre o hotel, sim?! Todos por aqui falam dele! Indaga Joseph.
-É melhor que não você saiba meu filho. Tem coisas que é melhor ficar sem saber...
-Eu insisto, isso é muito importante pra mim! Insiste Joseph.
-Bom meu filho, o problema é que aqueles que dormem no hotel somem! Fala a mulher.
-Somem??? Pergunta Joseph espantado.
-Sim! Responde ela.
-Mas o que há nessa cidade? Com as pessoas? Com tudo? Pergunta Joseph confuso.
-Filho, houve uma época em que nossa cidade sofreu muito, o solo não dava frutos, as pessoas estavam sempre adoecidas, até que as pessoas daqui fizerem alguma coisa que mudou tudo! Agora todos estão felizes e nossa cidade é prospera. Responde a mulher.
Joseph agradece a “aula” de história e volta para o hotel.
Após Joseph narrar o ocorrido no mercado, Samuel pega o notebook que ficara carregando durante a noite toda e desce até o balcão com Liana e Joseph. Chegando no balcão a mesma figura estranha e sinistra está lá, aparentemente lendo a mesma edição do jornal que lera ontem. Samuel o aborda:
-Senhor, preciso da sua linha telefônica para acessar a Internet. Quanto me cobra por alguns minutos?
O homem retira bruscamente o fio do aparelho telefônico e entrega na mão de Samuel respondendo:
-Dez dólares a hora.
Samuel conecta seu computador a Web e faz uma busca no departamento de trânsito pelo nome de Arnold Adams, Samuel usa o mesmo método para a quebra de senhas e de acesso ao banco de dados, em poucos minutos ele consegue acessar os dados e localizar Arnold Adams, a carteira de habilitação está ativa e a foto é a do antigo noivo de Liana como ela mesma confirma. Samuel agora busca no site de telefonia fixa pelo nome do cadastro da última ligação recebida no telefone celular de Arnold. Em poucos segundos a página do navegador mostra na tela o endereço de Frank Ghuter, adivinhem só, em Boxford. Samuel desliga seu computador e o grupo sai do hotel.
Ao sair na rua uma breve dose de esperança é posta sobre cada um, os raios de sol que se esforçam para vencer as pesadas nuvens cinzentas em um crepúsculo do entardecer iluminam uma cidade que parece estar morta há muito tempo. Liana, Joseph e Samuel saem do hotel caminhando lado a lado, os três param alguns metros à frente do hotel olhando para o horizonte sem vida quando Samuel pergunta:
-Vamos à casa de Frank?
-Já está quase anoitecendo, é melhor irmos logo, gostaria de voltar ao hotel a tempo de conseguir chegar antes de fechar. Fala Joseph.
-Gostaria? Tem certeza? Pergunta Liana.
O silêncio de responde a sua pergunta e todos vão se movendo a procura da rua que Joseph tinha anotado em um pequeno pedaço de papel que pegara na recepção. Quase uma hora procurando até que encontram a rua e a casa de Frank. Já é noite, a casa de madeira tem sua porta iluminada por duas lâmpadas, as cortinas fechadas não ocultam a presença de alguém que se projeta uma sombra pela iluminação interna. Joseph toma a frente e bate na porta, alguns segundos depois uma menina branca de cabelos negros e roupas claras que deveria contar uns oito ou nove anos abre a porta e pergunta:
-Sim?
-Seu pai está? Pergunta Joseph.
-Tá sim. Podem entrar que eu vou chamar ele! Responde a menininha.
A casa é aconchegante, logo a frente há uma escada que sobe, a direita uma porta e a esquerda um corredor que permite avistar a cozinha em outro dos cômodos. Perto da porta de entrada alguns enfeites e fotos, Joseph se abaixa e observa as fotos, nelas quase todas são de um homem, uma mulher e a garotinha. Provavelmente Frank, sua esposa e sua filha. A garotinha retorna e diz:
-Meu pai já vai vir. Gosta de desenhar? Olha o desenho que eu fiz!
A garotinha mostra uma folha de papel com alguns traços coloridos para Joseph que mostra um suave sorriso e observa um desenho que parece representar duas pessoas, uma ao lado de uma cama e outra em cima dela.Joseph pergunta:
-E sua mãe está?
-Sim. Está lá em cima, mas meu pai não quer ninguém incomodando-a por que ela está doente. Reponde a garotinha.
-O que ela tem? Pergunta Joseph.
-Não sei, meu pai não quer que eu a veja por que disse que pode ser contagioso. Responde a garotinha.
Logo surge um homem magro, por volta de 50 anos, branco, calvo, de óculos e bem arrumado. O homem mostra uma expressão de surpresa ao olhar para cada um e pergunta:
-Sim, em que eu posso ajudar?
-Você conhece Arnold? Pergunta Joseph.
-Sim, por que pergunta? Indaga Frank.
-Você sabe porque ele está sumido? Samuel o questiona.
-Mas quem são vocês afinal? Nem os conheço! Por favor, façam o favor de se retirar de minha casa!
-Senhor, não queremos confusão só estamos ajudando a encontrar Arnold. Joseph fala.
-Ajudar quem? Quem pediu para que vocês o procurem? Pergunta Frank já com quase nenhuma paciência.
-Sabemos que você foi o último que ligou para ele. Diz Samuel.
O homem manda a garotinha ir para seu quarto e diz:
-Tudo bem, o que vocês querem afinal?
-Respostas. Responde Samuel.
Joseph tira o gravador do bolso e aperta o play para que Frank escute. Frank escuta a gravação: - “não sei o que esta acontecendo, meu Deus o que eu foi que eu fiz? Está tudo errado! E a fé? O que eu é a fé afinal, dizem que a fé é crer em algo que não se vê, mas eu vi, meu deus eu vi! Se eu vi então não é mais fé?... Alô Frank?”.
-Arnold estava louco! Ele me ligou várias vezes pedindo ajuda, ele estava confuso e não tinha ninguém para ajudá-lo. Ele dizia que estava vendo demônios e essas bobagens!
Joseph olha no fundo dos olhos de Frank, ele observara as mãos e o globo ocular de Frank, sabia quando alguém estava mentindo. Samuel, Joseph e Liana trocam olhares sem saber o que perguntar para o homem, nesse momento palmas soam do lado de fora, Frank diz que irá voltar dentro de um instante e sai da casa. Samuel observa pela fresta da cortina da janela. Não queria acreditar no que estava vendo:Frank vai de encontro ao dono do hotel! Samuel observa que o homem do hotel se esforça em saber quem está dentro da casa, ele se esquiva para não ser visto enquanto olha Joseph subir as escadas.
Joseph chega ao andar superior, no corredor que se estende da esquerda para a direita e bem a sua frente avista uma janela de vidro ao final, ao longo do corredor há quatro portas, mas uma chama atenção de Joseph. Ao caminhar lentamente em direção a porta vê que a mesma está bloqueada com várias tábuas pregadas, impedindo que seja aberta e há uma espécie de passagem adaptada próxima ao chão, como se fosse para passar objetos. Joseph não vê luz na fresta da porta e coloca o ouvido sobre a madeira fria. Nenhum som... Blam! Um estrondo na porta! O coração de Joseph dispara! Blam! Mais um estrondo! Alguma coisa está batendo de dentro para fora, mas ele não quer colocar tudo a perder, é melhor descer e tentar arrancar mais alguma coisa de Frank! Joseph desce as escadas em passos rápidos, quando escuta um último estrondo mais forte acompanhado pelo barulho de vidro despedaçado caindo ao chão! Joseph não calcula o perigo e sobe as escadas para ver o que acontecera! Ao voltar para o pavimento vê a porta despedaçada e a janela do corredor quebrada! Joseph corre em direção a janela!
No andar inferior Samuel e Liana escutam um estrondo vindo do andar superior! Samuel corre em direção as escadas quando a porta da casa é aberta por Frank. Ele olha para Samuel e grita:
-Não era para ter subido até lá! Não era para ter ido lá!
Frank está desesperado e confuso, sua filha surge na sala e observa tudo. Frank sobe as escadas enquanto Samuel observa o dono do hotel correndo, indo provavelmente em direção ao hotel. Samuel fica apreensivo, em sua mente não sabe o que deve pensar, o que aconteceu afinal? Pensa ele.
Liana e Samuel aguardam alguns instantes por Frank até que vêem luzes pela janela, Samuel se aproxima para enxergar melhor e vê uma viatura da polícia. Frank desce as escadas correndo e diz:
-Se escondam, vocês querem respostas? Vão encontrar elas na minha loja de roupas! É o fim da linha pra mim!
Samuel corre para trás de um armário na sala, Liana entra no banheiro e tranca-se. Em poucos instantes escutam o barulho da porta se abrindo e o diálogo entre o policial e Frank:
-Não, não deixei não! Retruca Frank.
-Você e sua filha vão vir agora, chegou à hora! Fala o policial.
-Não vai acontecer o mesmo com ela, não nos leve!
As vozes vão se distanciando até que o distante som do motor da viatura policial é inaudível.

A BUSCA PELO DESCONHECIDO 08:

Joseph sai pela janela quebrada do corredor, ao chegar no telhado da casa vê a estranha silhueta de uma criatura aparentemente quadrúpede sobre o telhado à três casas de distância. Ele fica sem saber o que fazer, olha para baixo, respira fundo buscando coragem e pula do telhado da casa.Seu bom condicionamento físico absorve bem o impacto, ele rapidamente se ergue e corre tentando prever onde aquela coisa horrenda estaria indo! Joseph corre por quase trinta minutos até o limite da cidade, já exausto, ele chuta o chão irritado consigo mesmo, tanto esforço por nada! Mas por um minuto seus olhos encontram pela grama úmida algo que parece ser pegadas (seria uma pista?seriam essas pegadas humanóides ou do monstro?), ele as segue até que árvores e arbustos que encobrem o chão, se abaixa e com sua mão ele mede a pegada no chão, pelo tamanho e formato é impossível detectar o que poderá ser aquilo, mas as pegadas estavam descalças e o ser pesava mais de 90 quilos. Já sem ter o que fazer e muito distante da cidade Joseph decide voltar até a casa de Frank.
Samuel e Liana vasculham a casa a procura do possível endereço da loja de Frank, Liana procura na mesa que apóia o telefone, na única gaveta da mesa ela encontra uma conta telefônica com outro endereço no nome de Frank, ela pega a conta e a guarda em seu bolso. Liana anda com sua cadeira até uma porta e ao abri-la julga ser o quarto do casal. Ao vasculhar o quarto encontra uma pasta com documentos dentro do guarda-roupa, em outra porta de dentro da casa ela encontra uma passagem para a garagem com um carro dentro.
Samuel sobe as escadas em direção ao barulho que ouvira, chegando no corredor ele vê a janela quebrada e a porta em pedaços. Continua vasculhando e vai até o quarto, caminhando um tanto receoso, ao olhar para dentro vê a única janela lacrada por tábuas e panos, o cheiro de urina e fezes é horrível, pelo chão do quarto há fezes e ossos pelo chão, rente as paredes há muitas velas, pensa que como o lugar não tem lâmpada essa deveria ser a única iluminação. Sai do quarto e ao verificar a janela imagina que Joseph deve ter corrido atrás de seja lá o que for a coisa que tenha saído. Samuel decide procurar no andar de baixo, ele entra na cozinha e encontra um curioso bilhete escrito a caneta em uma folha de papel comum preso a um imã na geladeira: - “Parabéns querida, hoje é um dia muito especial!”. Ele guarda o bilhete no bolso, é quando escuta um barulho na porta, ao correr em sua direção encontra Joseph entrando na casa, suado e com os pés cheios de barro.
Joseph conta o que acontecera a Samuel enquanto Liana chega com a pasta de documentos em mãos. Enquanto cada um conta o que encontrou Liana pede para ver o quarto do andar de cima, Samuel e Joseph sobem a cadeira de rodas com Liana em cima. Todos vão até o quarto e começam procurar por alguma coisa que seja relevante os olhos de Joseph encontram em meio a sujeira na parede marcas de unhas...ou seriam garras...as marcas não são uniformes e pelo tamanho que estão variam podem não ser da mesma criatura ou pessoa. Samuel senta sobre seus calcanhares enquanto observa os ossos no chão e olhando de perto fica aliviado em confirmar suas expectativas de que fossem de frangos e gado. Alguns minutos procurando por algo mais que tenha passado desapercebido e nada, o grupo então decide descer até o andar inferior. Joseph passa a procurar pelas chaves da casa, não demora e encontrar um grande molho de chaves pendurado atrás da porta da cozinha. Todos decidem ir imediatamente para a loja de roupas de Frank, alguma das chaves deve servir.

A LOJA DE ROUPAS 07:32 PM

Após uma longa caminhada o grupo encontra a loja de roupas de Frank, fica em uma zona um tanto isolada da cidade, mas a aparência da loja é boa e na vitrine estão expostas roupas como ternos e camisas sociais, preenchendo todo o espaço. Samuel testa chave por chave até que uma abre a grade da loja, um a um os três entram na loja e fecham por dentro. A loja de roupas é pequena, Samuel fala para Liana e Joseph não ascenderem a luz para que não chamem a atenção do lado de fora. Há varais com roupas a venda pelas paredes, no centro existem alguns manequins e vestidos. Passando pelos manequins há um balcão ao fundo com um computador e atrás dele uma porta. Samuel vai até o computador e o liga, enquanto isso Liana e Joseph abrem a porta atrás do balcão.
As mãos sujas de Joseph tateiam a parede em busca de um interruptor, seus dedos alcançam alguma coisa: o interruptor é ligado! Parece que o lugar é um pequeno depósito, pois caixas de papelão e roupas dentro de sacos se entulham pelos cantos. Liana se pergunta: que resposta ela poderia encontrar aqui! Samuel entra no depósito e diz que não encontrara nada de útil no computador. Todos começam a rasgar as caixas de papelão a procura de alguma coisa, até que Samuel diz:
-Olhem o que eu encontrei!
Atrás de uma pilha de caixas há um cofre embutido na parede, é um cofre antigo, mas todos acreditam que suas respostas estão ali! Joseph pergunta a Liana:
-Está com aquela pasta de documentos que encontrou?
-Sim. Ela responde.
-Vamos começar tentando com as datas de nascimento, primeiro da esquerda para a direita depois vice-versa.
Enquanto Liana lê as principais datas, como a de casamento, aniversário de Frank etc. Joseph vai tentando um a um até que com a data de aniversario da filha de Frank o cofre abre! Dentro do cofre há um livro e um envelope. Joseph pega o livro, se trata de uma velha encadernação de algo impresso em casa ou em alguma gráfica não muito boa. Não há nada escrito na capa, mas ao virar a primeira página está centralizada uma única palavra na folha “NYARLATHOTEP”. Joseph tem a impressão de que já ouvira falar disso, mas quanto a Liana e Samuel, bem, nada lhes ocorre. Ao virar das páginas Joseph passa os olhos por um breve texto que parece explicar do que se trata o livro, Nyarlathotep é uma divindade que já esteve entre os homens e etc. Joseph não perde muito tempo e ao virar o restante das páginas vê que o livro não está em nenhuma língua conhecida por ele. Ao estender a mão empunhando o livro Samuel o folheia e diz que das 200 páginas que ele contém cerca de 180 estão em grego. Enquanto Samuel tenta entender o livro Joseph abre o envelope que estava dentro do cofre, nele há 1300 dólares em dinheiro. Enquanto Joseph conta as notas de dinheiro Samuel o interrompe:
-Cara, olha o que eu encontrei!
Samuel mostra a última página do livro, nela há três nomes escritos: Arnold, Kevin e Jordan. Ao lado de cada nome há um número de telefone e embaixo de todos os nomes está escrito: “Círculo Interno”. Aquilo intriga profundamente Samuel, porque em todos os anos estudando filosofia da religião e mitos gregos ele nunca ouvira falar desse nome? Liana sugere ir ao hotel, afinal já está ficando tarde e assim já aproveitam para interrogar o dono do hotel e descobrir o que acontece com os que dormem lá.
Na noite fria de Boxford o grupo sai da loja de roupas de Frank em direção ao hotel, o relógio já marca 9:56 e todos se apressam para não ter que ficar mais uma noite na rua. Ao chegar no hotel a porta já está fechando, Joseph corre até lá. Um jovem estava fechando a porta quando Joseph chega e pergunta:
-Onde está o dono do hotel?
-Quem, Arnold? Ele está ocupado, eu fiquei de fechar o hotel pra ele. Vocês são os hóspedes que estão aqui? Responde o rapaz.
Ao ouvir o nome Arnold sair dos lábios daquele jovem homem um imenso quebra cabeça se mostra para eles.
-Sim, somos os hóspedes. Pode nos ajudar a subir a moça até o quarto? Pergunta Samuel.
-Claro. Responde o rapaz.
O grupo é levado até o quarto, o rapaz identifica-se como Brian, e deseja uma boa noite de sono. Ao sair Brian tranca a porta que separa o mezanino que leva do hall hotel aos quartos. Joseph, Liana e Samuel se acomodam. Samuel traz o colchão do quarto em anexo para o lado da cama de Liana. Joseph fica pensativo andando de um lado para o outro enquanto sua mente passeia pelos piores pesadelos vividos, uma pitada de instinto diz que hoje haverá mais um pesadelo para sua lista. Liana diz que agora é um ótimo momento para pegar Arnold e o interrogar - chegou a hora das respostas! O que foi afinal que trouxe os três até esta cidade infernal? Samuel, que estava deitado sobre o colchão, levanta-se e abre a porta do quarto em direção do hall do hotel. Liana e Joseph o seguem. Quando Samuel chega até a porta trancada ele volta até o quarto para usar suas ferramentas. Joseph e Liana o aguardam, quando retorna Samuel espia pelo buraco da fechadura, ao não perceber movimento se tranqüiliza e pensa que uma fechadura antiga como essa pode ter sua chave substituída por quase qualquer coisa que caiba no lugar. Samuel usa uma de suas chaves de fenda e torce dentro da fechadura, ao abri-la ele e Joseph descem Liana pelas escadas até o balcão, mas o encontram abandonado. Atrás do balcão a velha porta que está sempre fechada, na imaginação de cada um mil coisas podem estar atrás daquela porta. Samuel levanta a cancela do balcão e vai até a porta, ao testar a maçaneta diz:
-Está trancada.
-Trouxe as ferramentas? Pergunta Joseph.
-Trouxe, mas esta fechadura é diferente, não vamos conseguir abrir com essas ferramentas. Responde Samuel.
Joseph caminha até a porta e ao olhar para a fechadura confirma o que Samuel disse: é realmente difícil abrir essa porta com ferramentas comuns. Mas Joseph prefere tentar mesmo assim. Suas duas mãos se mantêm firmes como as de um cirurgião, o tilintar do arame aos mecanismos com molar da fechadura o desafiam, mas Joseph está acostumado com isso, mesmo sem saber porquê. Sua testa verte o suor de seu trabalho investido contra a porta, eles já estão a mais de vinte minutos e nada de abrir. Samuel acha que as ferramentas são grandes demais para aquele tipo de serviço, ele procura embaixo do balcão algum clipe e ao encontrar continua tentando. Mais dez minutos se passam e Joseph está quase conseguindo, seu corpo quer desistir, mas seu espírito não. Com um toque sutil e muita agilidade Joseph consegue destrancar a porta! Todos estavam nervosos e sorriem junto a Joseph quando ele consegue o feito. Ele gira a maçaneta de metal e empurra a pesada porta.
Ao passar pela porta um corredor se estende logo à frente, à esquerda uma divisória com base de madeira e a parte superior em vidro fosco, à direita a parede e ao fundo o corredor vira à esquerda. O lugar é iluminado por fracas lâmpadas incandescentes e o cheiro de morte é nauseante. Ao dobrar o corredor à esquerda notam que ele termina em uma sala com vários arquivos de aço que forram as paredes e ao fundo há uma mesa de escritório completando o cenário. Ao andar lentamente pela sala Liana “caminha” em direção aos arquivos de aço, ao chegar perto vê sangue seco que escorreu pelos cantos das gavetas até o chão. Todos os arquivos que ela passa vão lhe trazendo uma sensação de mal estar. Liana não se contém e abre uma gaveta, dentro há uma cabeça humana já em decomposição, as larvas parecem estar corroendo a alma deste pobre infeliz, o cheiro e a visão aterradora a deixa abalada demais até que vomite. Joseph tenta acalmá-la, mas isso não é muito fácil visto que até mesmo ele se choca com a cena. Samuel caminha até a mesa, sobre ela há um braço humano e um cutelo, a mesa está coberta de sangue, ele desvia seus olhos daquela cena repugnante, diz que é melhor sair, já foi visto tudo o que precisava ser visto!
Ao sair da sala Joseph fecha a porta e caminha até a entrada do hotel, mas como esperava a porta está trancada e além do mais para onde iriam a essa hora? Todos decidem subir ao quarto novamente. Quando todos retornam ao quarto não resta mais o que fazer senão esperar o amanhecer. Joseph prepara uma corda amarrando todos os lençóis que encontra para uma possível fuga pela janela e depois coloca uma cadeira em frente a porta e senta-se nela de modo a bloquear a entrada, Liana e Samuel se deitam enquanto tentam descansar um pouco. As horas passam como se fossem dias e um estranho sono vence a angústia e o pavor que acabara de acometer o grupo, todos acabam dormindo...

PORTA DA CASA DE FRANK

SAMUEL AVISTA O CARRO DA POLICIA EM FRENTE A CASA DE FRANK


A JANELA QUEBRADA NA CASA DE FRANK

OS CORREDORES DO VELHO HOTEL EM BOXFORD

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